COMEMORANDO O ANIVERSÁRIO DE 75 ANOS DO ÍCONE ZÉ RAMALHO, A SONY MUSIC CELEBRA COM O CLIPE DA CANÇÃO “CHÃO DE GIZ”

A EMBLEMÁTICA MÚSICA, CUJA GRAVAÇÃO ORIGINAL FOI LANÇADA EM 1978, TRAZ O ATOR VITOR SAMPAIO NO VÍDEO
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29.10.2024

Divulgação

por Rodrigo Faour

Um dos mais queridos artistas da música brasileira, o cantor e compositor Zé Ramalho, completou 75 anos no inicio do mês de outubro. Celebrando a data, a Sony Music lança um clipe caprichadíssimo no canal do artista no Youtube, em pleno mês da MPB – já que o “Dia da MPB” é comemorado em 17 de outubro, data de nascimento de Chiquinha Gonzaga. Dentre as centenas de composições do autor, a canção escolhida foi a emblemática “Chão de Giz”, cuja gravação original foi lançada em 1978, no seu álbum solo de estreia, lançado pela Epic/CBS, hoje Sony, o mesmo que projetou outros dois petardos imortais de sua lavra, “Avôhai” e “Vila do Sossego”.

O belíssimo videoclipe que traz a gravação original de “Chão de Giz” foi produzido por uma equipe de jovens talentosos capitaneados pela produtora Ynot, de Portugal, produtor executivo e diretor de fotografia (com Jesus Mendes, 36) que, por sua vez, recrutou duas colegas ainda mais jovens que eles – Day Porto e Hillary Freitas (27 e 25 anos, respectivamente) – para assinarem a direção do mesmo, sendo que esta última foi a responsável também pelo roteiro.

“Comecei a escutar a música em looping e pesquisar o que ela me trazia, mas senti uma vontade muito grande de entender que história havia atrás daquela obra que carregava tamanha personalidade, melodia e melancolia”, explica Hillary. “Foi então que descobri que Zé Ramalho havia se apaixonado por uma mulher mais velha em um carnaval de João Pessoa, que era comprometida com um homem importante da sociedade, e, no fundo, não queria nada com ele. Assim, escrevi a ficção a partir do fato original”.

Day Porto se diz emocionada e privilegiada em participar da direção de um clipe sobre uma canção tão representativa da MPB, aproveitando para justificar as escolhas da produção por uma estética bem brasileira, a começar pelo local de gravação. Foi filmado no pitoresco bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, em locações que lembram bastante a João Pessoa dos anos 1970. “Nós duas queríamos retratar um personagem principal muito parecido com o Zé, até para honrá-lo. Na verdade, a gente queria ele próprio no set, mas sabíamos que seria difícil, então nos aproximamos ao máximo de como ele era nessa idade, escalando um ator semelhante”, diz.

Quem está no papel principal do videoclipe de “Chão de Giz” é o ator Vitor Sampaio, que atualmente pode ser visto na novela das sete da TV Globo, “Volta por Cima”. Foi escolhido justamente pela semelhança física com o cantor quando jovem. Ele vive o papel de um homem que prefere não continuar mantendo romance com uma mulher, após tê-la visto numa mesa de bar com outro. “Sobre o restante do elenco do clipe, a gente quis trazer uma estética mais ligada à brasilidade: pessoas queimadas de sol, meio que suando um pouco por causa do clima do nordeste, com cabelos bem vivos, com bastante volume… de forma a dar mais realismo à história”, relata Day.

Munido de uma voz grave e interpretação de contornos proféticos, Zé Ramalho marcou época com canções autorais de viés por vezes surrealista, repletas de misticismo e imagens cinematográficas. “Chão de Giz” não foge à regra. Algo enigmática, ela rapidamente se tornou um clássico da MPB e ajudou a consagrar o nome do artista como intérprete e compositor em todo o país, como um dos grandes renovadores da canção nordestina. Regravada pela sua prima distante e amiga, Elba Ramalho, a música voltou a ser sucesso em 1996, tornando-se igualmente obrigatória também em seus shows.

Num país negligente com sua própria memória, a iniciativa da criação do videoclipe para celebrar esta efeméride é das mais felizes, uma forma de jogar luz sobre a carreira desse artista, cuja caminhada rumo ao estrelato, não foi das mais fáceis, desde que largou a faculdade de medicina para viver de música. Mas era uma paixão, diga-se de passagem, que o acompanhava de perto desde os anos 1960, quando descobriu Beatles, a Jovem Guarda e toda a geração roqueira do Festival de Woodstock.

Em meados dos anos 1970, misturou essas referências com suas raízes nordestinas, quando se encantou pelos cordelistas, repentistas e forrozeiros de sua terra, criando o estilo pelo qual se consagrou. Essa fusão de elementos já estava toda em seu LP de estreia. Porém, até gravá-lo, levou muito chá de cadeira e negações de grandes executivos da indústria do disco. Foi o produtor Jairo Pires quem por fim acreditou e valorizou seu som, sacramentando seu contrato com a gravadora, hoje detentora da maior parte do catálogo de sua obra, devidamente disponibilizada nas plataformas de streaming. Assista ao resultado:

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