Elis Regina: 70 anos de uma eternidade de vida

Relembre a trajetória da guria, intérprete e sensível artista
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17.03.2015

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Para quem viveu e se lembra, os 33 anos passados da morte de Elis Regina foi como um vulto. Hoje, a maior intérprete que o Brasil já viu completaria 70 anos de talento, musicalidade, poesia e de muita sensibilidade.

Uma septuagenária que se estivesse entre nós, usando um termo criado por Nelson Motta, seria uma Sexytuagenária. Aos 11 anos, em Porto Alegre, a guria já mostrava personalidade quando resolveu se enveredar por aquilo que tinha vocação. E partiu sem medo.

Tempos depois, contratada pela Rádio Gaúcha, deixou o frio dos pampas e partiu para a gravação do primeiro disco. A cidade escolhida fora o Rio de Janeiro, que de temperatura baixa, mesmo, só conhecia as cervejas que já faziam parte do cartão postal do país. Para Elis, conhecer a cidade maravilhosa e ter seu trabalho reconhecido era como um presente. Ali, sob a benção do Cristo Redentor, quem ganhara o presente era o público, felizardo com o nascimento de uma nova estrela. A cidade seria adotada como lar da cantora, tamanha a satisfação.

Da Guanabara, Pimentinha, como era chamada, fez seu quintal e, por lá, gravou mais três discos. Mas Elis não era só do Rio e, sim, do Brasil. Logo adotou São Paulo como habitat, onde encontrou uma efervescência sem igual. Na paulicéia desvairada, desfrutou do sucesso com os espetáculos do chamado Fino da Bossa. Já quase paulistana, chegou-se a casar com Ronado Bôscoli e com ele teve um filho, João Marcelo Bôscoli.

Antes do casamento, em 1965, foi a grande revelação do festival da TV Excelsior em São Paulo, quando cantou Arrastão, música com a qual conquistou o Brasil e, no final da década, se lançou no exterior, conquistando o público europeu e tornando-se a primeira artista a se apresentar duas vezes no mesmo ano no Olympia, a mais antiga e famosa casa de espetáculos de Paris.

Corajosa, Elis se jogou por muitos gêneros musicais, da MPB ao samba, passando pelo jazz, sem se esquecer da bossa nova. Engajada politicamente participou ativamente de movimentos contra a ditadura brasileira. Reconhecimento não faltava, nem para ela muito menos para os amigos. Ao longo da carreira, interpretou canções de artistas, até então, poucos conhecidos, como Milton Nascimento, Ivan Lins, Renato Teixeira, João Bosco e Aldir Blanc.

Quanto às parcerias, algumas são históricas, como os duetos com Jair Rodrigues, Tom Jobim, Simonal, Rita Lee, e César Camargo Mariano, com quem teve mais dois filhos, Pedro Mariano e Maria Rita.

Seu brilho, profundidade e cor, para os críticos, foram mais bem registrados nos álbuns Em pleno Verão (1970), Elis & Tom (1974), Falso Brilhante (1976), Transversal do Tempo (1978), Saudade do Brasil (1980) e, por fim, em Elis (1980).

elis regina e jair rodrigues

Em 1982, chegava ao fim, precocemente, a vida da artista, aos 36 anos de intensa existência. À época, exames comprovaram que ela havia morrido por conta do uso de altas doses de cocaína e bebidas alcoólicas. Um mal que aflige alguns artistas e que, evidentemente, não cabe julgamento.

Atualmente, Elis é lembrada a cada surgimento de alguma estrela qualquer. Com estilo, repertório e arranjos que permanecem e crescem cada vez mais, o amigo da Pimentinha, Nelson Motta, indagou certa vez:

“Já repararam como a cada nova cantora que aparece a Elis canta melhor?”

Há perguntas que nem precisam de respostas.

Por Alisson Matos

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