Um artista multidisciplinar que explorou diversas linguagens e plataformas: assim foi Vermelho Steam, nome artístico de Cesar de Melo Ferreira, que morreu precocemente por complicações em decorrência da Covid-19. Como uma forma de homenageá-lo e trazer ao público uma produção recente de suas obras, o Centro Cultural São Paulo estreia em 14 de agosto, em parceria com a Galeria Luís Maluf, a exposição “Relíquias” – um recorte inacabado dos trabalhos que Vermelho desenvolvia nos últimos dois anos.
Com curadoria de Luis Maluf e realização da Secretaria Municipal de Cultura, “Relíquias” é um projeto que teve apoio da família do artista, representada por sua mãe, Helena Melo; seu irmão, Marcelo Melo; e primas, além de amigos muito íntimos que estiveram ao lado do artista durante sua vida profissional e íntima, como João Cunha, William Pereira, Jey, Vincent Jean-Baptiste Guilmoto, Enivo e Ana Claudia Quintana, psicóloga e amiga de Vermelho que, além de acompanhar sua produção, escreveu os principais textos a seu respeito. Foram muitas dessas pessoas que tiveram acesso às criações das últimas obras de Steam.
O curador Luis Maluf ressalta que a mostra não tem um caráter retrospectivo, mas sim a função de registrar o último respiro de produção do artista, que se dedicava a uma nova exposição prevista para entrar em cartaz no final do primeiro semestre de 2021. Os materiais de trabalho sobre sua mesa, os cavaletes, a disposição das tintas e pinceis também fazem parte de “Relíquias” como um modo de representar esse fragmento do tempo que parou.
VERMELHO STEAM APRESENTA SÉRIE “RELÍQUIAS” NA LUIS MALUF ART GALLERY
O ambiente expositivo conta também com coleções que estavam sempre à sua vista, expostas na própria casa e que eram parte de suas inspirações e referências. Somam-se ainda à mostra algumas obras de Steam que foram emprestadas por colecionadores e familiares.
“Em um momento marcado pela incerteza, a exposição propõe mostrar a trajetória do artista e olhar para a magia em seus trabalhos. Por meio da construção de universos fantásticos e narrativas misteriosas, Vermelho Steam induz o espectador a um mundo de fábulas, com cenários carregados de detalhes e personagens característicos à sua produção”, comenta Luis Maluf, galerista que representa o artista há sete anos e com quem mantinha um vínculo de amizade.
Com cerca de 40 obras, a exposição revela a força de um pensamento artístico mais acessível defendido por Vermelho, que propunha a conexão com todos, seja nos espaços públicos, nas galerias, museus ou internet. Com uma produção carregada de referências e alegorias, o artista transitava pelo expressionismo alemão, pela estética dos teatros de bonecos do leste europeu do século XX, passando também pelo cinema e animação.
Seu nome artístico, referência à sua cor favorita, também era justificado como a dualidade do sangue e da paixão, do drama e da felicidade – elementos que faziam parte de sua produção artística, como reforça Luis Maluf.
A mostra chega acompanhada por um minidocumentário que será exibido em looping ao longo da exibição, retratando a busca incessante de Vermelho Steam por peças de garimpo, como chaves, selos, relógios, molduras e objetos carregados de história, muito usados pelo artista. Neste material também serão exibidas obras inéditas, guardadas cuidadosamente, como relíquias. “Essa conexão entre a memória e a representação do sentimento é o que traduz o trabalho do artista e convida o interlocutor a adentrar este universo onírico”, completa Luis Maluf.
SERVIÇO
Exposição “Relíquias” – Vermelho Steam
Onde: Centro Cultural São Paulo
Endereço: Rua Vergueiro, 1000, Paraíso – São Paulo
Quando: 14 de agosto a 25 de setembro
Horário: De terça a domingo, das 11h às 18h
Quanto: entrada gratuita
Classificação etária: livre
Informações: (11) 3397-4002
As obras não serão comercializadas