DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA: BLACK MONEY E O SEU PAPEL NA LUTA CONTRA O RACISMO

É MUITO IMPORTANTE QUE VOCÊ COMECE A QUESTIONAR ALGUNS COMPORTAMENTOS DA MÍDIA E DA SOCIEDADE
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20.11.2021

Divulgação / MBM

Estou para escrever esse texto há tempos, mas nada como essa data importante para chamar a atenção sobre o racismo velado que ainda corre nas veias de nossa sociedade. Muito mais do que comemorar: 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é uma data que nos convida a refletir sobre muitos dados da (triste e incômoda) realidade de nosso país e sobre as nossas atitudes perante o assunto.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgados em 2020, a população brasileira é composta por 54% de pessoas negras. Porém, apesar de ser a maioria, nosso país é tão desigual que negros, devido ao nosso passado (não tão distante) escravagista, ainda não ocupam proporcionalmente muitos espaços: na Universidade que leciono, por exemplo, noto que em uma sala de 30 a 40 alunos, temos dois ou três pretos, raramente de pele retinta.

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Você já fez esse exercício: ao entrar num shopping, academia, mercado destinado ao público de classe média-alta, quantos negros você vê consumindo e se divertindo, ao invés de estarem trabalhando, servindo ou limpando? Além do mais, segundo o relatório do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, de 2011, 70,8% das pessoas que vivem em extrema pobreza no Brasil são pretas ou pardas, reforçando um pouco o convite que fiz a você para nos atentarmos a essas questões.

Também, notamos essa desigualdade e realidade díspares no mercado de trabalho, pois os negros ainda ocupam cargos de menor renda e, conforme sobe-se de cargo e os níveis estratégicos de uma corporação, encontramos essa pirâmide composta, em sua maioria, por pessoas brancas.

Ainda de acordo com IBGE (2018), 68,6% dos cargos gerenciais são ocupados por brancos e 29,9% são ocupados por pretos ou pardos. Existe também uma alta discrepância salarial: o mestrando em comunicação Alan Soares, em reportagem para Revista Exame, aponta que o rendimento médio mensal de pessoas brancas é de R$2.796, e a renda média mensal de pessoas negras é de R$1.608. Uma diferença gritante de R$1.188.

Outro dado alarmante é o fato de que o Brasil é o país que mais mata jovens pretos no mundo. Segundo o Ministério da Justiça, jovens negros têm 2,5 mais chances de morrer assassinados do que os jovens brancos no país. E se esse preto for LGBTQIA+, as chances de morrer são ainda maiores.

De fato, por ser uma mulher branca no Brasil, eu nunca vou sentir na pele o que é passar por situações racistas, devo assumir também que, por crescer num país tão desigual e cruel com os negros, encontro-me em constante desconstrução. Fiquei me questionando o que, nós, consumidores e cidadãos, podemos fazer para auxiliarmos nossos amigos, pais e parentes nessa luta, que também é nossa. Vou pontuar algumas atitudes simples, que podem fazer a diferença no combate ao racismo, valorizando de verdade as vidas pretas de nosso país, na sequência.

Pratique o Black Money

A primeira delas é observarmos as atitudes de uma empresa que queremos comprar seus produtos/serviços. Vejo muitas marcas fazendo posts belíssimos, exaltando a cultura negra em suas mídias, mas, me questiono: será que isso é suficiente? Muito mais do que bradar aos quatro ventos o “black lives matter”, será que essa marca emprega pessoas pretas? Ou melhor: será que as pessoas pretas compõem cargos de liderança na corporação e recebem salários igualitários? Essa empresa é fundada por uma pessoa preta?

Fiz esse exercício, ao entrar na página de LinkedIn de uma marca de vestuários que errou no começo do ano, por uma conduta racista – a vendedora negra grávida, de uma de suas lojas no Rio de Janeiro, morreu brutalmente assassinada por bala perdida e a loja, para “homenageá-la”, fez um cupom de descontos com seu nome, sem destinar um centavo à família. Meses antes, a marca fez postagens sobre Black Lives Matter. Percebi que no LinkedIn da marca, os (poucos) profissionais pretos que trabalhavam para marca eram da linha de frente, e a liderança só contava com caras brancas. Creio que se a empresa tivesse maior diversidade, esse absurdo não aconteceria com tanta frequência, pois essa mesma marca já errou inúmeras vezes, com gordas, pretas e mulheres fora do padrão impostos pela sociedade.

Será que o atendimento de uma loja a uma pessoa preta é o mesmo oferecido a uma pessoa branca? Será que o segurança dessa loja (que muitas vezes é preto) vai perseguir a pessoa preta que entrou na loja? Ou vai barrá-la na porta giratória, por conta da cor de sua pele?

Será que enquanto líderes e empreendedores, continuaremos com uma retórica bonita e posts imagéticos que enaltecem a conquista ou cultura negra, ou estaremos dispostos a enfrentar o status quo, empregando pretos e os promovendo?

DICA: 5 LIVROS PARA VOCÊ ENTENDER SOBRE O RACISMO NO BRASIL

Logo, surge um conceito muito interessante chamado Black Money (dinheiro preto, na tradução literal), que nos convida a consumirmos de marcas e empresas que vão além de posts em homenagem à consciência negra e que colocam de verdade pessoas pretas no protagonismo, ocupando espaços que devem ocupar, realocando assim a concentração de renda e diminuindo consequentemente as desigualdades, fazendo o dinheiro circular nas mãos de empreendedores e empresas que valorizam realmente o desenvolvimento e dignidade das vidas pretas.

Além do mais, de acordo com Alan Soares, o Black Money também nos convida a impormos mais pressão sobre as empresas à contratação de mais pessoas pretas em todos seus setores, para a diminuição da desigualdade salarial, para a capacitação de colaboradores negros, com o intuito de que eles possam subir de cargo e para a representatividade negra nos discursos da marca.

Vigiar nossas atitudes e falas

O segundo passo é vigiarmos constantemente as nossas falas e atitudes. Minha avó é negra da pele clara e já escutei várias vezes a mesma fazendo uma piadinha muito racista para minha mãe: “seu cabelo é igual a bandido: quando não está preso, está armado”. Com muito amor, já conversei algumas vezes com ela, mas lembre-se: não é do dia para noite que vamos virar super desconstruídos. Imagina o que a minha avó (85 anos) já sofreu na vida, por escutar que seu cabelo crespo era feio e que ela tinha que usá-lo bem curtinho? Fico muito feliz em ver que começamos a valorizar as belezas individuais, saindo aos poucos dos padrões impostos pela sociedade.

Logo, nesse momento de vigilância, devemos criar diálogos com quem reproduz esses discursos que eram normalizados (infelizmente) até pouco tempo atrás e mostrarmos que essas falas são carregadas de racismo (e racismo é crime).

Já escutei também, em um churrasco de família, alguns parentes (pretos de pele clara) falando que para “salvar” o “sangue” da minha família, devíamos escolher homens de pele alva e olhos claros, para termos nossos filhos (meu ouvido sangrou ao escutar isso, mas, por não saber o que falar, calei-me, porém, busquei informação para que isso não ocorresse mais).

Ao consumir conteúdo da Nátaly Neri, do canal no Youtube “Afros e Afins”, conheci um termo denominado colorismo, um tipo de preconceito que tem relação com a tonalidade da pele, onde quanto mais clara é a epiderme, menos preconceito e mais valorizada é a pessoa em nossa sociedade, a qual foi erguida por muito suor, sangue e sofrimento do povo preto. De acordo com a Nátaly, no início do Brasil República, incentivou-se o branqueamento da população, após a vinda dos trabalhadores europeus ao país e a “libertação” dos negros escravizados.

O colorismo é muito mais profundo do que escrevi aqui, e noto que essa ideia estava no discurso dos meus parentes naquele churrasco e ainda (infelizmente) sobrevive até os dias de hoje. Cabe lembrar que o Brasil pós-chegada dos europeus possui 521 anos de História, dentre os quais 300 anos possuíram pessoas escravizadas de pele preta.

