Formada em 2023 a partir do encontro despretensioso de quatro amigos, a banda paulista cumbuca se apresenta por meio de seu primeiro EP homônimo. Captado de maneira analógica, o trabalho busca mostrar o som feito por Deco Gontijo (vocal, guitarra, violão e sintetizador), Henrique Borto (vocal, guitarra e sintetizador), Júlio Madella (bateria, vocal e percussão) e Toni Morais (baixo) – enquanto experimentam entre o indie rock, pós-punk, MPB e shoegaze.
“Começamos como quatro amigos querendo apenas tocar juntos ‘Mistério do Planeta’ dos Novos Baianos. Naquela época, não tínhamos nenhuma ambição maior, mas as composições surgiram e fomos nos percebendo como uma banda autoral de fato. Uma das principais motivações vem de observar uma cena atual muito rica do rock nacional e, esperançosamente, poder fazer parte dela”, conta Henrique sobre o surgimento do quarteto e as aspirações dos músicos.
As músicas escolhidas para dar vida ao EP são algumas das primeiras composições do grupo, carregando a essência da cumbuca em sua forma mais direta. Segundo Deco, “essas faixas mostram um pouco de tudo o que a banda é capaz de fazer, mesmo sem uma coesão total. Para esse EP, pensamos em apresentar as nossas referências de forma mais crua e direta, o que faz sentido em uma estreia”. Ao longo da tracklist, com as canções “meus problemas“, “descanso“, “passear na praia” e “resolução” é possível perceber as influências de nomes lendários como Clube da Esquina, Radiohead, Pavement e The Cure.
No leque de referências também é listado Dinosaur Jr., e bandas nacionais da nova geração como Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo e Boogarins, além do new wave e pós punk brasileiro de Defalla, Fellini e Metrô.
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O EP foi gravado entre julho e setembro de 2024 no Inhame Studio, em Cotia, na grande São Paulo, com produção de Rubens Adati e Bianca Godoi. “Queríamos que, acima de tudo, o estúdio nos ajudasse com ideias de gravação e que abraçasse nossa vontade de utilizar uma captação analógica. O Inhame casou perfeitamente, a direção criativa do Rubens aperfeiçoou a maneira como tocamos essas faixas. A cada sugestão dele, destravamos um pouco mais de cada música”, afirma Toni.
A primeira faixa, “meus problemas“, é a mais pop do EP, com um riff marcante e uma harmonia que remete ao rock e R&B dos anos 60 e 70. A letra aborda o medo de se entregar a um relacionamento e a libertação que vem com isso. Já “descanso“ traz um pós-punk acelerado, com sintetizadores, bateria eletrônica e guitarras frenéticas. Segundo o grupo, esta foi a canção mais trabalhosa de gravar, exigindo o uso de clickpara alinhar os elementos eletrônicos. Sua composição reflete sobre encontrar seu lugar e lidar com as mudanças em um relacionamento.
“passear na praia“, por sua vez, dialoga diretamente com o início da banda, com uma forte inspiração em Novos Baianos. Ela conta com afoxé e triângulo e a mistura do violão de nylon com a guitarra psicodélica. Completando o EP, “resolução“ aposta no shoegaze melancólico, com uma estrutura que cresce até um clímax denso e esperançoso. É a faixa mais longa e complexa, explorando a ideia de novos começos.
“É muito satisfatório ver e ouvir algo que nós criamos por tanto tempo e juntos, quase como um filho. E, claro, poder fazer parte de uma cena tão brilhante da música brasileira, como um todo”, finaliza Júlio. Ouça o EP na íntegra:
