POLITICA DAS RELAÇÕES, MARCA A ESTREIA DA MOSTRA “JONATHAS DE ANDRADE: O REBOTE DO BOTE” NA PINACOTECA DE SÃO PAULO

A EXPOSIÇÃO APRESENTA A PRODUÇÃO DO ARTISTA QUE SE DEDICA A CONSTRUIR ABORDAGENS E VIVÊNCIAS
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27.09.2022

Jessica Bernardo / Divulgação

A Pinacoteca de São Paulo apresenta “Jonathas de Andrade: O Rebote do Bote”, a mais abrangente exposição do artista organizada até o momento. Com curadoria de Ana Maria Maia, curadora-chefe do espaço, o projeto, que ocupa o quarto andar da Pinacoteca Estação, oferece ao público um panorama da produção realizada por Jonathas durante os últimos quinze anos.

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Dividida em três salas, cada qual pensada como um núcleo conceitual, a mostra apresenta a produção deste artista que se dedica a construir abordagens e vivências, nas quais o acesso ao outro e às diferenças é motivado pelo desejo e, consequentemente, também carregado de performances do poder, disputas e questões éticas. “A ideia era percorrer momentos diferentes da carreira de Jonathas de Andrade, mas sem necessariamente criar uma cronologia. Pensamos em grandes temas, mas o fio condutor foi entender os aspectos dessas relações que ele propõe com pessoas, com colaboradores, personagens dos trabalhos”, afirma Ana Maria Maia.

Na sala 1, intitulada “Corpo Para Jogo”, a narrativa da mostra começa apresentando a sexualidade em um conjunto de obras que incorrem em tematizações da masculinidade e do homoerotismo. Vemos suas passagens por cidades, arquivos e histórias e, por meio delas, percebemos que a busca desse corpo é a todo tempo carregada de perigos e promessas.

Na sala 2, intitulada “Jogos de Corpos”, existe uma reflexão sobre as dinâmicas de alteridade, dotadas de mecanismos de escuta, colaborações e resistência. O artista costuma refletir sobre questões laborais e negociações constantes de lugares, agências e memórias sociais. Representado no exercício de sua ocupação, o trabalhador encontra formas de resistir ao olhar fotográfico; sua excelência no manejo do ofício torna-se ferramenta para tensionar o fetiche e disputar a direção da cena.

O destaque fica por conta da obra inédita “Museu da Caravana do Nordeste” (2022), que funciona como um desdobramento da obra “Cartazes” para o Museu do Homem do Nordeste (2013) [pp. 7, 102-105], adquirida para o acervo da Pinacoteca pelo Programa de Patronos da Arte Contemporânea, em 2017, e atualmente em exposição na apresentação do acervo do museu.

Também se destaca a obra “Teatro das Heroínas de Tejucupapo” (2022), em primeira exibição no Brasil e que apresenta uma encenação da batalha ocorrida no séc. XVII, na Zona da Mata de Pernambuco, na qual tropas holandesas foram expulsas do vilarejo por um grupo de mulheres. A presença desse trabalho nessa sala abre caminhos para pensar a questão de gênero, que na história e na pesquisa estética de Jonathas é predominantemente abordada por um viés da masculinidade.

A sala 3, intitulada “Escalas de Devoração”, aborda o jogo tenso de convívio e cuidado, preservação e saque, nos âmbitos sociais, institucionais e ambientais. A curadoria provoca um encontro de obras de tempos distintos. A peça “Nostalgia”, sentimento de classe (2012) traz o tema da arquitetura modernista, que por um bom tempo foi amplamente explorado pelo artista. A instalação discute a ideia de que, quando o patrimônio arquitetônico não é tratado como um bem coletivo, ele só resiste como fetiche, como posse. A obra envolve as paredes externas da sala do vídeo “Nó na Garganta” (2022), obra comissionada e produzida pela Fondazione In Between Art and Film, que fez parte da instalação “Com o coração saindo pela boca”, exibida no Pavilhão do Brasil na 59a Bienal de Veneza. Nele, se estabelece uma relação limítrofe entre os cuidadores de um zoológico e diversas cobras.

Nessa sala é também apresentado o projeto “Decalque Estilhaço” (2022), o primeiro exercício de autorrepresentação na carreira de Jonathas, que sempre se dispôs a mostrar a figura do outro e do coletivo. A obra evoca o começo de um processo criativo no qual colocar-se em cena, tornar-se imagem, é parte do exercício artístico e político de se implicar.

A mostra terá um catálogo bilíngue, que será vendido nas lojas físicas e on-line do museu. A Pinacoteca ainda produzirá um vídeo e um tour virtual para serem disponibilizados ao público no site do museu ao longo da exposição.

SERVIÇO

Exposição “Jonathas de Andrade: O Rebote do Bote”

Onde: Pinacoteca do Estado de São Paulo

Endereço: Largo General Osório, 66, 4o andar, Luz – São Paulo

Quando: 24 de setembro de 2022 a 28 de fevereiro de 2023

Horário: quarta a segunda, das 10h às 17h

Quanto: entrada gratuita

Informações: (11) 3335-4990 ou através do site

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