Outros termos que precisamos abolir de nosso vocabulário, pois estão cobertos de racismo, de acordo com Stephanie Ribeiro, escrito ao Portal Geledés, são:

Criado-mudo: o nome do móvel vem da época da escravidão no país. Ele lembra o escravo que passava a noite “tomando conta” dos nobres, ao lado da cama, e não podia fazer nenhum barulho, caso contrário, era punido. Substitua a palavra no século XXI por mesa de cabeceira.

Denegrir: significa “tornar negro”, e usamos no contexto de difamar. Substitua a palavra por “difamar”.

Inveja branca: dá a entender que branco é positivo e preto, negativo. Então, não fale isso, para não ser cringe.

A coisa tá preta: se a coisa está “preta”, é porque ela não está agradável? Corta também… termo racista.

Mulata: significa “pequena mula”. Palavra de origem espanhola, feminina de “mulato”, “mulo” (animal híbrido, resultado do cruzamento de cavalo com jumenta ou jumento com égua). As palavras “mulato” e “mulata” foram usadas de forma pejorativa para os filhos mestiços das escravas que coabitaram com os seus senhores brancos e deles tiveram filhos. Usado para mulheres e homens, mas mais comum serem usadas para descrever as mulheres, principalmente quando seguidas pelo termo “tipo exportação”. Aqui o objetivo é “clarear” o negro (olha o colorismo aí). Não existe justificativa para negar que alguém é negro, possivelmente você pode estar incomodado em dizer “negro”, e se está é porque acredita que chamar alguém de negro é ofensivo, sendo assim embranquece a pessoa – transformando-a em “morena” ou “mulata”, e isso é racismo.

Não sou tuas nega: tratava do comportamento para com as mulheres negras escravizadas, assédios e estupros eram recorrentes. A frase deixa explícita que com as negras pode tudo, e com as demais não se pode fazer o mesmo, e no tudo está incluso desfazer, assediar, mal tratar, entre outros.

Da cor do pecado: Geralmente essa expressão é usada como elogio, porém vivemos em uma sociedade pautada na religião, onde pecar não é nada positivo, ser pecador é errado, e ter a sua pele associada ao pecado significa que ela é ruim. Não é uma expressão que remete a um adjetivo positivo, é simplesmente uma ofensa racista mascarada de exaltação à estética e, quase sempre, direcionada a mulheres negras.

Dia de branco: esse termo carrega inconscientemente a ideia de que preto é vagabundo, malandro e tem preguiça de trabalhar.

Feito nas coxas: Essa expressão remete o termo da escravidão, em que pessoas negras escravizadas faziam telhas de argilas em suas coxas e o tamanho e formato variava de pessoa para pessoa, e isso remetia estar mal-feito.

Serviço de preto: você diz que fez as coisas mal-feitas e atribui à raça preta. Corta essa do seu vocabulário.

SOU NEGRO E ATÉ TENHO AMIGOS RACISTAS

Lista negra e Mercado negro: é aquele que promove ações ilegais, e mais uma vez é a palavra negro sendo usada com conotação desfavorável. O negro, na expressão, significa ilícito ou “pessoas que fizeram coisas ruins”.

Nasceu com um pé na cozinha: Expressão que faz associação com as origens, “ter o pé na cozinha” é literalmente ter origens negras. A mulher negra é sempre associada aos serviços domésticos, já que as escravas podiam ficar dentro das casas grandes na parte da cozinha, onde, inclusive, dormiam no chão (sua presença dentro da casa grande facilitava o assédio e estupro por parte dos senhores). Pós-abolição, mulheres pretas continuam sendo estereotipadas como as mulheres da cozinha, já que são maioria nos serviços domésticos, visto todas as políticas que tentaram e tentam barrar a ascensão negra.

