OTIS SELIMANE AO LADO DE MATEUS ALELUIA, TRAZ NOVAS CAMADAS SONORAS EM UMA RELEITURA ESPIRITUAL DE “CORDEIRO DE NANÔ

“ESSA MÚSICA É UM PORTAL, É COMO SE AS VOZES DOS TINCOÃS E A FORÇA DE NANÃ ME ATRAVESSASSEM PELA MBIRA”
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09.07.2025

Ju Bravo

O cantor, compositor e multi-instrumentista moçambicano Otis Selimane lança “Cordeiro de Nanã”, uma releitura intensa e espiritual da obra do grupo baiano Os Tincoãs, com participação especial de Mateus Aleluia — um de seus fundadores. O single abre os caminhos para o álbum “Músicas de Mbira e Outros Contos Bantu”, previsto para agosto, e reafirma a mbira como instrumento de reconexão histórica entre África e Brasil.

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Gravada em voz e mbira Nyunga Nyunga — instrumento milenar do povo shona, usado em rituais espirituais no sul da África, a canção adquire novas camadas sonoras, mantendo sua densidade poética e litúrgica. “Essa música é um portal. É como se as vozes dos Tincoãs e a força de Nanã me atravessassem pela mbira e me dissessem: coloca sua visão no mundo”, diz Otis.

A faixa marca também um rito pessoal para o artista. Seu primeiro contato com a música foi ainda criança, ao ouvi-lá na trilha sonora da novela Senhora do Destino. Anos depois, em um sarau em Poá, São Paulo, voltou a escutá-la e a gravou com o músico Eduardo Scaramuzza. Agora, eterniza uma nova versão ao lado de Aleluia“um presente ancestral, uma bênção mesmo”, define.

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Minimalista e ritual, o arranjo é uma ruptura em relação aos trabalhos anteriores de Otis, que costumavam contar com formações mais densas. “Foi um grande desafio propor uma estética com apenas um instrumento e a voz. Mas é assim que a mbira opera: ela pede espaço, escuta e tempo”, explica.

O videoclipe, com direção da artista baiana Nara Couto, mergulha no mesmo espírito contemplativo. Filmado por Douglas Aguiar, com captação de som de Zuculin, o vídeo acompanha a presença simbólica de Otis e Aleluia em um ambiente de trocas silenciosas e reverência mútua. Nos bastidores, o encontro entre os dois artistas gerou conversas descontraídas e afetivas – “resiliência, encontro e confirmação”, resume Otis.

“Cordeiro de Nanã” também marca um posicionamento. “A mbira foi ocidentalizada como kalimba e esvaziada de seu sentido original. Com esse disco, quero devolvê-la ao seu lugar de contadora de histórias, de guardiã da espiritualidade bantu”, afirma. O projeto amplia sua pesquisa sobre tradições orais africanas e celebra a resistência cultural dos povos de matriz bantu.

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