APRENDA A APLICAR NOS NEGÓCIOS COM LUÍSA SONZA E O LANÇAMENTO DE SEU ÁLBUM “DOCE 22”

ACOMPANHAR DE PERTO O PROCESSO DE TODA A CRIAÇÃO DO PROJETO E AGIR COMO UMA STARTUP SÃO ALGUNS DOS EXEMPLOS
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16.08.2021

Reprodução / Instagram

Desde o lançamento de seu novo álbum, “Doce 22”, o Brasil não para de se surpreender com o talento musical e artístico de Luísa Sonza (e de chorar ao som de “Penhasco.”). A cantora lançou o álbum em 18 de julho, (dia de seu aniversário de 23 anos), ao qual conta com um nome irônico, afinal, sabemos que os 22 anos de Luísa não foram nada doces: desde que se separou do comediante Whindersson Nunes, foi acusada de tê-lo traído com o cantor Vitão; além de sempre ter sido taxada de interesseira e aproveitadora, muitos alegavam que Sonza não tem talento, “só sabe rebolar”, sofrendo duras críticas e ataques, sendo que ela já era famosa na internet e tem uma carreira musical desde a infância.

O álbum seria lançado meses antes de julho, mas Sonza deu uma pausa da internet e esperou um pouco, já que sofreu ataques de haters, após seu ex-marido e sua atual companheira, Maria Lina, terem perdido o bebê e a Luísa ter sido culpada absurdamente por isso. Luísa transformou todo o hate e fake news recebidos em arte: o álbum conta com composições de sua autoria e parceria com diversas pessoas próximas, como seu namorado Vitão, e suas amigas, contando um pouco de sua trajetória nesses últimos anos conturbados. A artista também é co-produtora e co-diretora dos clipes deste álbum.

Além do mais, o álbum conta com participações especiais de Lulu Santos, na faixa “Também Não Sei de Nada”, o rapper internacional 6LACK, na faixa “Vip”, Ludmila e Jão (ambos ainda não tiveram a música lançada), além de Modo Turbo, que possui participações de Pabllo Vittar e Anitta (lançada no começo deste ano). O álbum é dividido em dois lados. No lado A, as músicas são empoderadas e mais debochadas, onde os títulos estão todos em letra maiúscula. Já no lado B, Luísa entrega suas vulnerabilidades e os títulos estão em minúsculo.

Desde seu lançamento, “Doce 22”, não para de bater recordes: foi a maior estreia nacional de um álbum na história do Spotify Brasil, com quase 30 milhões de streams em uma semana; alcançou o top 2 Brasil e top 37. Fiquei refletindo aqui sobre o que nós, empreendedores e marcas, podemos aprender com essa artista surpreendente e aplicar em nossos negócios:

Deixe sempre um gostinho de “quero mais”

Ao contrário de Pabblo Vittar, que lançou quase uma música por mês, em seu álbum “111”, ficando no topo das paradas e nas redes sociais da galera em 2019/2020, ao longo de um ano todo, Luísa optou por lançar quase seu álbum todo de uma só vez, porém deixando algumas músicas para lançar nos próximos meses, como “Café da Manhã” com a Ludmilla, “Anaconda” com a Mariah Angelic e “Fugitivos)” com Jão.

E mesmo as músicas que foram lançadas de uma vez, Luísa desperta a curiosidade de seu público, ao comunicar o lançamento dos clipes e lyric vídeos, praticamente um por semana. Essa estratégia de trazer teasers, gerando curiosidade no público, é uma estratégia de neuromarketing muito eficaz: o cérebro inconsciente ama “começo, meio e fim” e Sonza trabalha com essa métrica muito bem. Nós ficamos muito curiosos para ver qual vai ser a próxima surpresa que a cantora vai nos oferecer.

O QUE EVITAR EM NOSSOS NEGÓCIOS COM OS ERROS DE “NO LIMITE”

E para nos deixar ainda mais curiosos, em entrevista para o canal da Foquinha, a artista alega que não sabe a ordem dos próximos lançamentos e que não pode falar nada, assim, nosso cérebro ‘buga’ de tanta curiosidade, né? Além de tudo isso, Luísa avisa para a apresentadora que seus clipes e suas músicas possuem easter eggs: as falas soltas em músicas (uma frase dita ao contrário antes de começar a música Intere$$eira”, o “C******, garota”, no final de outra música), as datas que aparecem em seu clipe, ao qual têm conexão com a composição e sua história… isso tudo deixa o nosso cérebro louco para assistir ao clipe várias vezes, faz com que os canais de fofoca falem e criem conteúdo em cima dessas informações. Genial!

