Marujos Pataxó, projeto de samba dos povos originários do sul da Bahia, lança seu primeiro clipe, após lançar seu álbum de estreia. A faixa escolhida é “A Força dos Encantados” (assista abaixo), que dá nome ao disco, e que ganha um registro com o olhar do diretor Theo Bueno onde alguns personagens sagrados que fazem parte do folclore da Aldeia como o Pai da Mata e a Índia Jurema, cantam e dançam junto da música.
DUO FUZAKA UNE RITMOS AFRO-INDÍGENAS COM MÚSICA ELETRÔNICA NO EP VISUAL “FORRÓ ELETRÔNICO”
Presentes na formação do samba no sul da Bahia, as tradições percussivas e rítmicas do samba indígena seguem preservadas na Aldeia Mãe Barra Velha, no território Pataxó, onde a música é um ritual sagrado no qual os indígenas expressam sua fé e cultura com originalidade, passando de geração em geração através de músicas que retratam a natureza e a vida no campo.
O álbum tem produção musical de Lenis Rino, direção técnica de Tejo Damasceno e masterização de Fernando Sanches. Este é um registro histórico lançado pelos selos ybmusic e Sala da Toscaria. O projeto, com apoio do Natura Musical, ainda ganhará um documentário que apresenta a história do grupo, do gênero musical e do próprio povo Pataxó, um clipe e um remix assinado pelo Tropkillaz.
A contribuição dos povos originários para o que consideramos brasileiro é muitas vezes invisibilizada. Isso ocorre na vida pública, na língua, nos costumes, na culinária, na medicina, na arte e na música. O projeto visa a reconhecer a influência indígena na criação do samba brasileiro. Além de fortalecer e divulgar essa forma musical única, busca melhorar a qualidade de vida na Aldeia através da arte, gerando emprego, renda e preservando a cultura tradicional Pataxó. A marujada indígena se apresenta para o país todo compartilhando a memória, a luta e a cultura dos ancestrais de forma sustentável e global por meio da valorização de suas raízes na Aldeia Mãe Barra Velha.
O território, que conta com o Parque Nacional do Monte Pascoal e fica tão perto de onde começou a invasão em 1500, foi o primeiro aldeamento do Brasil e já consta com 523 anos de resistência. Depois do trágico massacre ocorrido em 1951, houve uma diáspora do povo Pataxó por diversos pontos do país, que ainda enxergam aquela aldeia e região como parte de suas raízes.
Um retrato da resiliência e da força, a cultura do povo Pataxó segue firme apesar de massacres, dores e de mais de quinhentos anos de invasões sofridas. O preconceito é uma forma constante e invisível de repressão, experimentada por muitos, mas debatida por poucos. A repressão ativa e violenta inclui a queima de casas, invasão de terras e até assassinato de indígenas. Permanecer nas terras, apesar de décadas de repressão cultural, é um ato de resistência em nome das gerações passadas e futuras. Por isso, o resgate cultural que ocorre por meio da valorização da identidade indígena é tão importante. Ouça o álbum na íntegra: