Das vozes que não podem ser mais silenciadas brota a energia para transformar a indignação em poesia. Novo livro da poetisa carioca Thelma Miguel, “O Silêncio e o Grito” faz esse movimento no sentido de visibilizar os sentimentos das mulheres que se sentem amordaçadas pela sociedade machista.
A obra reflete o amadurecimento da autora como mulher e poetisa. Médica por formação e aposentada após 35 anos de carreira, Thelma Miguel passou a dedicar-se integralmente à literatura em 2018, quando publicou sua primeira coletânea de poesias, “Sem Casca”, que, segundo a autora, é “um mosaico formado com partes das muitas mulheres que habitaram meu corpo ao longo dos anos”.
Em “O Silêncio e o Grito”, a autora vai além dos aspectos mais íntimos para abordar temas cotidianos como invisibilidade da mulher, empoderamento feminino, violência, vulnerabilidade, família e Alzheimer. À pandemia, dedica a quinta e última parte do livro, com versos sobre luto, esperança e altruísmo.
ALZHEIMER – UMA DOENÇA TRISTE E SILENCIOSA
“Há quem não perdoe por tamanha ousadia e fere a mulher covardemente transformando-a em vítima estatística do dia a dia. A fortaleza inerente da feminina alma não esmorece, seu lugar já foi conquistado, estamos todas lado a lado e gritamos ao mundo. Eu sou Mulher. Sou meu guia […]”, (O Silêncio e o Grito, p.27).
Escritos entre 2018 e 2020, os poemas também refletem momentos marcantes na vida da autora, como o adoecimento da mãe e o fato de ter se tornado avó. Aos netos é que ela dedica o livro, indicado não apenas para mulheres nesta fase da vida, mas também às jovens que buscam apreciar as belezas cotidianas, sem deixar de se indignar com as injustiças. Neste sentido, George Floyd é um dos homenageados. 172 páginas. R$ 29,90.