A mostra de cinema de maior prestígio do mundo trouxe uma seleção eclética de títulos de vários países, com filmes autorais, montagens impressionantes, algumas gafes e, claro, os looks mais sofisticados da temporada de verão europeu – que num período pós-pandemia, revitalizou o encanto e glamour dos velhos tempos.
SCHIAPARELLI – FEMININA, SURREAL E PODEROSA
O Festival de Cannes foi lançado em 1946 e, já em suas primeiras edições, deixou claro que, além de abarcar o melhor da produção cinematográfica mundial, seria também a passarela da moda de grandes estrelas e seus estilistas. Ao subir os degraus do Palais des Festivals, os vestidos mais incensados das últimas coleções de alta-costura recebem a atenção, flashes e fotos de centenas de fotógrafos profissionais – misturados com amadores – além de um público muito animado. O evento é considerado uma das maiores vitrines globais de criadores renomados e marcas consolidadas do mercado de luxo internacional.
Este segmento suntuoso e ao mesmo tempo artesanal da indústria da moda – a alta-costura – surgiu em meados do século 19 na França, sendo nomeado assim pelo costureiro inglês baseado em Paris, Charles Frederick Worth. Com olhar artístico e modelagens precisas, Worth antecipou em mais de 100 anos os glamurosos desfiles na Croisette do balneário francês, onde artistas reconhecidas nas telas e nas ruas acenam do red carpet.
A Palma de Ouro de 2021 foi para a francesa Julia Ducournau pela obra Titane. A diretora foi a segunda mulher na história do Festival a receber a honraria (depois de Jane Campion, por “O Piano”, em 1993). Seu filme, de acordo com os críticos de cinema, foi um dos mais chocantes da mostra, no estilo “thriller-psicológico-sexual”. Uma produção para ficar de olho.
E o Brasil não ficou de fora: além do nosso cineasta Kleber Mendonça Filho ter sido integrante do júri, o filme Céu de Agosto, de Jasmin Tenucci, recebeu menção especial na competição de curtas.
E entre a Sétima Arte e a Alta-Moda, nós ficamos com… os dois. Afinal, desde os primórdios do cinema, quando os irmãos Lumière fizeram suas primeiras projeções em um cinematógrafo no ano de 1895, o figurino tem sido imprescindível para adicionar estética, arte, beleza e tendências nas telas do cinema. E especialmente no momento atual, em que mais e mais mulheres talentosas e estilosas ganham espaço, não só dentro das telonas, mas por trás das câmeras.