E se o amor da sua vida estiver do outro lado da tela do celular? E se aquele crush para o qual você mandou um emoji nos stories e começou uma paquera fosse a sua cara metade, mas você não teve coragem de marcar o encontro? A partir de questões como estas, analisando frustrações típicas dos relacionamentos modernos, o cantor e compositor Piettro criou a canção “E se for amor?”. A canção é fruto de um music camp, grupo de compositores que se unem para criar canções uns pros outros, e conta com coautoria de Bia Marques, Sabrina Lopez e Luiza Lapa.
UNINDO AMOR E REBELDIA, LUÍZA LAPA E PIETTRO LANÇAM O CLIPE DA CANÇÃO “IRRESPONSÁVEL”
Confessional, Piettro costuma escrever sobre situações que ele mesmo experiencia, e com as quais sabe que muitos dos seus contemporâneos podem se identificar. “Tem acontecido muito comigo de flertar com algumas pessoas, propor encontrá-las e a pessoa sumir, ou não dar abertura. Às vezes o negócio não vai pra frente, fica só nas reaçõezinhas dos stories”, desabafa. Quem nunca passou por isso, não é mesmo? Os motivos podem ser inúmeros: insegurança, preguiça, medo da decepção, um momento ruim ou, em muitos casos, o preconceito em relação a corpos que não estão dentro de um padrão de beleza socialmente imposto. Por isso, os versos do cantor propõem se jogar e se permitir ser feliz: “E se for amor? Mesmo se não for só dá pra saber depois de tentar”.
Piettro reconhece que, muitas vezes, é ele a pessoa do outro lado da tela, “desperdiçando a chance de se apaixonar”. Quem nunca? “Eu acho que a gente se encontra nesses dois papeis continuamente. Até porque virou trivial essa paquera pela internet. As reações que o Instagram te sugere são sempre uma carinha de apaixonado, um foguinho, uma palminha, sempre algo validando o outro, e isso pode virar uma paquera ou um flerte muito facilmente”, analisa.
LUÍZA LAPA E PIETTRO UNEM PAIXÃO E LEVEZA NO CLIPE DE “UM ROMANCE CLICHÊ”, PRIMEIRO TRABALHO JUNTOS
O videoclipe, que chegou com a música, expressa bem essa dicotomia. Nele, Piettro contracena, num cenário minimalista, com o multiartista Vittu, que forma com o cantor o par romântico idealizado na música. Em cena, não fica tão claro quem está disposto ao encontro e quem tem medo, claro o clipe expressa bem essa dupla articulação entre ser a pessoa que teme o encontro, nem os porquês, deixando em aberto para a interpretação do espectador.
Piettro costuma usar os videoclipes como uma forma de ampliar o significado e a narrativa da música. Vittu, que se define como um modelo plus size, um artista gordo e gordoativista, explica a relevância de colocar em tela casais possíveis como o retratado no clipe. “As oportunidades de trabalho acabam sendo menores, por eu ser uma pessoa gorda que faz arte, mas ao mesmo tempo isso tem implicação direta nas minhas expressões artísticas, porque eu tento ser uma pessoa dissidente que se destaca na arte sendo um corpo não padrão. E é bem complicado ser um artista não padrão”, declara.
PIETTRO APOSTA EM UMA MISTURA DE PISEIRO E POP NO CLIPE DE “REI DA COCADA”
Vittu comenta ainda sobre como as reflexões propostas na música são vivenciadas por ele. “Eu acho a temática bastante atual. A internet é meio dúbia nesse aspecto. Ela possibilita que você acesse pessoas que, talvez, sem internet, nunca acessaria. Mas ao mesmo tempo tem essas inseguranças. Sair do virtual e ir pro real é bem complexo. Eu já passei por várias situações de pessoas que só flertam virtualmente. Pessoalmente, a pessoa se faz de doida, não corresponde, te coloca na friendzone”, lamenta.
O clipe expressa essa dubiedade em cenas que exploram a relação entre proximidade e distância, como quando os atores estão sentados, de costas, conversando pelo celular; ou quando Vittu, atrás de um tecido branco, parece algo que está ao alcance dos dedos, mas, ao mesmo tempo, é intangível, inalcançável. Para Piettro, as reflexões sociais levantadas pelo trabalho vão atingir o público em cheio, mas, no fundo, se trata de uma música romântica, e que é isso que vai capturar o coração dos fãs.
“RECAÍDA DA MINHA VIDA”, NOVO SINGLE DE PIETTRO, TRAZ SOFRÊNCIA EM CLIMA DE ARRAIAL
Para o figurino, Piettro optou por usar roupas simples e despojadas, na contramão do que vinha fazendo até então. Neste clipe, as roupas ousadas, elaboradas e extravagantes foram deixadas de lado para criar uma conexão mais íntima com a mensagem. “Eu acho que eu passei de uma fase em que eu queria muito impressionar, para uma fase em que eu quero fazer as pessoas pensarem através das letras. Que não seja só mais uma estética legal, mas que faça a pessoa parar para refletir dois minutos e levar pelo resto do dia”, anseia.
Musicalmente, a canção explora duas referências muito nítidas, o pop alternativo do Coldplay e o romântico popular de Luan Santana, aprofundando a trilha aberta pelo cantor nos trabalhos anteriores, como “Rei da Cocada”. A nova música ganhará uma versão exclusiva para as rádios, apelidada de radio edit, afinal, nem só de celulares vivem os ouvintes de música, nem os amantes. Assista ao clipe:
