Um mergulho histórico e cultural – assim podemos definir a apresentação do duo Olam Ein Sof nesta última quinta-feira (15), no Festival Pepper Music, no Teatro Paiol Cultural, em São Paulo. Eram duas pessoas no palco, mas a sensação e viagem cronológica que trouxeram ao público foi algo surpreendente – digno de uma orquestra – entre os instrumentos musicais utilizados no show vale destacar – citolas, guittern, rabeca medieval, rabecão, viela de roda (sinfonia), gaita de fole (musa), percussões (pandeiros, adufe, tejoletas, castanholas, tambor, snujs, guizos).
OLAM EIN SOF TRAZ UM MERGULHO HISTÓRICO EM CANÇÕES MEDIEVAIS FRANCESAS NO FESTIVAL PEPPER MUSIC
Com 22 anos de carreira, o duo é formado por Marcelo Miranda e Fernanda Ferretti. O nome cabalístico Olam Ein Sof tem um significado profundo, mas pode ser traduzido literalmente como Mundo Infinito, o que vêm de encontro como a dupla pensa a arte – infinita e transcendente. Com o passar dos anos muitas inspirações e influências vieram da música antiga, contemporânea e étnica – do folk e metal; de diversas mitologias, espiritualidades e do mundo etéreo, ao qual os levam a realizar um trabalho musical de (re)conexão com o universo.
Iniciaram a apresentação com a canção “Beata Viscera”, atribuída a Perotin e Philip the Chancelor, que fala da chegada/nascimento de Jesus e devoção a Virgem. O show foi focado na música dos séculos 12 e 13 dos Troubadours e Trouveres, que foram os trovadores do Sul e Norte da França, que iniciaram esse movimento trovadoresco. Entre as melodias, surgia uma história por trás daquela canção, remetendo a plateia a um período ao qual não vivenciaram – uma verdadeira aula. O show foi encerrado com “Gregis Pastor Titirus”, de autor anônimo do século 12, e fala sobre um grande banquete que o Rei Titirus, rei dos pastores, ofereceu a toda população. O resultado não poderia ser diferente, Olam Ein Sof foi ovacionado pelo público.
Vale destacar que a gaita de fole (musa), que usaram durante a apresentação, foi trazida por Marcelo Miranda durante sua viagem à Espanha, em 2019, seu professor na ocasião lhe disse que na época apenas sete instrumentos foram vendidas e a que usaram no Festival Pepper Music foi a primeira na América.
O duo possui um público fiel, formado por pessoas aficionadas por história em geral e pela própria história da música, em especial fãs de folk music e metal de cultura alternativa. “Penso que um repertório ancestral, de alguma forma atinge todas as pessoas, pois inconscientemente vai atingir algum ponto de sua existência e trazer alguma familiaridade, mesmo que de forma implícita e subjetiva”, finalizam.