O riquíssimo teatro de cordel do saudoso dramaturgo Chico de Assis é investigado pela diretora Débora Dubois em uma nova montagem da peça “Xandú Quaresma – A Farsa com Cangaceiro, Truco e Padre”, que estreou nesta semana no Teatro João Caetano, em São Paulo. O espetáculo, que também tem direção musical de Thomas Huszar e Alex Huszar, segue em cartaz até o dia 25 de setembro em diversos teatros da prefeitura (agenda abaixo).
A produção é estrelada por José Eduardo Rennó, Cristiano Tomiossi, Conrado Caputo, Greta Antoine, Gisela Millás, Dênis Goyos e Lui Vizotto. Além disso, tem cenografia de Débora Dubois e elenco e figurinos assinados por Kleber Montanheiro.
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Encenado pela primeira vez em 1967, o texto de Chico de Assis se chamava originalmente “Farsa com Cangaceiro Truco e Padre” e encerrava uma trilogia de teatro de cordel, composta ainda pelas peças “O Testamento do Cangaceiro” (1961) e “A Aventura de Ripió Lacraia” (1963).
Sobre essa estética investigada pelo autor, a diretora Débora Dubois explica: “É um gênero que reproduz os valores tradicionais e conservadores de uma época, cuja sobrevivência de seus personagens estradeiros, pícaros, anti-heróis por definição, dá-se por força da astúcia em escapar de um sistema opressor”.
O espetáculo retrata um grupo de teatro mambembe musical que conta as maravilhosas histórias do prisioneiro Xandú Quaresma em uma cidadezinha do sertão nordestino chamada São Sebastião da Serra. Ele está encarcerado há dois anos por enganar o Vigário ao vender-lhe um cavalo cego e velho.
O fora da lei relata que só está preso esse tempo todo porque todos adoram ouvir os seus causos, já que ele é a pessoa mais interessante, criativa e arguta que passou pela cidade em muitos anos. Ao narrar todas suas histórias fantasiosas, Xandú deixa todo mundo na dúvida sobre o que é verdade e o que é mentira em seus relatos. E essa divertida comédia de costumes ainda evoca figuras históricas brasileiras, como Marechal Deodoro, Padre Cícero, Antonio Conselheiro e Lampião.
“O texto de Chico de Assis é de um humor inteligente, que lembra as grandes obras e os personagens de Ariano Suassuna, assim como o início do cinema no Brasil com Mazzaropi, Oscarito e Grande Otelo”, compara a diretora. Ela ainda conta que a vontade de montar essa peça surgiu como uma resposta ao enorme aumento da pobreza, da desesperança e da dor enfrentadas pelo povo brasileiro nos últimos anos.
“Transformei esses personagens de São Sebastião da Serra numa trupe de teatro que espera a oportunidade para se apresentar e fazer o povo sorrir. Comecei a trabalhar com o elenco diversas formas de se movimentarem de maneira grupal, em blocos formados tanto para construir as cenas consecutivas como para cantar e dançar, numa pesquisa sobre coralidades que muito tem a ver com as manifestações folclóricas brasileiras e as ancestralidades gregas e europeias em geral”, revela.
Para dar forma a esses conceitos de forma bela e lúdica, o espetáculo conta com ajuda do bailarino e coreógrafo Roberto Alencar. Já as canções originais de Thomas e Alex Huszar buscam uma mistura de sonoridades tradicionais brasileiras com ritmos extraídos de movimentos que invadem a internet – no TikTok e no Instagram, por exemplo. E, por fim, os figurinos de Kléber Montanheiro têm como inspiração uma poética e bela releitura do quadro “Os Retirantes” (1944), do famoso pintor modernista paulista Candido Portinari.
SERVIÇO
Espetáculo “Xandú Quaresma – A Farsa com Cangaceiro, Truco e Padre”
Onde: Teatro João Caetano
Endereço: Rua Borges Lagoa, 650, Vila Mariana – São Paulo
Quando: 4 a 7 de agosto
Horário: quinta a sábado às 21h e domingo às 19h
Quanto: entrada gratuita
Onde: Teatro Alfredo Mesquita
Endereço: Avenida Santos Dumont, 1770, Santana – São Paulo
Quando: 11 a 14 de agosto
Horário: quinta a sábado às 21h e domingo às 19h
Quanto: entrada gratuita
Onde: Teatro Arthur Azevedo
Endereço: Avenida Paes de Barros, 955, Móoca – São Paulo
Quando: 18 a 21 de agosto
Horário: quinta a sábado às 21h e domingo às 19h
Quanto: entrada gratuita
Onde: Teatro Cacilda Becker
Endereço: Rua Tito, 295, Lapa – São Paulo
Quando: 2 a 25 de setembro
Horário: sexta e sábado às 21h e domingo às 19h
Quanto: entrada gratuita