TABU EM TORNO DA NUDEZ MASCULINA GANHA DESTAQUE NO MUSICAL “NAKED BOYS SINGING”

O ESPETÁCULO ESTREIA NO TEATRO SÉRGIO CARDOSO, EM SÃO PAULO, E TRAZ QUESTÕES IMPORTANTES SOBRE SEXUALIDADE
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16.10.2021

Caio Gallucci / Divulgação

Ó, nudez! Por que tu incomodas tanto?

Nascemos nus, biblicamente Adão e Eva vieram ao mundo despidos, o Brasil é um dos países que mais consome conteúdo adulto na internet no mundo, ou seja, todos pelados e sem contar que vivemos uma ditadura das tarjas, onde os politicamente corretos ditam as regras. Mulher nua é lindo, homem pelado é um horror, a sociedade ainda não evoluiu – infelizmente. Antes de estrear, o musical “Naked Boys Singing” já despertou a atenção de muitas pessoas – curiosas (por ter em cena atores nus) e sem informação (atacam, porém não possuem argumentos convincentes para explicar o desconforto). Leia alguns comentários postados no Instagram.

A nudez masculina ainda é um tabu, mesmo sendo explicita em grandes obras de arte e monumentos da Grécia Antiga, Egípcia e Renascença e tantos outros momentos artísticos da história da arte mundial. A obra “David”, de Michelângelo, “O Pensador”, de Rodin ou até mesmo “São João Batista”, de Caravaggio são algumas dessas obras que retratam de forma bela a nudez masculina, afinal, o corpo é expressão, e através de suas curvas e formas falam por si só. Vivemos tempos terríveis, o mundo vem em crescente evolução, mas os seres humanos estão presos no passado, o preconceito e o machismo reinam na atualidade.

COM QUANTAS REPRESSÕES SE FAZ UMA PESSOA?

As obras expostas nos principais museus retratam as representações sociais do corpo masculino, e despertam uma discussão de gênero, identidade e o próprio tabu em torno do corpo do homem, difícil entender a repulsa de muitas pessoas pela nudez masculina, por outro lado, as mesmas pessoas possuem certa curiosidade ao ver um corpo masculino despido. Freud explica – O cérebro humano estaria dividido em três partes: superego, ao qual representa as censuras e as convicções sociais, o ego que seria o elo entre o consciente e o inconsciente e o id, um trampolim dos desejos ocultos dos indivíduos. Então o superego diz às pessoas que elas devem repudiar a nudez, por outro lado, o id, quando consegue despistar o superego, faz florescer os desejos reprimidos da sociedade.

Já dizia Nelson Rodrigues, em 1965 – “Toda nudez será castigada” – e ele estava certo, mesmo antes de sua geração a nudez sempre foi condenada, lembrando que nudez é algo bem diferente de pornografia, deve ser por esse motivo que a sociedade não engula os peladões de plantão. Para nossa alegria, o Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, acaba de estrear “Naked Boys Singing” – um espetáculo de teatro musical, ícone da cultura gay, que teve sua estreia no Hollywood´s Celebration Teatre, em Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1998, e que posteriormente foi montado em New York, onde se tornou o segundo musical mais longevo off-Broadway. Produzido em mais de 20 países, desde a sua estreia sempre esteve em cartaz em algum lugar do mundo. Em 2020 o espetáculo estava em cartaz em Londres, mas teve que ser interrompido devido a pandemia.

No Brasil, a montagem tupiniquim, chega vinculado à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerido pela Amigos da Arte. O espetáculo traz músicas pujantes, tocadas ao vivo pelo ator e pianista Gabriel Fabri e defendido com energia e vitalidade por dez atores/cantores/bailarinos, além de uma equipe criativa com nove artistas. O elenco é formado por Victor Barreto, Tiago Prates, Silvano Vieira, Rairo, Raphael Mota, Luan Carvalho, Lucas Cordeiro, João Hespanholeto, Aquiles e André Lau. O espetáculo é dividido por 15 atos musicados, que abordam temas distintos relacionados ao corpo masculino, do cômico nonsense ao drama. Manu Littiéry é responsável pela assistência de direção, Ettore Veríssimo assina a direção musical, Rafael Oliveira responde por versionista, as coreografias são assinadas por Alex Martins, Daniele Dessierrê é responsável pela cenografia e figurino, Erika Altimeyer com a preparação de elenco, Gabriela Araújo desenho de luz, Rafael Gamboa é o copista e Alexandre De Marco assina a produção e a cenotecnia.

Segundo o diretor Rodrigo Alfer, a pele exposta em 2021 no musical terá um significado mais amplo e poético, principalmente pelo momento de pandemia em que fomos obrigados a nos cobrir, e temermos o corpo e contato com o outro. O musical além de libertador será uma celebração à vida.

Com sincronia, o elenco esbanja simpatia através de sua pluralidade. Temas importantes são trazidos em cena, pois precisamos falar sobre nudez masculina e normalizar o corpo de forma que todo o público saia do espetáculo bem informado. O ser humano está se olhando no espelho, mas não está se enxergando, precisamos romper barreiras e quebrar tabus de uma sociedade retrógrada.

SERVIÇO

“Naked Boys Singing” – Musical

Onde: Teatro Sérgio Cardoso,

Endereço: Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista – SP

Quando: 16 de outubro a 19 de dezembro

Horário: sábado às 19h e domingo às 20h

Quanto: R$ 40 (inteira) R$ 20 (meia)

Duração: 80 minutos

Classificação etária: 16 anos

Informações: (11) 3882-8080 – ramal 159 ou no site

AVISO – Nos dias 20, 21, 27 e 28 de novembro não haverá apresentações

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