O biquíni faz oficialmente aniversário de 75 anos nesta segunda-feira, dia 5 de julho. Foi em 1946 que a nova moda criada para frequentar à praia deu seu pontapé inicial como trend para as mulheres moderninhas da época.
É fato que o traje de duas peças para o lazer e esporte não apareceu somente no século 20. A civilização romana em torno de dois mil anos atrás prova, por meio de achados arqueológicos, que as mulheres da Antiguidade já usavam peças diminutas para a prática de atividades ao ar livre. Entretanto, posteriormente houve uma retração nos conceitos da indumentária (muito por conta do conservador e crescente movimento do Cristianismo) e essa vestimenta se dissipou. Foi apenas no fim do século 19 que o interesse pelas praias aumenta e uma nova roupa de banho é necessária, mas ela não deixa de ser uma corruptela dos enormes vestidos do período – só que mais curtos e sem mangas.
O “duas-peças” começa aparecer nos anos 1930 na Europa aqui e ali, usado por mulheres audazes e muito confiantes, porém é somente depois da Segunda Guerra Mundial que o biquini moderno realmente se consolida. Não podemos esquecer que é geralmente durante combates prolongados que a Humanidade dá passos largos em seu desenvolvimento, evoluindo em inúmeros aspectos pela necessidade de soluções urgentes para problemas pontuais e esforços de guerra. Áreas como infraestrutura, transporte, ciência e tecnologia são geralmente bastante afetadas, assim como… a moda!
Foi na sequência da Segunda Guerra – quando a restrição geral de tecidos vingava na Europa – que as moças precisaram “se virar” para continuar frequentando a vida social possível daquela época. Ir à praia era um passeio simples e econômico, mas adquirir novas peças de banho – o tradicional maiô – era proibitivo. É aí que se intensifica a decisão de costurar em casa com tecidos maleáveis já existentes, peças reduzidas e práticas para tomar sol. A ideia vai tomando força até que eventualmente muda de status, progredindo de produção amadora para qualificada, ao ser confeccionada por uma pequena indústria francesa.
Engenheiro automotivo, Louis Réard assumiu a direção da fábrica de lingerie de sua mãe em 1940 e é no ano de 1946 que ele inventa o biquini como conhecemos. No balneário de St. Tropez ele observou o hábito das banhistas puxarem o maiô para conseguirem se bronzear melhor, e teve então a ideia de “cortar” o traje em duas partes, apresentando oficialmente a novidade em um desfile na piscina pública parisiense Molitor em 5 de julho de 1946. Para isso, ele precisou contratar a stripdancer do Casino de Paris, Micheline Bernardini, uma vez que nenhuma manequim profissional aceitou vestir o polêmico biquíni.
E o nome do traje de banho veio de uma decisão de marketing: quatro dias antes, os primeiros testes nucleares tinham sido executados no Atol de Bikini. Na expectativa de se beneficiar da ação controversa, Réard deu o nome da linda ilha no Oceano Pacífico que estava dando o que falar, à sua nova invenção – quase como os algoritmos e hashtags dos trending topics nos dias de hoje 😉 E parece que deu certo! Costurado em pequenos triângulos feitos de algodão, com estampa de página de jornal, o biquíni fez um “auê” na imprensa e causou ainda mais quando a modelo-dançarina mostrou na mão a caixinha em que ele vinha inteiro dentro.
De lá para cá o biquíni atravessou décadas entre plebeias e estrelas do cinema, mas foi no Brasil que o item de praia fez fama internacional como o mais inovador, charmoso, de melhor corte e modelagem, afinal o nosso biquíni se tornou o melhor do mundo. Mas isso é uma outra – incrível – história.