Will Smith se sobrepõe em nova e luxuosa versão de ‘Aladdin’

Com princesa mais engajada, adaptação atualiza temas da animação original
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10.06.2019

Divulgação / Reprodução

Quase 27 anos após o lançamento da animação original, ‘Aladdin’ é a mais nova versão dos desenhos clássicos da Disney a ser realizada com atores fisicamente presentes em cena – os chamados “live-actions”. É o segundo dos quatro programados para 2019 pela gigante do entretenimento, que neste ano já estreou ‘Dumbo’ (março), e ainda trará ‘O Rei Leão’ (julho) e ‘Malévola: Dona do Mal’ (outubro), sequência da adaptação de 2014.

Ao contrário da recente produção sobre o elefantinho de orelhas avantajadas, com enredo bem distinto do desenho de 1941, este novo ‘Alladin’ mantém-se próximo de seu antecessor na maior parte do tempo.

A começar pelo gênio da lâmpada que Will Smith nos mostra, tão cativante quanto o do inesquecível Robin Williams (1951-2014) em 1992. Smith domina as ações e se torna a alma do espetáculo. Não demora para percebermos que a carismática presença do astro é decisiva para o sucesso do filme. Por outro lado, Jafar parece menos imponente sem a grave voz de Jonathan Freeman e com o aspecto mais jovial que o holandês Marwan Kenzari lhe empresta agora.

As enérgicas cenas de ação do original, no entanto, são bem honradas pela direção de Guy Ritchie. Bastante experiente no gênero, o currículo do cineasta britânico inclui, entre outros, ‘Snatch: Porcos e Diamantes’ (2000), ‘Sherlock Holmes’ (2009) e ‘O Agente da U.N.C.L.E.’ (2015).

aladdin jafar

Contando com o mesmo compositor de três décadas atrás, o lendário Alan Menken – vencedor em nada menos que oito Oscar, e indicado a outros 11 – as músicas que encantaram a geração passada estão de volta em nova roupagem. Há, ainda, uma faixa inédita, ‘Speechless’ (‘Ninguém me Cala’, na versão brasileira), grito pela liberdade de expressão feminina no patriarcal mundo árabe em que a história se passa. É de se esperar que esteja entre as canções finalistas na próxima temporada de premiações.

Mesmo após tantos anos, o mundo segue distante do ideal. Aladdin (Mena Massoud) e Jasmine (Naomi Scott) não estão confortáveis com a estagnação social existente no sultanato de Agrabah. Órfão desde cedo, o jovem mal tem onde morar, vivendo de trambiques que apronta pela cidade para se sustentar. Já a princesa sente-se presa no palácio do próprio pai, um sultão pouco parecido com o ingênuo e infantilizado soberano da animação precursora.

Aladdin Espelho

Jasmine, por sinal, se mostra mais forte e engajada. Não se trata apenas de escolher quando e com quem casar, ela diz abertamente que deseja governar a favor da população.

Portanto, mais uma vez ‘Aladdin’ nos fala sobre desigualdade social. Quem nasce nas condições do protagonista, assim permanecerá. Se ele encontrou uma lâmpada mágica com um gênio para servi-lo e transformar sua realidade foi porque ele mereceu, não é mesmo? Com esforço e dedicação qualquer um pode se deparar com poderosos seres guardados em lâmpadas por aí, prontos para realizar três desejos de quem os encontrar, certo? Sabemos que não é bem assim, o que torna ainda mais significativo que o roteiro nos insinue a vocação política da princesa.

critica aladdin disney

‘Aladdin’ continua a tratar, também, da amizade. Quem tem um amigo, tem tudo, e a relação entre o Gênio e o rapaz traz maior peso emocional à trama do que o próprio romance entre este e a princesa. Além disso, o ser místico unifica outro tema fundamental ao filme, comum aos três protagonistas: liberdade. Aladdin está preso às condições sociais que lhe são impostas. Jasmine encontra-se isolada pelas tradições machistas de sua sociedade, enquanto o Gênio é refém de seu vasto poder universal, podendo ser liberto apenas caso seu amo use com esta intenção um dos três desejos a que tem direito.

Ao abrir mão de algo tão importante quanto garantir a legalidade de sua união com Jasmine para tornar o Gênio livre, Aladdin não só nos mostra que ambos jamais tiveram um amigo como o que encontraram um no outro, mas também nos confirma que, em essência, o Gênio é – no melhor sentido da expressão – o princípio e o fim desta superprodução, de orçamento similar aos de títulos da Marvel, que herda o luxo e a imponência dos grandes musicais da Hollywood dos anos 50 e 60.

Aladdin – EUA, 128 min, 2019. Dir.: Guy Ritchie – Estreou em 23/5. Veja o trailer:

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