Thriller “A Paciente Silenciosa” instiga reflexões sobre a relação entre violência e traumas da infância

O livro tem ares cinematográficos, com capítulos curtos e diálogos instigantes
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06.02.2021

Andrew Hayes-Watkins / Divulgação

“Emoções não expressadas jamais morrem. Elas são enterradas vivas e voltarão mais tarde, mais feias”. Esta frase de Sigmund Freud (1856-1939) é fundamental para entender a dinâmica da obra “A Paciente Silenciosa” de Alex Michaelides. O ser humano nasce mau ou torna-se mau? Já é gestado com tendências assassinas ou as adquire ao longo da vida, por conta dos acontecimentos sociais?

Estas e tantas outras perguntas – já levantadas pelos gregos antigos e tão bem retomadas nas obras do iluminista Jean-Jacques Rousseau no século 18 – direcionam o leitor na narrativa deste ótimo thriller psicológico, lançado no Brasil em 2019 pela editora Record. A protagonista, Alicia Berenson, era uma renomada artista plástica até matar o marido Gabriel (será que matou mesmo?) e ser encarcerada num hospital psiquiátrico em Londres. Desde a morte dele, há seis anos, ela não diz uma única palavra. O psicoterapeuta Theo Faber se interessa pelo caso e vai trabalhar no local onde Alicia está. Logo de início, ele é desacreditado por boa parte da equipe médica, que não acredita na capacidade do psicólogo de fazê-la interagir, mas Theo está decidido a utilizar diversos métodos na tentativa de recuperação de Alicia.

Ao longo do livro, a história pessoal do terapeuta se mistura com trechos do diário da própria Alicia, que ajuda o leitor a entender diversos acontecimentos e personagens importantes. Ambos tiveram infâncias muito difíceis e foram negligenciados pelos pais, fatores determinantes na formação psíquica. Sigmund Freud e outros autores que investigaram doenças mentais são citados em algumas aberturas de capítulos ou referenciados pelos próprios personagens. Alguns detalhes mais teóricos enriquecem a leitura, sobretudo para aqueles que se interessam por psicologia, como mostra o seguinte trecho: “Vale lembrar que a primeira infância não é uma época de alegria, mas de terror. Quando bebês, estamos presos num mundo estranho, incapazes de enxergar direito, constantemente surpreendidos pelo nosso corpo, alarmados com a fome, o vento, os movimentos intestinais, sobrecarregados pelos sentimentos. Estamos quase literalmente sendo atacado”.

O livro tem ares cinematográficos, com capítulos curtos e diálogos instigantes. Além de ser repleto de técnicas tradicionais de thrillers, como especulação de suspeitos ou tentativas de descobrir se falam ou não a verdade, também possui discussões sociais relevantes sobre as instituições judiciárias de saúde e sobre a infância. Com um início um pouco lento, a história ganha muito fôlego da metade para o final. Aliás, sem spoilers, mas se preparem para um final incrível, digno de adaptação para as telonas. Os direitos já foram comprados pela produtora de Brad Pitt, mas ainda não há previsão para o início das filmagens.

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