CRIOLO CELEBRA MILTON NASCIMENTO NO EXCEPCIONAL E IMPACTANTE CLIPE DE “DEZ ANJOS”

“COMPUSEMOS ‘DEZ ANJOS’ PARA MINHA SAUDOSA AMIGA GAL COSTA, SÓ POR ISSO, ESSA CANÇÃO JÁ SE FAZ MUITO ESPECIAL”, DIZ BITUCA
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27.10.2023

Reprodução / Facebook

Na comemoração do aniversário de Milton Nascimento (26 de outubro), Criolo celebra a data e também a amizade com o ícone da música popular brasileira, e disponibiliza o clipe de “Dez Anjos”, composição da dupla, em princípio para Gal Costa, mas que também ganhou sua versão na voz dos cantores.

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“Eu lembro quando ao telefone, Milton muito carinhoso e gentil dividiu a alegria de uma amiga tão amada que lhe pedira uma canção. Eu, já emocionado por ouvir a voz do Milton ao telefone, escutei a frase: ‘Eu confio em você para me entregar um texto e eu transformar em música’, e assim nasceu ‘Dez Anjos’, pedido de Gal Costa ao amigo da vida Milton. Hoje, ver esse vídeo que levou tanto tempo para ser concluído enxergo mais uma vez o tamanho desse telefonema que Milton, de modo mágico, mais uma vez – entre tantas outras, muda minha vida. Que coisa linda”, conta Criolo.

Milton Nascimento também celebrou a parceria: “Eu e Criolo compusemos ‘Dez Anjos’ para minha saudosa amiga Gal Costa. ‘Só’ por isso, essa canção já se faz muito especial. Anos depois, a gravamos juntos, e, agora, ver isso tudo ganhando novos significados através das imagens dessa animação, é mais uma alegria que ganho com essa composição”. A música entrou no projeto “Existe Amor” (2020), um EP com quatro faixas, mas também uma campanha de um fundo solidário para a população em situação de vulnerabilidade social durante a pandemia do Covid-19.

O clipe da colaboração conta com a distribuição da Ingrooves / Virgin Music Group e foi dirigido por Gabriel Bitar, um renomado diretor e artista brasileiro. Bitar, amplamente reconhecido por seu trabalho no aclamado longa-metragem de animação “Tito e os Pássaros”, mostra mais uma vez seu talento excepcional ao criar uma narrativa visual impactante para “Dez Anjos”.

Neste projeto, Gabriel Bitar inovou ao utilizar uma técnica em gesso desenvolvida por ele, elevando ainda mais o valor artístico do videoclipe. Sua visão criativa e habilidade técnica se combinaram para criar uma experiência visual verdadeiramente única, complementando perfeitamente a profundidade emocional da música.

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“Dez Anjos” não é apenas uma canção, é uma jornada emocional que transcende barreiras linguísticas e culturais. Com a união de Criolo e Milton Nascimento, dois ícones da música brasileira, e a genialidade visual de Gabriel Bitar, o videoclipe se destaca como uma obra-prima artística, destinada a tocar os corações de audiências em todo o mundo.

“O filme foi pensado como um desenho gigante, com a câmera conduzindo o espectador em um passeio por essas imagens. Foi um processo de criação bastante artístico, livre, que durou entre idas e vindas, cerca de dois ou três anos e no qual nem sempre sabia exatamente para onde estava indo. Me apoiei muito no que eu sentia em cada cena, nas formas e nas animações mais abstratas, no gesto, na plasticidade dos materiais e principalmente no processo do “fazer”. Comecei com desenhos de carvão, que serviriam como storyboard. Estas primeiras imagens me levaram a experimentar uma técnica de desenho em gesso usando pastel seco, carvão e outros materiais. Ainda na placa de gesso, também trabalhei com desenhos negativos, removendo a tinta com ferramentas de gravura, como goivas e raspadores”, contou Bitar sobre seu processo.

“Comecei a trabalhar nessa animação durante a pandemia e fui desenvolvendo imagens em cima da música e da letra. Naquele tempo foi tudo muito complicado, a letra falava de 10 anjos, mas no Brasil, nesses anos, foram 700 mil mortes por covid. O clima estava pesado devido à necropolítica. Passei por um momento de crise e não consegui trabalhar por alguns meses. Já tinha, logo no início, feito a cena, que tem uma bola de luz pairando sobre a grama. Essa cena é especial para mim. A animação da esfera de luz, como se fosse uma alma subindo para o céu em um curioso movimento câmera, que no começo parece que está indo para trás, mas depois parece ir para frente. Essa cena conduziu meu trabalho no clipe. Todo o resto do clipe existe a partir dessa cena”, pontua o diretor.

“À medida que eu ia produzindo essas e outras experimentações, elas foram me cativando. A busca por uma narrativa mais positiva se tornou uma prioridade. Pensei em mostrar a beleza da floresta antes das queimadas em um paralelo com a vida das pessoas antes de suas tragédias. Então refiz metade do filme. Lembrei-me de uma ilustração de um artista plástico indígena, Feliciano Lana, que havia falecido devido à pandemia. Animei uma de suas obras que representava um mito da região de São Gabriel da Cachoeira, o desenho mostrava um indígena sendo levado por águias pelo céu. Essa imagem se tornou parte do filme. Outras imagens, como a das crianças Yanomami, também foram incorporadas durante a pandemia. O filme tinha a intenção de transmitir e emanar a vida, pensando muito na trajetória do Milton Nascimento. Então algumas coisas ficaram mais suaves, mas também algumas imagens mais fortes sobraram da primeira versão do clipe, talvez por oferecer um contraponto interessante de um tema muito presente nas letras do Criolo nas suas críticas sociais e inclusive com uma temática mais urbana”, finaliza Gabriel. Assista ao resultado:

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