No sentido literal da palavra, Fuz Aka significa festa, bagunça e mistura, ao qual são muito apropriadas para definir a pesquisa musical que o duo liderado por Ricardo Mingardi e Fernando Barroso fazem para essa fusão de ritmos e linguagens com maestria. Trata-se de um projeto novo que nasceu do encontro dos músicos paulistas, que se conheceram através da arte-educação em um projeto social.
DUO FUZAKA UNE RITMOS AFRO-INDÍGENAS COM MÚSICA ELETRÔNICA NO EP VISUAL “FORRÓ ELETRÔNICO”
Mingardi é kazvmba e Barroso se transformou em rabequeiro, identidades adotadas pelos artistas que faz total sentido para sua musicalidade. “Desde o início do projeto passamos a utilizar essas identidades, com referências a personagens e brincantes da cultura tradicional como cavalo marinho de Pernambuco e o Boi Bumbá do Maranhão”, explica o duo.
Em seu último trabalho o EP “Forró Eletrônico” (2023), a dupla criou uma realidade animada para os personagens de Fuz Aka, em um cenário de ilustrações futuristas que abriram diálogo sobre a importância do resgate e divulgação para diferentes públicos e novas gerações da cultura brasileira. Misturando ritmos afro-indígenas com música eletrônica, os músicos fazem bastante uso da rabeca, instrumento com forte influência em suas composições.
“A rabeca sempre esteve presente no projeto, pois é um instrumento de grande importância para nossas composições, sendo uma característica marcante em nosso trabalho, que busca sempre evidenciar a cultura ancestral brasileira. A rabeca é o tempero principal de nosso prato [risos]”, pontuam.
E agora, acabam de lançar o videoclipe do single “Oya Matamba Caboclo Chegô” que apresenta beats eletrônicos e a marcante presença da rabeca combinada com tambores, percussões digitais e o forte visual de elementos e referências aos cultos e festas brasileiras de matrizes afro-indígenas, além dos vocais de Ricardo Mingardi (kazvmba), a canção tem participação especial da cantora Ella Voa.
“A parceria com Ella surgiu a partir de um festival em São Paulo no qual fomos convidados para fazer uma apresentação juntos, sem se conhecer, nos encontramos para ensaiar e fizemos algumas composições para essas apresentações, deste encontro surgiu o single ‘Oya Matamba Caboclo Chegô’”, disse Mingardi.
“Oya Matamba Caboclo Chegô” traz referências com a umbanda e o candomblé, ao qual a Fuz Aka explica sobre o processo de criação do novo projeto: “ele tem com base fundamentos e tradições das culturas afro-indígenas, e essa ligação está sempre presente na pesquisa do duo, as entidades encantadas são guias que conduzem os trabalhos e estão sempre a frente de tudo que fazemos dando orientações e caminhos, neste single buscamos afirmar mais essa influência que mostra um pouco do que está por vir”.
Essa combinação resulta numa atmosfera futurista e inovadora, envolvendo o público com elementos visuais e sonoros, afirmando o compromisso do projeto de trabalhar com diferentes linguagens artísticas utilizando tecnologias ancestrais e urbanas. O tema foi produzido, mixado e masterizado de forma independente e vem para colocar em destaque a identidade cultural e histórica de um território que carrega uma rica herança de miscigenação étnica, exaltando a importância dos povos originários brasileiros nessa construção.
“Estamos preparando o nosso primeiro álbum, que vai trazer com bastante evidência essa nossa influência com os cultos e tradições afro-indígenas, como a umbanda, por exemplo, estamos em produção para o segundo semestre – muitas novidades estão por vir. Faremos uma apresentação de lançamento do single com participação da Ella Voa no dia 6 de abril, às 20h, no Centro Cultural Afrika, localizado na Rua Major Diogo, 518, Bela Vista, em São Paulo”, finalizam. Assista ao clipe: