Muito se fala da ascensão da cantora Anitta em terras norte-americanas, mas há algum tempo, outra “brasileira” já voava alto por lá, cravando seus pés e mãos em frente ao Grauman’s Chinese Theatre e sendo a única sul-americana (naturalizada) a ter seu nome na calçada da fama em Hollywood.
ÍCONE FEMININO – MULHER MARAVILHA COMPLETA 80 ANOS E ATÉ HOJE INFLUENCIA AS GERAÇÕES
Com seus 1,52m de altura, turbantes, brincos de argolas, babados, saltos plataformas, balangandãs, frutas na cabeça e muita maquiagem, ela se tornou um ícone influenciando a moda e cultura da época, tornando-se uma verdadeira popstar. Trata da pequena notável – Carmen Miranda.
Foi a primeira brasileira naturalizada a lançar moda, inclusive nos Estados Unidos – o “Miranda Look” que foi adaptado e usado nas ruas em todo mundo ocidental e ainda hoje influencia muitos estilistas que nela buscam inspiração.
Sua maquiagem sempre impecável, pele perfeita, boca bem marcada com vermelho intenso, olhos vibrantes, acentuados por longas pestanas (cílios postiços) e uma sobrancelha longa bem delineada, fazem parte deste look tão marcante que atravessa décadas. É possível perceber a mudança, mesmo que pequena no visual de Carmen, pré – Estados Unidos e pós – Estados Unidos.
Após o segundo filme, “Aconteceu em Havana” (1941), é possível perceber como Carmen começa a mudar sua estrutura facial, afinando queixo e nariz através de cirurgias plásticas e claro, usando técnicas de maquiagens, dadas pelos makeu artist da época como Ben Nye e Bud Westmore (assista aqui) para deixar seu visual ainda mais glamoroso.
Em 9 de fevereiro, Carmen Miranda completaria 113 anos de idade. A cantora vive. Vive em seus 21 filmes entre Brasil e Estados Unidos e mais de 280 canções gravadas.
Tive a oportunidade de ler a incrível biografia sobre “Carmem Miranda”, lançada em 2006 pelo jornalista, biógrafo e escritor brasileiro, Ruy Castro, para criar o visagismo de um espetáculo infantil chamado “Carmen – A Pequena Notável” (assista aqui), com direção de Kleber Montanheiro e Amanda Acosta no papel título.
CENSURA, PROSTITUIÇÃO, IGREJA CATÓLICA E INSETOS MARCAM A EVOLUÇÃO DA CRIAÇÃO DO BATOM
Carmen nasceu em Marco de Canavezes, em Portugal, com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha, mas desembarcou em terras tupiniquins aos 10 meses de nascida. A artista foi criada no Rio de Janeiro, no bairro da Lapa. Estudou em colégio de freiras e aos 15 anos largou os estudos e começou a trabalhar na La Femme Chic, uma confecção de chapéus, localizada no centro da cidade maravilhosa, onde estudou moda e aprendeu a costurar, pegando o gosto pelos turbantes, que viraram sua marca registrada.
Sonhando em ser atriz e cantora, nas horas vagas, cantava e dançava para animar pequenas festas. Em 1929, foi apresentada ao compositor Josué de Barros que logo a levou para se apresentar em teatros e clubes.
Estreou como cantora na Rádio Sociedade. Gravou seu primeiro disco com as músicas “Triste Jandaia” e “Iaiá, Ioiô”. Seu grande sucesso veio com a marcha-canção “Pra Você Gostar de Mim” (1930), que ficou conhecida por “Tai”, que foi recorde de vendas.
No dia 30 de outubro do mesmo ano, Carmen Miranda já estava fazendo sua primeira turnê internacional em Buenos Aires, na Argentina. Em 1933, foi a primeira mulher a assinar um contrato com uma rádio. Entre 1933 e 1938, retornou à Argentina mais oito vezes.
Carmen lançou outros discos e se transformou na principal estrela do Cassino da Urca no Rio de Janeiro. As apresentações no cassino funcionavam como passaporte para ingressar no mercado cinematográfico. Ela se tornou uma das artistas mais consagradas de seu tempo e fez da baiana um símbolo nacional.
Ainda em 1939, em uma temporada no Cassino da Urca, Carmen foi contratada pelo magnata do show business, Lee Shubert, para ser uma de suas atrações no show “The Streets of Paris”, que estrearia na Broadway.
O sucesso das apresentações projetou Carmen nos Estados Unidos. No ano seguinte, a cantora apresentou-se na Casa Branca em uma festa para o presidente Franklin Roosevelt, pelo seu sétimo ano na presidência dos Estados Unidos.
Em 1940, Carmen estreou nos Estados Unidos com o filme “Serenata Tropical”. No dia 24 de março de 1941, foi a primeira sul-americana (naturalizada) a receber uma estrela na calçada da fama em Hollywood.
Carmen Miranda fez um total de 14 filmes nos Estados Unidos e seis filmes no Brasil, entre eles: “Alô, Alô Carnaval” (1936), “Uma Noite no Rio” (1941), “Aconteceu em Havana” (1941), “Minha Secretária Brasileira” (1942) e “Serenata Boêmia” (1947).
Passados 15 anos nos Estados Unidos, consagrada internacionalmente, Carmen retornou ao Brasil, em 1954, para rever a família e tratar da saúde. Depois, já recuperada, volta para Hollywood e apresenta-se no programa do comediante Jimmy Durante.
Enquanto cantava e dançava, sentiu-se mal ao vivo, uma leve falta de ar, mas foi logo amparada e terminou sua apresentação. De volta para casa em Los Angeles, foi para seu quarto e na manhã do dia seguinte foi encontrada morta, vitima de um ataque cardíaco. Carmen Miranda faleceu aos 46 anos, em Beverly Hills, Estados Unidos, no dia 5 de agosto de 1955.