“Cabelo ruim”, “Cabelo de Bombril”, “Cabelo duro”: A questão da negação da nossa estética é sempre comum quando vão se referir ao cabelo afro. São falas racistas usadas, principalmente na fase da infância, pelos colegas, porém que se perpetuam em universidades, ambientes de trabalho e até em programas de televisão, com a presença negra aumentando na mídia. Falar mal das características dos cabelos dos negros também é racismo.

Negra “de beleza exótica” ou com “traços finos”: ter “traços finos” e assim poder ser a dona de uma “beleza exótica”. Ser negro e poder ser considerado bonito está relacionado a não ter traços negros, mas sim aqueles próximos ao que a branquitude pauta como belo, que é o padrão de beleza europeu. Termo racista, que, além de tudo, hipersexualiza a mulher negra.

Recentemente, lecionava uma aula sobre Marketing Digital e no meio de uma fala usei um desses termos racistas supracitados (agora, não me recordo se era “a situação está preta”, ou “lista negra”). No mesmo instante, percebi meu erro, afirmei aos alunos que estou em processo de aprendizagem, pedi desculpas e, até o presente momento, não usei mais tais expressões.

Consuma conteúdo de pessoas pretas (e aprenda com elas)

O terceiro passo é consumirmos conteúdo de pessoas pretas e, principalmente aos que trabalham em agência de publicidade gerindo a conta de grandes marcas, contratar pretos influencers e artistas pretos para estrear campanhas de grandes empresas.

Deixo a minha sugestão de alguns influencers, professores e empreendedores que me ensinam muito sobre negritude:

Gabi Oliveira: aborda sobre racismo estrutural, negritude e adoção.

Spartakus Santiago: natural de Salvador, aborda assuntos sobre divas pop, racismo estrutural e o movimento LGBTQIA+.

Nátaly Nery: formada em Ciências Sociais pela USP, fala sobre negritude, racismo estrutural, veganismo e assuntos fundamentais para entender sobre o movimento LGBTQIA+.

Nath Finanças: a carioca de Nova Iguaçu (RJ), ensina sobre finanças pessoais ao público de baixa renda, por meio da sua vivência e experiências. 

Fabio Mariano Borges: Professor PhD em Sociologia e Antropologia do Consumo, que aborda temáticas muito interessantes sobre tendências, consumo, gente e diversidade.

Antônio Isupério: é arquiteto há 16 anos e ativista LGBTQIA+ antirracista desde 2015. Graduado em arquitetura pela Universidade Estadual de Goiás e com MBA em varejo pela FGV-SP, passou por empresas como Carlos Miele/M.Officer, onde foi responsável pela expansão da bandeira premium em todo Brasil. Posteriormente, na Marisa S.A., desenvolveu projetos de Arquitetura e Visual Merchandising, incluindo a autoria do projeto flagship da marca em 2013. Sua pesquisa em Visual Merchandising desenvolvida no Fashion Institute of New York já foi apresentada em diversos eventos de varejo. Atualmente, mora e trabalha em New York e é diretor de relações internacionais do Retail Design Institute. É o responsável pelo projeto de tropicalização da Aeropostale em terras brasileiras. E suas redes sociais sempre denunciam o conteúdo racista e classista de influencers. Amo.

Alexandra Loras: Investidora anjo no Shark Tank Brasil – Autora do programa de capacitação para mulheres subir na alta liderança – Mestra em Gestão de Mídias, Fundadora do Fórum Protagonismo Feminino.

Helena Bertho: Uma líder a ser seguida. Após uma passagem de mais de um ano pela L’Oréal, onde foi responsável pelas áreas de comunicação, sustentabilidade e diversidade, a executiva Helena Bertho assumiu esse mês como head global de D&I (diversidade e inclusão) do Nubank. Na nova função, será responsável por desenvolver uma estratégia de inclusão, alinhada com o atual momento da fintech que vive processo de expansão global e de sua abertura de capital.

