Mais uma vez em formato remoto, pelo segundo ano consecutivo o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro será apresentado diretamente dos estúdios da TV Cultura, em São Paulo. As jornalistas Adriana Couto e Renata Boldrini comandam a cerimônia, que acontece neste domingo (28), com indicados participando via internet. A 20ª edição do evento começa às 20hs, e a transmissão também poderá ser acompanhada através do site e das redes sociais da emissora. A premiação é organizada pela Academia Brasileira de Cinema e tem os votos de seus membros auditados pela PwC, mesma empresa responsável pela apuração do Oscar.
CONHEÇA E SAIBA COMO ASSISTIR AOS CURTAS INDICADOS AO GP DO CINEMA BRASILEIRO 2021
‘Boca de Ouro’, de Daniel Filho, e ‘Pacarrete’, estreia de Allan Deberton, são os grandes destaques, com 15 indicações cada, incluindo a de melhor filme. A produção de Deberton, no entanto, disputa mais categorias em relação a de Daniel Filho: 14 a 13. Isso porque enquanto ‘Pacarrete’ tem Soia Lira e Zezita Matos competindo em uma mesma categoria (melhor atriz coadjuvante), ‘Boca de Ouro’ traz não só Lorena Comparato e Malu Mader concorrendo ao prêmio de melhor atriz, como também Marcos Palmeira e Silvio Guindane entre os indicados a melhor ator. Guindane, por sinal, tem chances dobradas nesta aqui, pois também está na disputa por ‘A Divisão – O Filme’.
ACADEMIA ANUNCIA DATA E FINALISTAS DO GRANDE PRÊMIO DO CINEMA BRASILEIRO 2021
Mais do que ele, apenas Flavio Bauraqui, que concorre não só ao Grande Otelo de melhor ator (‘Abraço’) como ainda conquistou duas indicações como coadjuvante (‘Macabro’ e Não Vamos Pagar Nada’), repetindo o feito de Otávio Müller, que em 2019 concorreu aos mesmos prêmios por ‘Benzinho’ (ator), ‘O Beijo no Asfalto’ (coadjuvante) e ‘O Paciente’ (coadjuvante). Müller, contudo, não venceu nenhuma delas, mas tem mais uma chance este ano, pois foi indicado como coadjuvante em ‘Três Verões’.
Confira os prognósticos do Portal Pepper para as principais categorias e em quais plataformas digitais os indicados estão disponíveis:
MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO
Com tantas indicações, ‘Boca de Ouro’ e ‘Pacarrete’, ambos disponíveis no Telecine Play, são os naturais favoritos. O primeiro representa a “máquina”: produzido e dirigido no Rio de Janeiro por um dos mais experientes e respeitados profissionais do audiovisual brasileiro, e com elenco recheado de medalhões da teledramaturgia nacional. O segundo é a voz da nova geração de cineastas brasileiros que vão revigorando o sempre produtivo eixo nordestino – este, em particular, vindo do Ceará – com atrizes e atores não menos experientes e talentosos. Ligeiro favoritismo para ‘Pacarrete’, que é o mais premiado dos cinco concorrentes, incluindo passagem arrasadora pelo Festival de Gramado, onde faturou oito Kikitos.
Contudo, se a Academia for ousada o suficiente (não o aparenta), será ‘A Febre’ (Netflix), estreia de Maya Da-Rin na direção, em sua estética apurada e planos cuidadosamente traçados, que triunfará. E com todos os méritos. Protagonizado por um índigena (Regis Myrupu) e premiado internacionalmente, seria histórico. ‘Cidade Pássaro’ (Netflix), de Matias Mariani, é protagonizado por atores nigerianos (Chukwudi Iwuji e O.C. Ukeje) e vai pelo mesmo caminho autoral. Fecha a lista outro representante da “máquina”: ‘A Divisão – O Filme’ (Globoplay/Telecine Play), de Vicente Amorim, versão reduzida da série de mesmo nome, conta até mesmo com os protagonistas de ‘Boca de Ouro’ em seu elenco. Estar aqui, tirando um lugar que poderia ser de ‘Fim de Festa’, ‘M-8’ ou ‘Três Verões’ já é uma façanha tremenda – ou absurdo, como preferir.
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Indicado em outras seis categorias e escolhido melhor documentário do tradicional Festival de Veneza, ‘Babenco – Alguém Tem Que Ouvir o Coração e Dizer: Parou’ (disponível em plataformas de aluguel avulso), estreia da atriz Bárbara Paz como diretora, foi também o filme escolhido pela comissão da Academia para representar o país no último Oscar. Por tudo isso, o tributo a Hector Babenco, morto em 2016, tem grande favoritismo. É acompanhado, contudo, por excelentes concorrentes, em especial ‘Partida’ (Amazon Prime Video), de Caco Ciocler, também estreando na direção, e ‘Fico te Devendo Uma Carta Sobre o Brasil’ (Globoplay), de Carol Benjamin, ambos com forte temática política. Completam os indicados: ‘Dentro da Minha Pele’ (Globoplay), de Toni Venturi e Val Gomes, e ‘Fotografação’ (Tamanduá TV/Curta On), do veterano Lauro Escorel.
MELHOR COMÉDIA
Suas 15 indicações fariam de ‘Pacarrete’ favorito absoluto, acontece que o filme não é exatamente uma comédia, pendendo mais para um drama leve. Se, junto a forma e conteúdo, o quesito risadas ainda for levado em conta, ‘Carlinhos e Carlão’ (Amazon Prime Video), de Pedro Amorim, deve sonhar. Com forte crítica social, ‘Não Vamos Pagar Nada’, de João Fonseca, pode até ter esperanças também, o problema é seu desastroso terceiro ato. Complementam a lista: ‘De Perto Ela Não é Normal’ (Telecine Play), de Cininha De Paula, ‘Os Espetaculares’ (Amazon Prime Video), de André Pellenz, e o pífio ‘No Gogó Do Paulinho’ (Amazon Prime Video), de Roberto Santucci.
MELHOR DIREÇÃO
Geraldo Sarno, por ‘Sertânia’ (disponível em plataformas de aluguel avulso) e Jeferson De, por ‘M-8: Quando a Morte Socorre a Vida’ (Netflix), vêm de vitórias importantes no Festival CineSesc e Associação Paulista dos Críticos de Arte. A força feminina está presente com Ana Luiza Azevedo, de ‘Aos Olhos de Ernesto’ (Telecine Play), e Sandra Kogut, por ‘Três Verões’ (Telecine Play), com as quais o prêmio cairia igualmente bem. Não se pode desprezar, porém, a presença de Daniel Filho, que em sua décima indicação (sexta como diretor) ainda busca seu primeiro Grande Otelo disputado, já que venceu o prêmio como homenageado do ano em 2016 – que nesta edição será entregue a Ruy Guerra. Completa os indicados Vicente Amorim, de ‘A Divisão’.
MELHOR ATRIZ
Colecionando prêmios no Brasil e no exterior por seus papéis em ‘Pacarrete’ e ‘Três Verões’, Marcélia Cartaxo e Regina Casé despontam como favoritas aqui. Marcélia concorre ao Grande Otelo pela quarta vez, tendo vencido em sua primeira indicação, por ‘Madame Satã’, em 2003. Casé, por outro lado, tenta sua terceira vitória em três indicações ao prêmio (seria o nome do filme um prenúncio?), triunfando em 2001, por ‘Eu, Tu, Eles’ e em 2016, por ‘Que Horas Ela Volta?’.
Estão em grande companhia, tendo no páreo nada menos que a atual vencedora, Andrea Beltrão, que levou o Grande Otelo em 2020 por ‘Hebe: A Estrela do Brasil’ e disputa o GP pela 11ª vez por seu desempenho em ‘Verlust’ (disponível em plataformas de aluguel avulso), de Esmir Filho. A categoria conta ainda com Malu Mader (‘Boca de Ouro’), indicada pela segunda vez, 18 anos após concorrer como atriz coadjuvante por ‘O Invasor’, e a luso-brasileira Lorena Comparato, colega de Malu em ‘Boca de Ouro’.
