O músico José Mauricio Horta, conhecido pelo nome artístico Kiko Horta, lança, finalmente, seu primeiro álbum solo, “Sanfona Carioca” (Selo Mestre Sala),depois de uma já extensa atividade musical, em vários setores da cultura carioca. O disco soa como uma síntese das múltiplas atividades musicais do artista como músico, arranjador e compositor. Traz uma mistura azeitada de samba, bossa-nova, jongo, gafieira, choro, forró, jazz, presentes na sua variada formação musical, tudo isso banhado nas águas cariocas.
Trata-se de uma viagem, cheia de balanço, pela trajetória da sanfona através da música produzida no Rio de Janeiro, desde a Rádio Nacional, passando pelas boates de Copacabana e gafieiras, dos anos 1970 em diante. Em seu primeiro álbum solo, Kiko reprocessa as influências que recebeu dos mestres do instrumento na sua atividade principal de acordeonista/sanfoneiro.

Ouvir este trabalho do acordeonista/sanfoneiro é puxar na nossa memória auditiva elementos de Luiz Gonzaga, Orlando Silveira, Dominguinhos, Sivuca, Chiquinho do Acordeom, Hermeto Pascoal, João Donato, tudo com o sotaque carioca de Kiko Horta acrescido, principalmente, da naturalidade e originalidade da linha de seus improvisos.
Os músicos que acompanham Kiko Horta neste trabalho sublinham a carioquice do som através do pandeiro de Marcus Suzano, também síntese dos pandeiros do samba, do choro, da música contemporânea; no sete cordas de Luís Filipe de Lima, síntese de Dino, Raphael Rabello, Baden Powell dos irmãos Walter e Waldir; no bandolim de Luiz Barcelos, síntese de Jacob e Joel Nascimento, e do contrabaixo elétrico de Ivan Machado, o baixista do samba, síntese de suas atividades como músico de Martinho da Vila, de vasta atuação em discos do gênero.
Além das belas autorais “Recomeço” e “Forró Transcendental”, Kiko Horta, ao lado de Luís Filipe de Lima (ambos produtores do álbum), escolheram para o repertório autores que espelham uma certa carioquice em suas temáticas. Casos de “Deixa o breque pra mim” (Altamiro Carrilho), “Catita” (K- Ximbinho), “Chorinho de gafieira” (Astor Silva), “Comigo é assim” (Zé Menezes), “Chorinho pro Miudinho” (Dominguinhos), “Dino pintando o Sete cordas” (Sivuca), “Meu lugar” (Arlindo Cruz e Mauro Diniz), “Um tom para Jobim” (Sivuca e Oswaldinho), todos de compositores e instrumentistas destacados em seus instrumentos.
Com uma base segura garantida pelas atuações de Ivan Machado, Marcus Suzano e Filipe Lima, Kiko Horta divide os improvisos com o virtuoso bandolim de Luís Barcelos.