Arrogância. Estrelismo. Acidez. Prepotência. Promiscuidade. Drogas. Sexo. Decadência. Assim podemos definir a nova minissérie “Halston”, recém lançada na Netflix, com produção de Ryan Murphy e protagonizada por Ewan McGregor, onde traz a história do estilista Roy Halston, um dos maiores nomes da moda americana na década de 70. A família do estilista não gostou nenhum pouco do lançamento, por não ter sido informada pela produção da série, afirmando que se trata de sensacionalista, imprecisa e fictícia. “Os arquivos Halston continuam sendo a única fonte definitiva e abrangente sobre o homem e seu legado, como o guardião pessoalmente nomeado dos papéis e objetos privados”, diz um comunicado enviado pela família via PR Newswire.
O roteiro para as telas teve como base a biografia “Simply Halston”, lançada em 1991, por Steven Gaines. Quando criança, o pequeno Halston fazia belos chapéus para alegrar sua mãe que sofria com o comportamento abusivo de seu pai, o sucesso chegou quando Jacqueline Kennedy, a então primeira dama dos Estados Unidos, apareceu em público na posse de John F.Kennedy, usando um chapéu do aspirante estilista, intitulado “pillbox”. Com sua confiança em alta, a intenção do estilista era vestir todas as mulheres norte-americanas com um vestuário clean e glamuroso, sua loja badalada ficava localizada na Madison Avenue.
“Não sabia quem era o Dan Minahan [diretor da série] e não conhecia o Halston. Só me deixei levar pela apresentação. Ele mostrou-me todas estas fotos do Halston e das pessoas no seu círculo, Liza Minneli, Elsa Peretti, Victor Hugo. E eu percebi de imediato pelas fotos: eu queria interpretá-lo. Havia alguma coisa na maneira como ele se comportava, algo nos seus olhos. Há pessoas que conheci que não têm muito boas coisas a dizer sobre Halston. E há pessoas que o adoram e ainda lhe são incrivelmente leais hoje em dia. Estava ansioso por explorar isso”, comentou McGregor em entrevista à NYT.
Sua amizade com a cantora Liza Minelli alavancou ainda mais sua popularidade, Halston desenhou todo o figurino de suas apresentações ao vivo, reformulou todo o guarda-roupa da estrela e inovou ao trazer Minelli usando um conjunto amarelo na cerimônia de seu casamento. Com o sucesso, o estilista conheceu as grandes badalações da época, era freqüentador assíduo do extinto Studio 54, local freqüentado por artistas e ícones da moda, onde tudo acontecia, sexo, drogas e muito rock n’roll. Assim como Liza, a designer Elsa Peretti, era muito amiga do estilista, se tornando por muito tempo o rosto da grife, até criar o icônico frasco do perfume que leva o nome do americano e se tornar uma grande designer.
Em 1973, Halston vendeu seu próprio nome para o empresário Norman Simon, prometendo garantir o financiamento da marca e a manutenção de Halston como designer-chefe. Com isso, a parceria expandiu o nome para vestuário, perfumes e departamento de decoração, até onde você sentava tinha o nome do estilista, sucesso absoluto. Uma década depois, assinou com a empresa JC Penney, para a produção de roupas mais acessíveis, a parceria consistia em criar novos modelos para serem vendidos em grande escala, com a alta demanda e os gastos excessivos e excêntricos, a grife foi adquirida pela empresa Eshmark Inc, onde os novos diretores não concordavam com as atitudes de Halston e decidiram colocar um “basta” na farra. Viciado em cocaína e frustrado com a situação, o estilista é retirado da empresa por se recusar a criar novas peças, entre elas, o jeans, peça fundamental que alavancou a carreira de Calvin Klein, seu principal rival da época. Fim de uma era.
A série mostra Halston em becos praticando sexo ao ar livre com vários parceiros, chegando a levar para sua casa alguns garotos de programa. Foi quando conheceu Victor Hugo, seu namorado venezuelano, onde muitas pessoas acreditam ser um dos responsáveis pelo declínio do estilista. Em 1988, Halston é diagnosticado com o vírus HIV – em 1990, aos 57 anos, morre em decorrência do avanço da Aids. Assista ao trailer: