Por que uma indicação de Sophia Loren ao Oscar não deve ser descartada?

Veja três motivos que mantém chances da diva italiana concorrer pela terceira vez ao prêmio
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19.02.2021

Getty Images / Divulgação

Em 1962, aos 27 anos, Sophia Loren fez história ao se tornar a primeira atriz a receber o Oscar por um personagem interpretado em língua não inglesa. Convicta de que não ganharia o prêmio, não compareceu à cerimônia, onde sua Cesira, de ‘Duas Mulheres’, acabou batendo nomes como Audrey Hepburn, que concorria por ‘Bonequinha de Luxo’, e Natalie Wood, protagonista de ‘Clamor do Sexo’. No entanto, esteve lá no ano seguinte, entregando o prêmio de melhor ator a Gregory Peck, de ‘O Sol é Para Todos’. Voltou a ser indicada pouco tempo depois, em 1965, por ‘Matrimônio à Italiana’. Mais uma vez, não esteve presente. A estatueta foi conquistada por Julie Andrews, de ‘Mary Poppins’.

Sophia receberia, ainda, um Oscar honorário pela brilhante carreira, em 1991, entregue pelo mesmo Gregory Peck. Desta vez, compareceu visivelmente emocionada ao ser aplaudida, em pé, por todos os presentes (veja o vídeo). Passadas quase três décadas, e já considerada a maior atriz italiana de todos os tempos, Sophia Loren volta a atuar em um longa-metragem após dez anos. É com ‘Rosa e Momo’ (Netflix), dirigido por seu filho, Edoardo Ponti, que a diva pode concorrer pela terceira vez ao Oscar. Aos 86 anos, completados em setembro de 2020, seu possível retorno lhe garantiria dois recordes: atriz de maior idade a ser indicada ao prêmio, e maior período entre duas indicações (56 anos). Embora a chance desta histórica indicação acontecer não seja considerada alta, ela existe, e o Pepper detalha três boas razões para mantermos a musa no radar do Oscar 2021:

Há uma vaga em aberto

Ao analisar a atual temporada de premiações, percebe-se que três das cinco indicadas já estão praticamente garantidas: Frances McDormand vem forte em busca de seu terceiro Oscar, agora por ‘Nomadland’, que é também o grande favorito do ano; suas principais concorrentes devem ser Carey Mulligan, arrasadora em ‘Bela Vingança’, e Viola Davis, magnífica como sempre em ‘A Voz Suprema do Blues’. A quarta vaga parece bem encaminhada para Vanessa Kirby, fenomenal em ‘Pieces of a Woman’.

Restaria a última vaga, e ao menos cinco atrizes de olho nela. Além da própria Sophia, Andra Day, de ‘The United States vs. Billie Holiday’, tem sido a mais cotada para fechar a lista, sobretudo após sua indicação ao Globo de Ouro e Critics Choice Awards. Lembrada pelo sindicato dos atores (SAG), onde concorre por ‘Era Uma Vez um Sonho’, Amy Adams mantém a possibilidade de disputar o Oscar pela sétima vez. Por ‘Malcolm & Marie’, Zendaya também surge entre as apostas. Já Sidney Flanigan, por seu papel de estreia em ‘Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre’, foi a que mais venceu prêmios dentre as citadas. Além da indicação ao Critics Choice, concorre também no Spirit Awards, mais valorizada premiação do cinema independente americano. Embora Sophia Loren tenha recebido poucas indicações da crítica americana por ‘Rosa e Momo’, o item a seguir explica por que esse fato não deve minar sua chance.

Sophia Loren e seu filho Edoardo Ponti

Tradição estrangeira

Em 33 das 92 edições do Oscar até aqui, houve ao menos um ator ou atriz indicado pela interpretação de um personagem cujos diálogos são majoritariamente em língua não-inglesa. Isso já daria a ótima média de uma indicação estrangeira a cada três anos, porém o número fica ainda melhor se considerarmos a contagem somente a partir da primeira dessas indicações, conquistada pela grega Melina Mercouri, por ‘Nunca aos Domingos’, em 1961 – um ano antes da vitória de Sophia Loren.

Tendo em vista este critério, de lá para cá foram 33 indicações em 59 edições, aumentando a média para uma a cada dois anos. Mesmo considerando apenas a categoria feminina principal, esses números se comprovam com as últimas quatro indicadas: as francesas Emmanuelle Riva (‘Amor’, em 2013), Marion Cotillard (‘Dois Dias, Uma Noite’, em 2015) e Isabelle Huppert (‘Elle’, em 2017); além da mexicana Yalitza Aparicio, (‘Roma’, em 2019, que ainda teve Marina de Tavira indicada como coadjuvante). Por sinal, tanto Yalitza quanto Marina conquistaram suas indicações mesmo não disputando as estatuetas de maior prestígio na corrida pelo Oscar: Bafta, Globo de Ouro e SAG Awards.

Confirmaria Sophia Loren a tendência em 2021? É conveniente lembrar, no entanto, que mesmo se a italiana ficar de fora, ainda assim a média deve se confirmar, já que a sul-coreana Yuh-Jung Youn, por ‘Minari’, tem lugar quase certo entre as coadjuvantes. Ainda assim, há um terceiro fator positivo a favor de Sophia, como veremos a seguir.

Sophia Loren – Duas Mulheres (1962)

Atriz em evidência na Academia

Como em qualquer campanha, estar no foco das atenções pode contribuir decisivamente para o resultado. Ainda que Sophia Loren não esteja e nem precise gastar energia com isso, a lista com pré-indicados a nove categorias do Oscar, divulgada há alguns dias (leia aqui), traz bons indícios de que sua imagem anda bem visível entre os membros da Academia. ‘Rosa e Momo’ aparece entre os 15 pré-finalistas nas categorias trilha sonora e canção original. Por esta última, está indicado ao Globo de Ouro e Critics Choice, premiações em que também consta entre os concorrentes a melhor filme estrangeiro – possibilidade inexistente no Oscar, já que a Itália enviou ‘Notturno’ para a categoria filme internacional.

Sophia Loren em Rosa e Momo

Além disso, ainda observando as listas anunciadas pela Academia, ‘O que Sophia Loren faria?’ é um dos dez documentários em curta-metragem que seguem na disputa por uma das cinco vagas finais na categoria. Assim como ‘Rosa e Momo’, o curta também pertence à Netflix, o que demonstra um esforço coordenado em prol dessas candidaturas. A canção original, ‘Io sì’, interpretada por Laura Pausini, é a indicação que tem maior probabilidade de se concretizar. Na próxima semana a corrida pelo Oscar esquenta de vez, com a entrega do Globo do Ouro.

Confira os principais eventos da temporada de premiações de 2021:

28 de fevereiro – Globo de Ouro 2021

7 de março – Critics Choice Awards

15 de março – anúncio dos indicados ao Oscar 2021

24 de março – premiação do Sindicato dos Produtores (PGA)

4 de abril – premiação do Sindicato dos Atores (SAG)

10 de abril – premiação do Sindicato dos Diretores (DGA)

11 de abril – Bafta 2021

25 de abril – Oscar 2021

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