No folclore brasileiro, aquele que realiza um desejo com o cramulhão da garrafa vende sua alma ao diabo. Séculos atrás, as pessoas costumavam contar essas lendas para explicar as riquezas e a maldade de fazendeiros, coronéis do café e políticos. Mas, em “Terra de Almas Perdidas”, do escritor Jefferson Sarmento, uma história similar acontece no mundo contemporâneo, com ares de terror, suspense e mistério.
IMAGINÁRIO POPULAR, TERROR E UM RETRATO ESCRAVOCRATA SE ENCONTRAM EM “A CASA DAS 100 JANELAS”
As primeiras páginas introduzem alguns problemas aos leitores: Jonas Almozart fez um pacto para que Luiza, sua amante, permanecesse viva. O personagem principal, então, retoma todos os acontecimentos do passado que o levaram a estar sem rumo em uma estrada desconhecida, dentro de uma caminhonete com uma mulher que deveria estar morta.
A partir disso, o enredo mostra a trajetória do protagonista, que está em fuga após cometer um crime e encontra refúgio em um circo na Enseada dos Novenos. Na nova cidade, ele conhece Luiza, que não envelhece há três décadas e é cuidadora de Fausto, um velho de 132 anos. Porém, esse encontro trivial o envolverá na busca pelo cramulhão da garrafa e o fará lutar contra uma perversa mulher idolatrada por muitos cidadãos.
“Todas as pessoas que tocaram a garrafa dividiam o desejo mundano de possuir! Isso somado à arrogância humana, comum de todos nós. E todos fomos enganados por esse… esse engodo que Fausto criou. Uma enganação, uma religião de mentiras inventadas para dar aos homens um porquê, uma crença”. (Terra de Almas Perdidas, pg. 216)
Dividido em seis partes, além do prólogo e do epílogo, o livro ainda conta com ilustrações de personagens e cenas-chave para complementar a leitura. “Terra de Almas Perdidas” é uma narrativa de fantasia, mas dialoga com contradições, desejos e perversidades comuns da existência humana, como a dificuldade de reconhecer os próprios erros e os limites da ganância e do egoísmo. 552 páginas. R$ 64,90.
