Sou negro e até tenho amigos racistas, amigos que acham que por serem meus amigos, não são racistas
amigos que não me enxergam negro, acreditam que os outros são, mas eu não, não como os outros
tenho educação, sei falar direito, sou criativo, amigável, conheço as coisas até falo inglês, espanhol, francês alemão… como eu seria negro?
eu trabalho com o que gosto, sou artista e não um trabalhador como os outros negros, sou privilegiado como meus amigos, assim me falam, e se não falam, pensam.
os meus amigos me convidam a sentar com eles nos restaurantes, nos bares, fast food… tá vendo, sou diferente daqueles outros que estão no balcão com bandeja na mão que não se esforçam para estar onde estou [ou onde me colocaram?!]
“RESPEITEM MEUS CABELOS” – O RACISMO ESTÁ AÍ, SÓ NÃO APRENDE QUEM NÃO QUER!
sou bonito, bons dentes, pele hidratada, o cabelo é que entrega o exotismo, mesmo não sendo totalmente duro, mas tirando isso, não sou negro como os outros, negro negro negro mesmo, não sou.
posso até me aproximar daqueles gostosos, pauzudos, da cor do pecado, mas… não pareço que tenho pé na cozinha, nem na senzala, não sei dançar hip-hop, sambar, nem sou de escutar pagode
não sou dado às macumba, [sou de jesus cruz credo], eles dizem. e mesmo eu não sendo de verdade, como tá na moda #vidasnegrasimportam, olha eu aqui, para mostrar que se importam, que não enxergam minha pele nem meus traços físicos.
inclusive
a branquela disse que debaixo desse sol de deus me livre já tá ficando negona inclusive, o racismo tá ai também, chamar de branquelo… onde já se viu ficar revertendo as coisas?
mas é isso.
sou negro ou como me dizem
sou moreno, mulato, e tenho amigos racistas.
sobre os parentes?
fica pra outro dia essa poesia