ORGULHO LGBTQIA+: COMO SE ORGULHAR NUM MUNDO QUE TE DIZ O CONTRÁRIO TODOS OS DIAS?

CADA LETRA TEM SUA PAUTA INDEPENDENTE, QUE NÃO DIALOGAM COM AS PAUTAS DAS LETRAS IRMÃS
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09.06.2021

Unsplash / Divulgação / Werther Santana

Chegamos ao mês dê junho, considerado pelo mundo como o mês de celebrar a diversidade (lê-se diferentes sexualidades e identidades de gênero). Tudo culmina com o dia 28 de junho, dia em que se comemora (?) o dia internacional do Orgulho LGBTQIA+. E como somos todos complexos em si, esse assunto também pode ser visto sob vários ângulos que nos levam a sentimentos diferentes.

Orgulho de que?

Olhando nossa história enquanto diversidade nos últimos trinta anos, do que temos que nos orgulhar? Você já se fez essa pergunta? Quando se lembra que somos o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo, o país que mais mata geráveis-vos e transexuais, não há orgulho algum. Mas ao vermos conquistas e avanços em coragem, ocupação de lugares inimagináveis, libertações mil, descobertas de novas sexualidades (bem vindo ‘+’) e evoluções de estudos sobre que vivência LGBTQIA+, temos muito que nos orgulhar. É sempre assim. Uma sensação agridoce que não sai da boca e incomoda.

Orgulho de quem?

Quem somos nós enquanto comunidade para saber de quem nos orgulhamos? Nos orgulhamos de nós mesmos ao olharmos nos espelho? Temos cada vez mais pessoas na liderança da luta contra a lgbtfobia. Assim como temos em várias áreas expoentes da nossa comunidade fazendo história. Mas então, por que enquanto comunidade de diversas letras fica tão difícil uma união e sensação verdadeira de comunidade?

Talvez pensando friamente, as letras têm pouca coisa em comum – entre elas o pedido de garantia a vida, serem respeitadas – e cada letra tem sua pauta independente, que não dialogam com as pautas das letras irmãs. Além da pauta, o machismo e a educação (ou falta de) provocam discussões, desentendimentos, julgamentos são apontamentos desnecessários demais, no melhor estilo “eu sofri a vida inteira por uma coisa e agora que posso falar faço o mesmo com as outras pessoas”.

O ESPELHO DE DUAS FACES – A GENTE TEM SE OLHADO, MAS NÃO SE VISTO

No fim, nessa ninguém solta a mão de ninguém (frase de piada pronta), só melhor ter orgulho de si. De sua vida e construção de legado ao mundo de desconstrução do sistema vigente é predominantemente masculino (lê-se sempre que tudo o que é feminino vale menos nesse mundo).

Orgulho como?

Como sentir orgulho num mundo que te diz o contrário todos os dias e toda hora? Que te lembra que você não é bem vindo, não é ‘aceito’, ‘tenho até amigos que são’. O segredo está na sua emancipação do orgulho. Deixar de depender de qualquer pessoa – e do mundo – para senti-lo. Somente você sabe as dores que seus pés trilharam e o quanto delas você venceu. E todas elas te tornaram a pessoa que você é hoje. E vale lembrar: o problema do mundo não é você! Se ninguém dá ao outro o que não dá bem a si mesmo, a lógica escancara o óbvio triste: às pessoas não respeitam as outras, pois não sabem o que é respeito. Pois se soubessem o valor do respeito dentro de si e na sua vida e o quão cruel é quando o desrespeito acontece, ninguém deixaria mais de respeitar qualquer pessoa que seja. Questão de humanidade, obviedade, empatia – está palavra em especial que fica bonita nas redes sociais e esquecida na gaveta dentro do coração trancada. Assim, orgulhe-se de se orgulhar por si!

HIV/AIDS

Esse ano o tema da Parada LGBTQIA+ de São Paulo traz a tona reflexões sobre HIV/AIDS e em como isso ainda é um tabu. Se você não tem as informações sobre o assunto, por favor, pare de olhar feed de Instagram e vá se informar. É de graça, não dói, e te deixa a par ao desconstruir os preconceitos existentes ainda hoje – sim caro leitor, em pleno 2021 tem gente que acha que não pode sentar na mesma cadeira que uma pessoa portadora do HIV, ou usar o mesmo talher, entre outras coisas – e que, convenhamos, não cabem mais na sociedade. Especialmente na comunidade LGBTQIA+.

Se você é daquelas pessoas que fazem piadas sobre soropositivos (mesmo entre amigos), se você espalha notícias sobre a sorologia de alguém sem o consentimento da mesma, se você propaga informações falsas sobre a realidade da doença, sinto muito, você faz um desserviço ao planeta. E invalida uma luta de milhares de pessoas. Desrespeita milhares de mortes causadas pela AIDS. Para não dizer coisas mais agressivas… Então, chegou a hora de trocar o preconceito por informação de uma vez por todas hein!

Um arco-íris… de hipocrisia

Para terminar, fica a minha reflexão de não tão orgulho quando se pensa nos caminhos, ou na falta deles, que estamos. Precisamos sempre saber de onde viemos, o que passamos, para saber para onde vamos. Qual o norte ou a utopia da caminhada? As gerações que habitam esse planeta hoje parecem não fazer questão de saber quem veio antes delas e as conquistas já realizadas a custo de muito sangue.

A ode à juventude que habita a classe GGG parece ter penetrado na memória cerebral, ou, ainda, adquirido uma memória de peixe – que guarda somente os últimos 5 segundos. Se Lulu Santos já cantava “assim caminha a humanidade, em passos de formiga e sem vontade”, às vezes me pego cantando a próxima estrofe para minha relação com a comunidade: “não vou dizer que foi ruim, também não foi tão bom assim… não imagine que te quero mal, apenas não te quero mais…”.

OPINIÃO: RESQUÍCIOS DO MACHO – PASSIVOS DO MUNDO, UNI-VOS!

A revolução se faz urgente com educação, com empatia, com sentimento e acolhimento. A revolução se da com amor. Todas as coisas que estão em falta hoje… ou seja, continuamos esperando por dias melhores.

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