MELHOR ATOR
Arrasador como sempre, Irandhir Santos tem atuação hipnótica no contundente ‘Fim de Festa’ (Telecine Play), de Hilton Lacerda, dando à Academia a chance de reparar a enorme injustiça que é o ator chegar a sua sétima indicação ao prêmio sem ainda ter vencido um Grande Otelo sequer.
A concorrência é grande: aos 87 anos, Rogério Fróes tem performance comovente no ótimo ‘Três Verões’ (Telecine Play), de Sandra Kogut, embora não seja bem o protagonista, com pouquíssimo tempo em cena. A dupla indicação de Silvio Guindane, por ‘Boca de Ouro’ e ‘A Divisão’, o tornam forte concorrente, na teoria, pois na prática isso pode dividir os votos para ele, reduzindo suas chances. Por isso, Marcos Palmeira (‘Boca de Ouro’) parece ser a principal ameaça a Irandhir. A lista é fechada pela questionável indicação de Flávio Bauraqui por ‘Abraço’ (Amazon Prime Video).
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Com sete indicadas em grande nível, é uma categoria um tanto imprevisível. Denise Fraga está radiante em ‘Música Para Morrer de Amor’ (Telecine Play), de Rafael Gomes, em contraste com os gestos precisamente contidos de Soia Lira e Zezita Matos em ‘Pacarrete’. Disputam ainda as convincentes Gisele Fróes (‘Três Verões’) e Hermila Guedes (‘Fim de Festa’), além das veteranas Zezé Motta, pelo intrigante ‘M-8: Quando a Morte Socorre a Vida’ (Netflix), de Jeferson De, e Berta Loran, que por seu papel em ‘Jovens Polacas’ (disponível em plataformas de aluguel avulso), de Alex Levy-Heller, aos 95 anos se torna a indicada de maior idade nesses 20 anos de GP do Cinema Brasileiro.
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Com dupla indicação de Flávio Bauraqui, misterioso em ‘Macabro’ (Telecine Play), de Marcos Prado, e divertido em ‘Não Vamos Pagar Nada’ (Telecine Play), de João Fonseca, a categoria traz ainda indicação póstuma a Flávio Migliaccio, morto em maio de 2020, por ‘Jovens Polacas’. Após tripla indicação em 2019, Otávio Müller tenta seu receber seu primeiro Grande Otelo com ‘Três Verões’, enquanto João Miguel (‘Pacarrete’) busca seu segundo prêmio em sua nona indicação. Sabe-se lá como, Guilherme Fontes (‘Boca de Ouro’) completa a lista de concorrentes.
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Premiado em Gramado e no Festival CineSesc, o roteiro de ‘Pacarrete’, escrito por Allan Deberton, Andre Araujo, Natália Maia e Samuel Brasileiro, surge como favorito, a despeito de grandes concorrentes, como ‘Aos Olhos de Ernesto’ (Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado) e ‘Três Verões’ (Iana Cossoy Paro e Sandra Kogut), além de ‘Babenco’ (Maria Camargo e Bárbara Paz) e ‘Cidade Pássaro’ (Chika Anadu, Francine Barbosa, Maíra Bühler, Matias Mariani, Júlia Murat, Chioma Thompson e Roberto Winter).
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Disputa mais aberta aqui, com os roteiros de ‘Boca de Ouro’ (Euclydes Marinho) e ‘M-8’ (Jeferson De e Felipe Sholl) ligeiramente à frente, com ‘Jovens Polacas’ (Alex Levy-Heller) podendo surpreender. São acompanhados por ‘Osmar, A Primeira Fatia do Pão de Forma’ (Ale McHaddo) e ‘Verlust’ (Esmir Filho e Ismael Caneppele).
A relação completa dos indicados nas 31 categorias, incluindo as quatro dedicadas às séries, pode ser acessada aqui.
20° Grande Prêmio do Cinema Brasileiro – Domingo, 28/11, 20h (ao vivo pela TV Cultura, site e redes sociais da emissora)