Vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1929, o conceituado escritor alemão Thomas Mann (1875-1955) tem um de seus contos transformado na peça “O Caminho do Cemitério Corria Sempre ao Lado da Estrada”. O espetáculo, que tem direção de Celso Frateschi, estreia no dia 19 de outubro no Teatro Ágora, em São Paulo.
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Filho de um alemão e uma brasileira, Mann é mais conhecido por romances como “O Buddenbrooks”, “A Montanha Mágica”, “Morte em Veneza” e “Doutor Fausto”, no entanto, ele também se dedicou a escrever contos e novelas ao longo de toda a sua produção literária. Suas obras ressaltam os conflitos éticos, morais, políticos, sociais e psicológicos de forma vigorosa.
Escrito em 1901, “O Caminho do Cemitério” (título original) está entre as obras mais expressionistas do autor, que geralmente estão povoadas por personagens amargos, apresentados em situações irônicas e comoventes. A montagem teatral adota o texto original de Mann na íntegra e sem adaptações dramatúrgicas.
A história acompanha um senhor desiludido com a vida que caminha em direção ao cemitério para visitar os túmulos de sua esposa e filhos. A tristeza desse homem rancoroso destoa da tarde vibrante e ensolarada. O caminho do protagonista se cruza com o de um jovem ciclista que passeia desavisado por aquele lugar e acaba perturbando o ritual do homem amargurado.
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A atriz mineira Maria Cristina Vilaça, que idealizou a montagem, conta que esse texto a acompanhou em diversos momentos de sua vida profissional. “Há 30 anos eu conheci esse conto que, como leitora e atriz, nunca deixou de me surpreender, a cada nova oportunidade de investigação. Num texto tão breve, a mim são reveladas diferentes e profundas dimensões, que não se esgotarão no processo dessa montagem teatral, tenho certeza”.
Ela ainda acrescenta que convidar o Celso Frateschi para dirigir foi uma escolha natural, conhecendo o processo dele nos núcleos de pesquisa do Ágora Teatro. “Além da pesquisa do narrativo, o fato do Celso não separar o fazer artístico da militância política, possibilitou eu ter modificado uma percepção romantizada do texto literário, o que amplia enormemente meu próprio olhar para as circunstâncias apresentadas pelo autor. Se eu acreditava conhecer bastante o conto, não poderia imaginar o mundo de possibilidades que o estudo do texto e da construção da cena teatral me traria, na direção do Celso, ao me debruçar mais uma vez nas palavras do Thomas Mann”.
Já o ator Plínio Soares, que divide a cena com Vilaça, foi aluno de Celso Frateschi na Escola de Arte Dramática – Eca/Usp e tem trabalhado com o diretor desde então. Ao longo dos anos, eles tiveram a oportunidade de atuar juntos no teatro e na televisão. O espetáculo ainda conta com a trilha sonora original de Carlos Zimbher, os arranjos e produção musical de Luca Frazão; o desenho de luz de Miló Martins, e o cenário e os figurinos de Sylvia Moreira.
“O Caminho do Cemitério Corria Sempre ao Lado da Estrada” é a primeira realização da MC Produções Artísticas, com estreia confirmada sem auxílio das leis de incentivo.
SERVIÇO
Espetáculo “O Caminho do Cemitério Corria Sempre ao Lado da Estrada”
Onde: Teatro Ágora
Endereço: Rua Rui Barbosa 672, Bela Vista – SP
Quando: 19 de outubro a 15 de dezembro
Horário: quarta e quinta às 20h
Quanto: R$ 40 (inteira) R$ 20 (meia)
Classificação etária: livre
Duração: 45 minutos
Informações: (11) 3284-0190 ou através do site