“ESTUDAR SOBRE A MARIA CALLAS ME ENSINOU SOBRE DISCIPLINA E PERSISTÊNCIA”, DIZ VANESSA GERBELLI

ANDERSON BUENO ASSINA O VISAGISMO DA PEÇA “PARABÉNS SENHOR PRESIDENTE, IN CONCERT” E TRAZ DETALHES DA CONSTRUÇÃO DAS PERSONAGENS
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25.09.2023

Mark Aichholzer-Bueno

O ano era 1962, na ocasião era comemorado o aniversário do então presidente norte-americano John F. Kennedy, a data ficou marcada historicamente devido à participação da atriz Marilyn Monroe, que surgiu deslumbrante sussurrando a canção “Happy Birthday” – fato lembrado até os dias atuais. Na mesma noite, a soprano Maria Callas, conhecida como “la divina”, fez sua brilhante apresentação ao cantar “Habanera”, música que integrava a ópera “Carmen” – como um estalar de dedos nos bastidores – Monroe e Callas se conheceram de forma relâmpago.

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A partir deste encontro, é construída a narrativa do espetáculo “Parabéns Senhor Presidente, in Concert”, estrelado por Vanessa Gerbelli (Maria Callas) e Juliana Knust (Marilyn Monroe), que estreia no dia 6 de outubro, em curtíssima temporada, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. A direção é de Fernando Philbert e o visagismo é assinado pelo makeup designer Anderson Bueno.

“O que eu mais gosto neste trabalho de aproximação com as grandes personalidades é que elas sempre nos ensinam coisas fundamentais. Não é à toa que alguém se torna um mito. Estudar sobre a Callas me ensinou sobre disciplina e persistência. Posso dizer que, em meio a um trabalho na TV bastante exaustivo, estudei todos os dias para cantar as partituras que canto na peça. Nosso diretor não quis que “imitássemos” Marilyn ou Callas, então assisti a muitos concertos, entrevistas, li o máximo que pude sobre ela, para tentar compreender a sua personalidade e tentar trazer a sua energia para o palco”, comenta Vanessa Gerbelli sobre a preparação na construção da personagem Maria Callas. 

Com uma emocionante trilha sonora que transita por diferentes estilos e canções inéditas interpretadas pelas atrizes em duetos, solos e duas famosas árias de ópera, o espetáculo consegue unir as duas figuras tão distintas através da maior paixão em comum – a arte. As icônicas personagens partem de suas próprias histórias para, durante a peça, mergulhar em diferentes temas contemporâneos que envolvem muitas mulheres nos dias atuais.

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“Quando fui convidado pela produção, o figurino já havia sido concebido, até porque, ele tenta ser o mais fiel possível do real, já que estamos contando uma história verídica. Então, trouxe para a maquiagem um pouco do que elas usaram, mas principalmente a personalidade de cada uma. Para Marilyn Monroe, destaquei o seu ar ingênuo, mantendo a pele clara, maçãs rosadas, mas com a sensualidade dos olhos bem marcados. Já para Maria Callas, os olhos super marcados com delineadores grossos, trazendo a dramaticidade para a maquiagem – sua marca registrada em seus papéis”, explicou Anderson Bueno.

Na última semana (16 de setembro), completou 46 anos do falecimento da estrela nova-iorquina, e logo mais em 2 de dezembro, será comemorado o centenário de Maria Callas – data importante e simbólica no mercado de entretenimento, já que “la divina”, despontou no cenário lírico em 1948, como protagonista da ópera “Norma”, de Bellini, em Florença, mas foi em 1950, que Callas despontou mundialmente fazendo apresentações nas mais famosas casas de espetáculos da época – ficou conhecida por seu perfeccionismo.  

“Eu sou muito apaixonada pela artista que ela foi e pelo legado que deixou. Ninguém se compara a ela como cantora. Como atriz que sou, tentei aprimorar o meu instrumento para interpretar uma cantora lírica. O canto erudito exige uma formação de cinco, seis anos. Eu não tinha esse tempo, então me agarrei aos estudos com meu professor Breno Pizzorno, ele mesmo estava muito envolvido com o canto erudito, filho de cantora erudita, cujo livro de cabeceira era a biografia da Callas – abri os ouvidos e pratiquei o máximo que pude. Posso dizer que vou continuar praticando, pois é um exercício maravilhoso para qualquer ator”, disse Gerbelli.

“Confesso que não foi um processo de criação difícil, já que existem inúmeros vídeos e fotografias sobre Maria Callas, ao qual tirei minhas referências. Em nosso primeiro encontro demoramos duas horas, para testar a maquiagem e criar o penteado. É muito bom poder trabalhar com uma atriz que está aberta às possibilidades, entende as necessidades do visagismo para compor e dar vida ao personagem, em especial quando a mesma existiu de verdade. Creio que o mais “delicado”, se assim posso dizer, em relação ao visagismo, foi a peruca que ela usa, pois precisa ter volume com efeito e ao mesmo tempo ser segura e confortável”, finaliza Anderson Bueno sobre a montagem do visagismo de Callas. 

Talvez, a personagem de Maria Callas, na trama de “Parabéns Senhor Presidente, in Concert”, não poderia ser destinada a melhor pessoa, já que Vanessa Gerbelli possui certas semelhanças com “la divina” – “a perseverança, a paixão, a teimosia, a vulnerabilidade e o amor pelos cachorros”, destaca a atriz.

Ao ser questionada como seria Maria Callas em tempos de bundalização, Vanessa Gerbelli finaliza pontualmente. “Talvez estivesse deprimida… ou ativista, quem sabe? Vejo que grandes artistas passaram os últimos anos bastante calados. A internet trouxe uma revolução imensa e, com ela, uma cultura mais imatura, naturalmente. Quem nasceu em meio a essa tecnologia se expressa melhor por ela e o mercado volta seus olhos para o que tem mais popularidade nessas mídias. O problema é que a popularidade nos dias de hoje está pouco ligada a valores de qualidade ou talento artístico. É um momento de muita difusão de conteúdo e de pouca reflexão. O lado bom é que todos podem se expressar – é super democrático”.

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