Rachel Maia: contabilista e empresária brasileira, atualmente Conselheira Administrativa da VALE, Banco do Brasil, CVC, Grupo Soma e UNICEF. Fundadora e CEO da @RMConsulting, com foco no S (Social) do ESG (Environmental, social and corporate governance). Ex-CEO da Lacoste no Brasil. Maia foi criada na Cidade Dutra, Zona Sul de São Paulo, sendo a caçula de sete filhos em uma família de onze pessoas. Seu pai era um engenheiro de voo da Viação Aérea São Paulo.

Adriana Barbosa: fundadora da Feira Preta, CEO da Preta Hub e vencedora do Troféu Grão do Prêmio Empreendedor Social. Uma das grandes pioneiras no país a dar visibilidade à importância do Black Money.

Sempre se questione… sempre!

Além disso, é muito importante que você comece a questionar alguns comportamentos da mídia e da sociedade: por qual motivo damos mais voz a música de um homem branco, que fala sobre desconstrução de sua masculinidade (Tiago Iorc) e não damos conta que outros artistas negros já falaram sobre o assunto antes, até com maior profundidade.

“APRENDI QUE ERA ERRADO SER SENSÍVEL”, DIZ TIAGO IORC NO SINGLE “MASCULINIDADE”

Baco Exu do Blues, rapper soteropolitano, em seu álbum Bluesman, de 2018, retrata a masculinidade do homem preto de periferia em toda obra, em todas as letras, sendo estudado até pelo Hospital das Clínicas da UNICAMP, mas o mainstream provavelmente não sabe nem quem é ele. Foi eleito o melhor álbum brasileiro de 2018, pela revista Rolling Stones.

Reitero que a culpa não é do Tiago Iorc, que, por ser um homem branco, cis e privilegiado, consegue entrar na casa das pessoas e fazê-las pensar sobre o assunto, embora o debate não ocorra de maneira profunda. Contudo, convido você a descobrir e exaltar outros artistas pretos que retratam sobre a temática com mais profundidade.

Além do mais, há uns três anos, eu assisti a uma reportagem de um programa documental que gosto muito, da maior emissora de TV do país, que abordava a importância dos imigrantes italianos para construção da cidade de São Paulo. Sei que, de fato, eles foram primordiais, mas e os negros escravizados que estavam aqui bem antes e trabalharam servindo homens brancos, no país que mais demorou a abolir a escravidão no mundo? E os trabalhadores nordestinos?

E por que a rapper Karol Conká foi muito mais “apedrejada” ao sair do reality BBB, enquanto Dayane Mello, modelo branca em “A Fazenda”, faz coisas muito piores e nem um terço dos artistas se pronunciam e se indignam tanto, como se indignaram com as atitudes da rapper? É meus amigos: convido-os a estarem com os olhos bem atentos, como diria a influencer preta Senhora Bira.

A mudança parte do nosso conhecimento, enquanto sociedade. Rico Melquiades: nem sempre “a calada vence”: se eu tivesse a mesma ciência sobre o assunto, não me calaria naquele churrasco de família, nem toleraria que parassem a minha mãe toda vez na catraca do banco, depois de um dia de trabalho exaustivo de faxina, ou conversaria com o policial que parou meu carro para saber se estava tudo bem comigo, porque um dos meus melhores amigos (que é preto) estava no banco do carona. Ou quando a polícia me parou, com a desculpa de ver se meu carro estava “ok”, porque minha mãe estava como passageira no meu carro.

Dedico meu texto aos meus amigos Leonardo Oliveira, Thiago Afonso, Alana Ferreira, Prof. Carlos Jonathan, Gabriel Nogueira e Marcelo Gomes, e a minha mãe, Deonice Munis, por terem compartilhado suas dores, me ensinando tanto, sendo resistência no país que, proporcionalmente, é o que mais representa perigo aos pretos no mundo.

Cada catraca travada, abordagem truculenta da polícia, perseguição de segurança em loja, zueira nas escolas, falando do cabelo e da pele, vocês retribuíram sendo exemplo, mostrando que o preto pode estar onde ele quiser, estudando, trabalhando em cargos importantes, amando e consumindo. Nunca vou saber o que é sofrer racismo na pele, mas saibam que estarei junto com vocês nessa luta.

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