Nascida no Paraná, Juliane Hooper saiu de casa aos 15 anos e viveu em diversas cidades do estado de São Paulo. Ao longo dos anos, foi parar na capital. Essas idas, e nunca vindas, fez com que a cantora e compositora entendesse bem quando o assunto é estar de passagem. Mas essa palavra pode ser usada apenas para mudanças de lugares? Foi refletindo sobre esse estado de impermanência que Juliane criou seu mais novo trabalho, o álbum “Efêmero”. E assim nos comprova, mais uma vez, que sabe transformar sua singularidade em arte.
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“Efêmero” nasce de uma ideia que gerou uma canção. Ao assistir ao filme “Antes da Meia-Noite”, dirigido por Richard Linklater, um diálogo sobre a transitoriedade da vida chamou a atenção de Juliane. Era a fala de uma personagem mais velha sobre beleza, melancolia, amor e saudade. Envolvida pela ideia e pela identificação, a cantora escreveu a poesia “Leaving”, que se transformou em música – a terceira faixa – e logo se tornou o ponto de partida para a construção do trabalho.

“Acho triste e bonito ao mesmo tempo a nossa finitude e como estamos realmente de passagem. Isso contrasta e completa um tema recorrente no meu trabalho, que é a busca pela essência, pela raiz, pelo lar; a aversão ao superficial, à inconstância, de alguém que busca essas raízes porque sempre esteve ‘solta’, perdida, sem lar e sem lugar fixo. O conflito que tudo isso gera é muito profundo”, conta Juliane Hooper.
O álbum traz sete faixas, mesclando português e inglês, sendo cinco produzidas por Julio Mossil, que também assina a produção do primeiro disco da cantora, “Soulful”, e uma faixa produzida por Mateus Lima, baixista que a acompanha há anos. Trazendo a percepção de não se manter no mesmo lugar, “Efêmero’ vem com neo soul, mas com referências e percepções diferentes em cada música. A instrumentalidade é rica com baixo, bateria, teclados/piano, guitarra, saxofone e ainda tem uma gaita, deixando tudo refinado.

“Borra da Ânsia” inicia o álbum e é uma parte da última faixa “Café com Gelo”. Enquanto a primeira faixa é cantada e acompanhada por um saxofone e piano, já é entendido o motivo da escolha do nome do álbum, a que finaliza o álbum tem a sua maior parte recitada e traz a poesia completa. “Products”, cantada em inglês, fala sobre objetificação e insuficiência, ou se sentir vendido, sem “valor”, substituível; manter uma distância para acreditar que se o real for revelado, ninguém vai admirar ou enxergar da mesma forma.
“Leaving” foi a maior inspiração para a criação do álbum, e carrega um blues com o acompanhamento de Big Chico tocando gaita. Em seguida, “Drown In Me”, lançada como single, é uma das faixas com estilos mais diferentes que a cantora já tocou, a canção é um indie rock e faz um mergulho emocional em águas turbulentas da perda e auto-reflexão.
A animada “Better Man” é a letra mais antiga, escrita em 2016 e produzida por Mateus Lima. E por fim, “Se Errar, A Gente Continua”, em uma atmosfera mais caseira de uma reunião entre amigos, a faixa foi gravada pelo celular, enquanto Juliane e seu namorado testavam vozes de uma música. Juliane é acompanhada no violão por Bruno Picolo em um som acústico e calmo.
Efêmero começou a ser gravado em 2024 com apoio e realização de Xexeu Tripóli e ADAAP/SP Escola de Teatro. Juliane Hooper apresenta no dia 12 de abril, o show de lançamento gratuito na SP Escola de Teatro. Ouça o álbum na íntegra: