Vivemos em uma época, onde a luta contra o preconceito se destaca em diversas áreas da sociedade e no auge da busca por igualdade, os atores Vinícius Pieri e Raffa Pietro com apenas 9 e 10 anos, respectivamente, encantam a todos dançando ballet.
Com um currículo de gente grande, os meninos estudam dança há cinco anos e, entre os familiares, o preconceito nunca existiu. Porém não é bem assim na escola e com a família dos amigos. “O interesse do Raffa pelo ballet surgiu quando ele tinha 4 anos e estávamos assistindo ao filme ‘O Fantasma da Opera’. Nós nunca fomos contra. Vê-lo realizado com a dança é maravilhoso”, diz Carla, mãe do garoto que já sofreu bullying quando era mais novo.
O preconceito veio também através dos pais de coleguinhas, com comentários do tipo: “graças a Deus que meu filho não faz isso”, destaca.
“Já escutei muitas coisas por gostar de ballet. “Você é mariquinha”. “Você é um veadinho”. “Você é gay”. E tantas outras formas de bullying só porque gosto de dançar. Não entendo qual o problema! Quantas meninas jogam bola muito melhor que meninos? Gosto de dançar, gosto de ballet clássico, adoro musicais e sou um menino como outro qualquer. Faço teatro, faço sapateado, danço ballet e jogo videogame. A diferença é que na minha casa todos me apoiam e me aconselham. Tenho conversas muito boas com meus pais, sou tranqüilo e não dou ouvidos para nada que não seja positivo para mim. Sei que sempre terei que ouvir certas coisas, mas nunca vou deixar de seguir meus sonhos”, ressalta Raffa Piettro.
Com o incentivo da família, em outubro Raffa irá para Córdoba, na Argentina, junto com a Escola PAAD Dança e Cia, para participar de um festival internacional. Para Andréia, mãe de Vinícius Pieri, o ballet é uma atividade como outra qualquer. “Nunca dei ouvidos quando me dizem que ballet não é uma atividade para meninos. O Vinícius dança desde os seis anos e ama o que faz. Ele tem muito talento e sempre vou incentivá-lo”, afirma a mãe de Vinícius que, inclusive, já ganhou mais de 15 prêmios com o ballet clássico e é integrante da companhia “Petite Danse”.
“Eu encaro ballet como se fosse um esporte como outro qualquer e por isso hoje em dia esse assunto entra por um ouvido e sai pelo outro. As pessoas perdem tempo fazendo bullying com os outros, enquanto isso eu aprendo ballet, que é o que eu gosto”, diz Vinícius Pieri.
Vinicius Pieri
Além do ballet, os dois estudam canto, tocam instrumentos e fazem teatro. Atualmente estão em cartaz no espetáculo musical “A Noviça Rebelde”, no Rio de Janeiro. Eles dividem o papel do personagem Kurt, um dos filhos do capitão Von Trapp. Com direção de Charles Möeller e Claudio Botelho.