Em “Melhor Sozinha”, Luísa usa a mesma camiseta de “Boa Menina”, mostrando que está tudo conectada, escrito “você vai lembrar de mim”, que é uma frase também dita na música “Intere$$eira”. Portanto, assim como a Luísa Sonza, ao fazer um lançamento de uma coleção, um novo produto, ou serviço, gere curiosidade de maneira positiva na sua audiência e entregue algo a mais do que eles querem. Como diria a cantora para Foquinha: “eu não dou ponto sem nó. Se a minha unha aparecer de um jeito… tudo está interligado (…) não sei se as pessoas vão entender tudo, mas sempre tem”. O cérebro agradece e fica louco de curiosidade assim, Luísa!

Conecte-se genuinamente com seu público e use a neurociência a seu favor

Quem nunca se sentiu injustiçado, recebeu um hate, ou terminou um relacionamento de maneira conturbada? Luísa Sonza não tem medo de expor suas vulnerabilidades, assim, consegue conectar-se genuinamente com sua audiência e fãs, por meio de uma ferramenta denominada storytelling. O cérebro ama escutar histórias, onde essa prática se estabeleceu desde a pré-história: costumávamos sentar ao redor de fogueiras e contá-las de maneira despretensiosa e deliciosa.

Luísa faz isso muito bem nas letras de suas canções, nos clipes e lyric vídeos. Ademais, existe algo na neurociência chamado “neurônios-espelho”: todos nós temos dias que nos sentimos debochados e empoderados, e tem dias que acordamos mais vulneráveis, tristes e carentes. Luísa mostra isso nos dois lados do álbum e nós sentimos as dores da cantora em nós mesmos, seja chorando ao escutar a faixa “Penhasco”, ou dançando ao som de “Vip” e “Intere$$eira”.

Falando em “Intere$$eira”, Luiza “transforma limões em uma caipirinha deliciosa”, ao construir uma letra empoderada, pegando todos os xingamentos que mais recebeu ao longo de seus “doce 22 anos” e debochou dos haters, falando que quanto mais eles a xingam, mais ela ganha “din” e vão lembrar dela. E nós mulheres nos reconhecemos em sua letra, afinal: “confesso não é fácil ser braba todo dia, tive que aprender a me virar sozinha”.

Além do mais, Luísa Sonza também é pertencente da Geração Z, ao qual não tem medo de expor suas vulnerabilidades e preferem artistas que se mostrem reais, acessíveis e com problemas semelhantes aos seus. Percebo isso também na Billie Eilish (porém, este é assunto para outro texto, não é mesmo?). Outra coisa que Sonza trabalhou muito bem nessa nova fase é a escolha dos arquétipos de Carl Jung. Jung, psicólogo suíço, fala que em todas as culturas, contos e histórias possuem 12 personalidades (padrões de comportamento), os quais os seres humanos se reconhecem, como o herói, o fora da lei, o governante, o inocente, o romântico, o cara comum, o sábio, o criador, o explorador, o bobo da corte, o prestativo/caridoso e o mago.

Para “Doce 22”, Luísa escolheu atuar com os arquétipos do governante, mostrando o empoderamento da mulher (lado A), mas ao mesmo tempo traz o arquétipo do cara comum e do romântico, alegando que, assim como nós, Luísa Sonza também é um ser cheio de medo, dúvidas, sofre e chora, se apaixona e quer um colinho (lado B).

Nessa nova era, para reforçar esses arquétipos, a cantora deixa os looks mais coloridos e rosas de lado, e traz uma imagem mais dramática, com roupas escuras, ao mesmo tempo sensuais, olho mais maquiado e cabelo com tom mais platinado. A cantora alega que essa é uma fase que está vivendo, ao qual acaba se refletindo em sua arte e música, trazendo ainda mais sinceridade e conexão com sua audiência.

Portanto, crie uma identidade visual que se conecte com seu público e que reflita os arquétipos e referências de seu trabalho.

Acompanhe de perto todo processo de criação

“O olho do dono é que engorda o boi”. Mesmo soando estranha e já escutando essa frase várias vezes, ela tem tudo a ver com esse lançamento de Luísa Sonza: o empreendedor precisa estar ativamente envolvido em todas as etapas de seu negócio. Para superar as expectativas do público, Luísa participou de todos os detalhes de seu álbum: compôs, cantou, convidou parceiros, deu palpite nos cenários dos clipes quando não gostava, colocou frases reais nas suas músicas.

Trabalhe com parcerias, comunicação on e offline

Além das inúmeras parcerias no álbum (parcerias são importantes para que o público do outro cantor, que tem sinergia com seu público, também acabe escutando sua obra), e com marcas (Festão da Juliette, com patrocínio das Lojas Americanas), Luísa deu entrevista ao Fantástico, Fátima Bernardes, ganhou programa no Multishow e esteve estampada em outdoor na Times Square, em New York.

Outro ponto, a cantora sempre trabalha com uma coreografia nova para o TikTok: “Mulher do Ano XD” vem bombando nessa mídia social. Logo, torna-se necessária à sua marca analisar quais são os meios offline que podem trazer visibilidade ao seu trabalho, desde que tenham sinergia com seu público, e como você pode melhorar a experiência de compra de seu usuário em ambiente on e offline.

Sempre busque referências e tenha em quem se inspirar

Aqui, Luísa Sonza e sua equipe trabalham com mais um recurso de neurociência, a nostalgia, trazendo referências das divas pop do passado, Britney Spears e Christina Aguilera, as quais também sofreram hate, foram vítimas de fake news, pressão estética e machismo, ao longo de suas carreiras. Portanto, ao trazer essas inspirações, Luísa consegue mexer com nosso inconsciente, nos trazendo lembranças de um passado muito gostoso de recordar. Nessa época, eu passava minhas “doces tardes” estudando para o vestibular, lendo Harry Potter e andando de bike no interior de São Paulo, ao mesmo tempo em que sofria com minhas mudanças hormonais e conturbada adolescência. Que saudades!

Em todas as entrevistas que concede, Sonza enaltece suas musas inspiradoras e cita cada uma de suas referências, em cada clipe e lyric vídeo. A foto de capa do álbum foi inspirada em Lindsay Lohan e Taylor Momsen. Alguns de seus clipes possuem referências a Miranda Priestly, personagem icônico do filme “O Diabo Veste Prada” e Aguilera.

No lyric vídeo de Penhasco, Luísa traz a entrevista de Clarice Lispector para TV Cultura, na qual a escritora se mostra visivelmente abalada, assim como ela se sentiu ao compor e falar dessa música. Já no lyric de Melhor Sozinha, a inspiração é uma cena do filme “Uma Linda Mulher”, leve, alegre e belíssimo. Logo, é importante, como marca, termos fontes inspiradoras, não deixar de referenciá-las, além de mexermos com a nostalgia de nosso público, para que ele resgate doces momentos vivenciados em seu passado.

Aja como uma Startup

Uma coisa que a Luísa Sonza faz muito bem é sentir o que seus fãs querem e ir adaptando os lançamentos com as necessidades de seu público. Luísa também responde de maneira muito rápida as adversidades ao longo de seu projeto. Ao lançar o lyric video de Mulher do Ano XD no Youtube, o mesmo acabou infringindo as regras da plataforma e saiu do ar (estranho que muitos clipes de funk feito por homens, objetificando corpos de mulheres, e vídeos incitando discursos de ódio não caem, não é mesmo?). Como forma de deboche e protesto, Luísa o colocou em um site pornô.

Após reclamar com a plataforma e o protesto do próprio público, o vídeo voltou ao normal. Antes da polêmica, a música já tinha cerca de 4 milhões de streams nas plataformas digitais. Luísa também alega que os easter eggs das músicas vão surgindo conforme ela grava. Além do mais, ao errar, Luísa reconhece o erro e pede desculpas genuínas (exatamente o que esperamos de marcas que falam que quem entendeu errado somos nós).

Um fã fez um comentário no Twitter a respeito de uma possível demora para o lançamento do lyric da faixa “Penhasco”“Talvez amanhã, lyric de “Penhasco”, às 18h”, escreveu a cantora e compositora no dia 27/7. Na sequência, o fã disparou: “Se tivesse lançado semana passada iria pegar primeiro lugar”. Luísa respondeu: “F***-se”.  

Depois de um fã comentar que ela teria sido ingrata, Sonza respondeu: “Eu sou grata pra c****** por isso (o sucesso do álbum). Vocês são tudo pra mim. Mas sinceramente eu só fiz esse lyric porque vocês pediram. Essa música é muito delicada pra mim. Fiquei magoada porque vocês não têm noção do esforço que eu fiz pra isso tudo acontecer. Eu amo números. Todo mundo ama, mas não é só sobre isso, sabe?”

Dias de luta, dias de glória

Não são todos os dias que estamos plenos, e, ao longo de nossa trajetória, é muito importante darmos pausas e atenção especial para nossa saúde mental. Luísa Sonza assume que no processo de criação, chorou muito, pois esse trabalho é tão autoral e esbarra a todo o momento em suas feridas. E nem tudo sai como queremos: o lançamento do seu álbum teve que ser adiado, por questões de saúde mental, como já expliquei anteriormente. Porém, sabiamente, Luísa e sua equipe decidiram lançá-lo em seu aniversário, mesmo caindo num domingo e os lançamentos no Brasil serem feitos às sextas-feiras.

Logo, Luísa nos ensina que é vital nos cercarmos de pessoas frutíferas e procurarmos ajuda de um profissional de Psicologia, para nos amparar em momentos difíceis. Nem tudo está sob nosso controle e que é preciso ter jogo de cintura e reconhecer que nem tudo sairá quando queremos, mas muitas vezes acaba acontecendo no momento certo.

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