Na histórica 60ª edição da São Paulo Fashion Week, Dendezeiro retorna às passarelas para apresentar ‘Brasiliano 3: Lei da Vadiagem’, encerrando a trilogia que consolidou a marca como uma das vozes mais potentes da moda brasileira contemporânea. O desfile aconteceu neste último sábado (18), no Parque Ibirapuera, e marcou um novo momento na trajetória da etiqueta baiana. O desfile reuniu nomes de destaque da moda, da música e das artes.
A coleção parte de uma reflexão sobre os mecanismos de exclusão que moldaram o país. Fundado na tentativa de “não-existência” de grupos considerados minoritários, o Brasil usou a chamada Lei da Vadiagem para criminalizar corpos negros, periféricos e dissidentes. Mesmo após sua revogação, o peso simbólico da lei ainda recai sobre manifestações culturais e expressões populares.

‘Brasiliano 3’ nasce dessa sobrevivência e celebra uma resistência que se reinventa e floresce. Inspirada nas estéticas dos Bailes Black dos anos 70 e 80, a Dendezeiro coloca a moda como ferramenta política e de memória, expressão viva nos bailes funks de hoje. A coleção une streetwear e alfaiataria, atitude e corpo em movimento, moda no ritmo do batidão. Com looks inéditos, o desfile contou com trilha sonora ao vivo colocando o funk no centro da cena.

“Encerrar a trilogia com ‘Lei da Vadiagem’ é sobre devolver dignidade aos corpos que foram marginalizados. A gente transforma a passarela em baile porque entende que celebrar também é um ato político e existir é potência. A moda, pra mim, tem esse papel de ressignificar o que foi criminalizado, de transformar o que era visto como erro em orgulho. Quero que o público saia sentindo que ser ‘brasiliano’ é um gesto de liberdade”, afirma Hisan Silva, CEO e diretor criativo da Dendezeiro.

“’Brasiliano 3’ é um ponto de virada. Espero que o público se emocione, se reconheça e entenda que tudo o que construímos até aqui foi pra abrir caminho pra novas narrativas. A trajetória da Dendezeiro nos ensinou que o futuro da moda brasileira nasce da ousadia de olhar pro próprio território. Nossa contribuição é mostrar que o Brasil é direção”, diz Pedro Batalha, CEO e diretor criativo da Dendezeiro.

O artesanato também ganha protagonismo. Em parceria com o Ateliê Masanga – colaborador presente desde as duas primeiras edições de Brasiliano, a Dendezeiro apresenta novas bolsas artesanais de miçangas e outros modelos feitos à mão, reafirmando o valor do fazer manual como gesto cultural e político.

Em meio a uma temporada marcada por conexões entre moda e indústria, a Dendezeiro conta com o apoio de Jordan, Magnum e Kenner como patrocinadores master. Um dos grandes destaques do desfile foi o lançamento mundial da Jordan, que escolheu a passarela da marca baiana para apresentar um tênis inédito, em sua primeira aparição oficial. Embora não seja uma collab, o lançamento próprio da marca marcou a história do evento e evidencia a potência dos encontros entre moda e cultura.

Em sintonia com o espírito livre da etiqueta baiana, a Kenner volta a cruzar a passarela da Dendezeiro pela terceira temporada consecutiva na SPFW. A marca carioca desenvolveu uma edição exclusiva da Raytek – sua primeira sandália com solado plataforma – nas cores da grife. Além disso, traz o modelo Megah Puffer, conhecido por unir tecnologia, conforto e estilo, personalizado com a assinatura da DDZ na sola e um lettering escrito “Brasil do Brasil” – ela chega nas cores verde militar e marrom, ambas com o pin “K” na cor branca.

“A Kenner está sempre em sintonia com a expressão da cultura e da identidade. Entendemos que a moda é um palco para revelar autenticidade e senso de pertencimento, valores que refletem tanto no nosso estilo quanto na forma autêntica de desenvolver produtos e fortalecer a nossa comunidade”, explica Laura Leal, CMO da Kenner.

O Baile Essencial consolidou-se como uma das experiências mais marcantes do universo Dendezeiro. Depois de estrear em Salvador e repetir o sucesso no Rio de Janeiro, onde reuniu mais de 3 mil pessoas e personalidades ilustres, o projeto chegou a São Paulo como after oficial do desfile na SPFW N60.

Mais do que uma festa, o baile é um desdobramento da coleção, traduzindo em som e corpo a energia da passarela. Criado pela Dendezeiro como um ponto de encontro entre moda, música e ocupação de espaços urbanos, o evento carrega o mesmo espírito livre e provocativo que define a marca. O projeto Brasiliano é um gesto contínuo de escuta e tributo às histórias do Brasil. Em Filhos do Sol, a Dendezeiro homenageou o sertão nordestino; em A Puxada pro Norte, celebrou a resistência amazônica na revolta da Cabanagem; e agora, em Lei da Vadiagem, volta o olhar para o Sudeste e as periferias urbanas, transformando o baile e o corpo em movimento em símbolos de liberdade e afirmação.
