A Globo Livros lança “Trans – Histórias Reais que Ajudam a Entender a Vida das Pessoas Transexuais Desde a Infância”. A obra dos jornalistas Renata Ceribelli e Bruno Della Latta é baseada na série “Quem sou eu?”, do Fantástico, que ganhou o prêmio Vladimir Herzog, dado às melhores produções jornalísticas que tratam do tema da anistia e dos direitos humanos.
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Dois anos após o fim da série, Renata e Bruno procuraram os personagens e atualizaram as histórias que reúnem neste livro. Incluem também histórias que não foram ao ar e inéditas. “Fomos atrás de todos para saber que rumos suas vidas tomaram. Se os sonhos a curto prazo ficaram mais difíceis ou se realizaram; se o mundo que hoje acelera o acesso à informação está tratando melhor quem nasce transexual. Fizemos este trabalho para entender os efeitos que uma maior visibilidade na mídia está trazendo em suas vidas”, conta Renata.
O livro é um extenso trabalho jornalístico de pesquisa, apuração e entrevistas que busca mostrar ao leitor a realidade e a vida dessas pessoas. “Montamos um retrato das pessoas que questionam seu gênero hoje, com todos os seus conflitos, seus dramas, suas lutas, suas derrotas e suas vitórias”, comenta Bruno.
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Bárbara Aires, consultora de gênero que trabalhou durante toda a produção da série junto à equipe do Fantástico, participa do livro como consultora e também personagem. “O Brasil é o líder no ranking mundial de assassinatos de pessoas trans e também é a nação que mais consome pornografia trans no mundo. E por que eu apresento esses dois dados? Para mostrar o lugar em que a sociedade nos enxerga, e compulsoriamente nos coloca. Dessa forma, fica mais evidente o porquê de nos considerarem à margem da sociedade, e facilita entender as vivências que você lerá a seguir, como a minha, e a importância em ocuparmos outros espaços, como ocupei, por exemplo, como consultora da série de um programa do porte do Fantástico. Você verá que minha trajetória não foi fácil e que ser a consultora da série foi uma de tantas vitórias que obtive na vida”, diz Bárbara.
Ela ainda completa: “Acredito que a comunidade trans vá receber o livro muito bem e de forma positiva, pois a equipe de produção da série teve a preocupação em ter uma pessoa trans como colega, entenderam o lugar de escuta e refletiram sobre o que foi passado. Isso reflete no livro, na forma como a Renata e o Bruno apresentam as histórias. E, sem dúvida, o resultado final, tanto da série quanto do livro, só foi possível porque a equipe teve essa sensibilidade”.