“SALÃO DE BAILE: THIS IS BALLROOM” É UM MERGULHO NO UNIVERSO EFERVESCENTE DA CENA BALLROOM DO RIO DE JANEIRO

“TEMOS EQUIPE DE DIREÇÃO INTEIRA FEITAS POR PESSOAS BALLROOM, ESSA PROXIMIDADE FEZ COM QUE A GENTE CONSTRUÍSSE UM RETRATO SINGULAR DA CENA”
}

05.12.2024

Divulgação

Primeiro longa brasileiro sobre o movimento ballroom a ser lançado nos cinemas, estreia nesta quinta-feira (5). Para além das estatuetas no Festival do Rio, “Salão de Baile: This is Ballroom” foi exibido em mais de quinze países. A estreia mundial do longa foi em março deste ano, no Festival Internacional de Documentários de Copenhagen – CPH:DOX, na Dinamarca, com muita repercussão. Desde então, o longa recebeu diversos prêmios internacionais, como Prêmio de Público no Queer Porto, em Portugal; Melhor Documentário no Oslo/Fusion Festival Internacional de Cinema, na Noruega; e Prêmio Diversidade no Afrika Film Festival, em Colônia, Alemanha.

ALÉM DO ELENCO PODEROSO, A SÉRIE POSE DITOU TENDÊNCIA NA MAQUIAGEM

No Brasil, o longa encerrou a 13ª edição do Olhar de Cinema, compôs a programação da 48ª Mostra de São Paulo, e agora faz parte da programação do festival Primeiro Plano em Juiz de Fora e Festival Mix Brasil, em São Paulo. Juru, diretor e roteirista do filme, comenta sobre o reconhecimento internacional do documentário: “Ganhamos prêmio do público no Queer Porto, prêmio do Júri de Melhor Montagem no Festival do Rio, prêmio de melhor documentário em Oslo. Acho que isso mostra como foi feliz a escolha de trazer a ballroom pra dentro da equipe”.  

“Temos equipe de direção inteira feita por pessoas ballroom, direção de arte inteira de ballroom, equipe de produção 50% ballroom. Essa proximidade fez com que a gente construísse um retrato muito singular da cena, e acho que isso tem sido reconhecido pelo júri e pela crítica, tanto lá de fora quanto daqui”, complementou.

Em “Salão de Baile: This is Ballroom”, a câmera acompanha uma “ball” (baile) da cena fluminense, onde pessoas negras e/ou LGBTQIA+ têm a liberdade para experimentar novas possibilidades de expressão de identidade, de gênero e exercitar seus potenciais artísticos. Várias modalidades de competição acontecem ao longo da celebração: moda, beleza, dança, música, desfile… “A ballroom é um lugar de potencialização desses corpos dissidentes, um espaço criado por e para pessoas trans e pretas, especialmente, poderem resistir às opressões e celebrar suas existências”, explica Juru, que assina a direção e roteiro do projeto em parceria com Vitã.

Tanto Juru como Vitã fazem parte do movimento ballroom do Rio de Janeiro, assim como a maioria da equipe do longa. “Mais do que um filme sobre a cena ballroom, nós fizemos um filme em conjunto com a comunidade ballroom. Queremos proporcionar ao espectador uma experiência de imersão no universo, com o nosso olhar ‘de dentro'”, explica Vitã. “A cena ballroom é talvez a mais radical e mais interessante do underground fluminense. Em termos de força, de enfrentamento, de expressividade, de cultura, de movimentar os subterrâneos da cidade, não tem nada que chegue aos pés dela”, afirma Luis Carlos de Alencar, da produtora carioca Couro de Rato.

A Cultura Ballroom, em inglês, “salão de baile”, é uma cultura de pessoas LGBTQIA+ não brancas que passaram a resistir às constantes violências que sofriam, organizando bailes performáticos. A comunidade surge nos Estados Unidos a partir dos concursos de beleza drag. Na década de 60, uma queen preta chamada Crystal LaBeija se insurge contra a hegemonia das queens brancas. Em 1972, ela e uma amiga criam um evento só para queens pretas, o Primeiro Baile Anual da Casa de LaBeija, fundando tanto o primeiro baile como a primeira “house”.

A MAQUIAGEM E A CULTURA POP – UMA PARCERIA DE SUCESSO

As houses (casas) eram espaços físicos e/ou simbólicos liderados por uma “mãe” ou um “pai” que acolhiam e forneciam cuidados para jovens negros e latinos da comunidade LGBTQIA+ que viviam em situação de vulnerabilidade ou haviam sido expulsas(os) de casa. Ao longo do tempo, os concursos vão sendo ocupados por diversas identidades de gênero: travestis, mulheres trans, homens gays cis, mulheres cis de forma geral. Criam-se outras modalidades além de concursos de beleza e moda. Dentro desse conceito, surge também um estilo de dança, o voguing.

Alguns produtos audiovisuais que incluem elementos da cultura ballroom são: “Vogue”, de Madonna; “Paris is Burning”, de Jennie Livingston; e as séries “Pose” e “Legendary”. Em 2015, surgem as duas primeiras casas ballroom no Rio de Janeiro e a cena começa a se organizar, incentivada pelas mídias digitais e redes sociais. São dois os pilares da cultura ballroom: o baile e a família. Em 2016 acontece a primeira “ball”. Atualmente, quase toda semana tem um baile acontecendo em algum lugar do país. Assista ao trailer:

Sua notícia no Pepper?

Entre em Contato

Siga o Pepper

Sobre o Portal Pepper

O Pepper é um portal dedicado exclusivamente ao entretenimento, trazendo ao internauta o que há de mais importante no segmento.

Diferente de outros sites do estilo, no Pepper você encontrará notícias sobre música, cinema, teatro, dança, lançamentos e várias reportagens especiais. Por isso, o Pepper é o portal de entretenimento mais diversificado do Brasil com colunistas gabaritados em cada editoria.