O cineasta Boca Migotto apresenta o livro “Um Certo Cinema Gaúcho de Porto Alegre ou Como o Cinema Imagina a Capital dos Gaúchos”, pela editora Pragmatha, resultado da sua pesquisa de doutorado, defendida em 2021. O primeiro lançamento presencial será durante o 50º Festival de Cinema de Gramado, no dia 13 de agosto, na Serra Gaúcha, junto com a obra “50 Olhares da Crítica sobre o Cinema Gaúcho” e seguido pela apresentação do Portal do Cinema Gaúcho.
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A obra, em forma de grande ensaio, é uma adaptação simplificada da tese intitulada “A Clube Silêncio e Um Tal Cinema Gaúcho de Porto Alegre“, realizada junto ao Programa de Pós-Graduação de Comunicação da UFRGS. Escrito na capital gaúcha, Paris e Bento Gonçalves, entre 2019 e 2022, o livro tem sua versão literária elaborada sem a rigidez acadêmica, focada no cinema urbano feito em Porto Alegre.
Assim, segundo a professora Miriam Rossini, orientadora de Boca no doutorado, acaba por abordar a história da capital e do cinema, estética, processos de produção audiovisual, memória e narrativa oral: “O autor nos leva a perceber não apenas o cinema com novos olhos, mas também a história da cidade num amplo aspecto de história da cultura”.

A pesquisadora afirma ainda, na orelha da publicação: “Um mergulho profundo em muitos aspectos do cinema produzido em Porto Alegre, ao longo de quatro décadas. Não é um panorama, e não é uma análise fílmica. É um livro que, como todas as boas histórias, trama de tudo um pouco para que, ao final, a gente se surpreenda olhando com novos olhos muitos dos fatos, dos aspectos que já conhecíamos, mas percebendo, por suas entrelinhas, ligações inusitadas”.
O segundo texto de apresentação da obra tem assinatura do premiado diretor de fotografia gaúcho Bruno Polidoro, parceiro do pesquisador em diversos projetos, que destaca: “Essa carta que o Boca nos escreve é íntima e densa, e é também um mapa: que pode ser lido de diversos lados, pois todos os caminhos estão interligados, depende de nós escolher por onde começar – e recomeçar, pois essa história está sempre fluindo com o nosso contemporâneo. Os personagens são revisitados por diversos ângulos, em um caleidoscópio de informações que sempre são acompanhadas de tensionamentos de autores que o Boca trabalhou em sua tese e com suas inquietas – e também polêmicas – percepções”.
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Para o autor nascido em Carlos Barbosa e que construiu carreira na capital e região metropolitana, além de se debruçar sobre o Rio Grande do Sul, o estudo também é sobre o Brasil e sobre a América Latina: “Muita coisa? Pode ser, mas, neste livro, coube até um pouco da França e da própria História do Cinema Mundial. Afinal, o cinema não tem pátria, não tem fronteiras”.
Recentemente, o realizador esteve envolvido com as filmagens de “A Próxima Estação de Tabajara Ruas”, documentário comemorativo aos 80 anos do escritor e cineasta, o qual foi convidado a dirigir e que estreou na Cinemateca Paulo Amorim. No ano que vem, Boca Migotto ainda deve lançar o documentário longa-metragem homônimo ao livro, realizado paralelamente à tese e à publicação. 521 páginas. R$ 78.