Há 22 anos nascia o duo Olam Ein Sof, conhecido por suas canções medievais francesas, liderado por Marcelo Miranda e Fernanda Ferretti, ambos paulistanos, chegam com seu belo repertório no Festival Pepper Music, no Teatro Paiol Cultural, em São Paulo, nesta quinta-feira (15). O casal se conheceu em 1997, na cidade de São Tomé das Letras, em Minas Gerais, mas foi em 2001 que surgiu a ideia de formar uma dupla medieval.
“Cada um de nós desenvolvia o seu próprio trabalho musical, eu atuava na cena metal como compositor, guitarrista e vocalista, e a Fernanda, com formação clássica, estava atuando como cantora e violonista em um grupo de música popular brasileira. Nas minhas bandas de metal, sempre criei algumas partes acústicas nas músicas, então, resolvi desenvolver um novo projeto para expandir essas ideias. Logo, apresentei algumas composições para a Fernanda e juntos iniciamos o duo. Assim a principal proposta foi desenvolver um trabalho autoral, o qual seguimos até hoje, porém com aberturas para projetos de pesquisa de músicas históricas e étnicas”, explica Marcelo sobre a formação da dupla.
O nome cabalístico Olam Ein Sof tem um significado profundo, mas pode ser traduzido literalmente como Mundo Infinito, o que vêm de encontro como a dupla pensa a arte – infinita e transcendente. Com o passar dos anos muitas inspirações e influências vieram da música antiga, contemporânea e étnica – do folk e metal; de diversas mitologias, espiritualidades e do mundo etéreo, ao qual os levam a realizar um trabalho musical de (re)conexão com o universo.
“Quando começamos a aprofundar nossos estudos, tomamos dimensão real do quão extenso é esse período, algo que já sabíamos, afinal são mil anos de história, mas quando começamos a focar, vimos a real profundidade. Não é algo tão simples, embora hoje já tenhamos muita informação, o acesso não é fácil, precisa de muita referência para chegar ao material correto. Hoje somos felizes de termos nos permitido fazer essa imersão, estudos e poder realizar um dos sonhos que tínhamos, que era poder fazer projetos sobre alguns temas específicos da música medieval”, acrescenta Miranda.
Sobre a apresentação no Festival Pepper Music, o duo pontua: “Esperamos que seja um festival com muita qualidade e diversidade cultural, trazendo para o público diferentes manifestações artísticas através da música. Dessa forma, dar oportunidade a todos, de conhecer as diversas tendências musicais que são produzidas atualmente”. O show será focado na música dos séculos 12 e 13 dos Troubadors e Trouveres, que foram os trovadores do Sul e Norte da França, que iniciaram esse movimento trovadoresco.
“Temos já outros projetos específicos em produção e lógico que também, dependendo do evento tocamos de forma mais abrangente. Outra questão é sobre a fantasia que envolve o período e com certeza é muito mais divulgada, o que não temos nada contra, afinal gosto também dos filmes e séries, mas tem que ter discernimento quando você realmente quer buscar a música medieval que existiu e saber da diferença de muitas músicas feitas hoje em dia, que muitos classificam erroneamente como se fosse medieval”, explica Marcelo.
O duo possui um público fiel, formado por pessoas aficionadas por história em geral e pela própria história da música, em especial fãs de folk music e metal de cultura alternativa. “Penso que um repertório ancestral, de alguma forma atinge todas as pessoas, pois inconscientemente vai atingir algum ponto de sua existência e trazer alguma familiaridade, mesmo que de forma implícita e subjetiva”, acrescenta.
“Em 2012 já com o nosso trabalho bem estabelecido, CD’s lançados, realizando bastante shows e viagens, resolvemos criar um projeto para pesquisar profundamente e executar as músicas do período medieval, chamado ‘Cantigas de Reis, Trovadores e Peregrinos’. Então em paralelo ao nosso trabalho autoral, seguimos nos aprofundando, fazendo cursos e continuamos estudando com grupos espanhóis especializados nesse período da história da música, e nos últimos anos temos atuado bastante com esse repertório. O principal desafio é trilhar um caminho totalmente artístico, realizar música autoral distinta, com inspirações diversas, buscando fazer arte sem nenhuma preocupação comercial. É muito satisfatório trilhar um caminho de forma independente e ter conquistas orgânicas, reais e duradouras”, pontua Miranda.
No Brasil, o mercado de canções medievais vem crescendo muito nos últimos anos, por conta de filmes e séries, ou seja, muitos estabelecimentos estão sendo inaugurados com essa proposta temática, mas focados na fantasia da linha cronológica, esquecendo da parte histórica musical – “no que diz respeito à música, para nós, ainda é uma parte muito desconhecida, praticada por poucos, o que temos consciência que não é tão fácil, pois o acesso ao material, realmente demanda muita busca, investigação, o acesso é difícil quando não está imerso e com pessoas que possam te direcionar. Um dos nossos professores, o Dr. Mauricio Molina, diretor do grupo espanhol Medieval Music Besalu, sempre diz que esse é um trabalho de fato de arqueologia musical”, finalizam.
SERVIÇO
Pepper Music – Olam Ein Sof
Onde: Teatro Paiol Cultural
Endereço: Rua Amaral Gurgel, 164, Vila Buarque, Centro – São Paulo
Quando: 15 de junho
Horário: 20h
Quanto: R$ 70 (inteira) R$ 35 (meia)
Classificação etária: livre
Duração: 70 minutos
Informações: (11) 2364-5671
Ingressos: através do site
Estacionamento conveniado com o Teatro Paiol Cultural – Rua Marquês de Itu, 401, Vila Buarque, Centro, São Paulo – Valor único: R$ 20
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