O poeta Manoel de Barros é tema da 43ª edição do programa Ocupação Itaú Cultural, que acontece até 7 de abril com entrada gratuita. Além de uma exposição, com manuscritos e outros materiais selecionados do acervo pessoal do homenageado, o projeto deu origem a uma série de vídeos e outros conteúdos on-line. (Aqui)
Lagarto, pedra, lata, porcaria. Na ponta do lápis, o poeta Manoel de Barros (1916–2014) exaltou a grandeza dos seres e objetos menos valorizados pela sociedade da máquina, do consumo e do descarte.
Pente. Lesma. Caco. Traste. Brincando com as normas da língua, dando às palavras doses de delírio e infância, encolhendo o horizonte no olho de um inseto, por exemplo, ele monumentou “as pobres coisas do chão mijadas de orvalho”. Os andarilhos. Os pobres-diabos. A poesia.
Embora um não deixasse o outro, Manoel definia a si mesmo como dois seres: um de osso, fazendeiro de gado por herança da família; e outro de linguagem, com vocação para fazer frases. Descobriu a paixão pelas palavras nos sermões do padre Antônio Vieira, ainda na adolescência, época em que estudava em regime de internato no Rio de Janeiro, e dali em diante entrou em contato com grandes criações da humanidade: conheceu outros países, leu os clássicos e os modernos de diferentes línguas e culturas. No entanto, foi a infância, vivida no Pantanal Sul-mato-grossense de Corumbá, a fonte maior de todo o seu trabalho criativo. “Sou por isso Proust e sapo. Ou vice-versa”, disse uma vez.
A Ocupação Manoel de Barros enfatiza o compromisso do Itaú Cultural em valorizar a literatura brasileira. Além de homenagear outros nomes desse meio de expressão em edições anteriores do programa, o instituto realiza, dentro e fora de sua sede, diversas atividades voltadas para a arte da linguagem.
SERVIÇO
Ocupação Manoel de Barros
Onde: Itaú Cultural
Endereço: Avenida Paulista, 149 – São Paulo
Quando: até 7 de abril
Horário: terça a sexta 9h às 20h – sábado, domingo e feriados 11h às 20h
Quanto: gratuito
Informações: (11) 2168-1777