Para muitos, as tramas escritas por Jane Austen tem como único e principal desfecho o casamento ideal, mas seus romances vão muito, além disso. Com Austen é possível compreender como era a elite inglesa do século XIX, a hegemonia entre as burguesias dos países europeus e afins.
Por mais que no seu tempo o conceito de feminismo ainda não havia sido criado, todas suas personagens estão colocadas em um mesmo patamar de inteligência que os homens, algo muito raro de se ver naquela época.
Em uma passagem da obra Persuasão, publicada pelo selo Via Leitura do Grupo Editorial Edipro, a autora critica a tradição de enxergarmos os sentimentos femininos apenas pelos olhos dos homens na literatura. Quando Anne Elliot pergunta ao Capitão Harville quem ama por mais tempo, o homem ou a mulher, o rapaz julga não conhecer um único livro que não retrate sobre a instabilidade feminina e ao retrucá-lo, a jovem diz:
“[…], por favor, sem referências a exemplos de livros. Os homens tiveram todas as vantagens sobre nós para contar as próprias histórias. […] A pena tem estado em suas mãos. Não permitirei que livros provem qualquer coisa.”
É notável que Jane Austen se liberta dessa tradição e permite que as mulheres não se submetam ao pensamento masculino, mostrando em pequenas situações do dia a dia a autonomia feminina. Ao aludir o matrimônio em suas histórias, a autora conflita com sua própria realidade, expondo as regras severas as quais as mulheres eram submetidas. 224 páginas. R$ 53,90.