Considere o veganismo – O importante é se respeitar e respeitar o seu corpo

“Sinto meu paladar mudar e minhas preferências alimentares se expandirem”
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05.02.2021

Divulgação / Reprodução

Repensar o meu consumo de carne e, posteriormente, considerar o veganismo, foi um processo que levou um tempo para mim. Tudo começou por volta de 2018 quando eu tive algumas aulas que me fizeram entender os impactos da indústria da carne na vida de todos os seres. Eu ainda estou entendendo e me adaptando por completo, mas digo com tranquilidade que está mudando a minha vida e a minha saúde para melhor.

Primeiro, te convido a entender essa tabela, que mostra os 4 grupos de vegetarianos, incluindo os veganos, para que possa entender melhor do que estamos falando:

Quando a pandemia do coronavírus começou, eu ainda estava na minha transição para ser ovolactovegetariana (não comer nenhum tipo de carne). De qualquer maneira, até aquele momento, eu ainda não tinha pretensão em me tornar vegana, ainda existia certa resistência a esse estilo de vida. Acredito que muitos de nós enxergamos o veganismo como uma coisa muito complicada – quase impossível, eu arrisco dizer. Eu mesma, até pouco tempo, não conseguia ter ideia de como eu viveria um dia sendo vegana. Mas esse pensamento foi sendo desconstruído quando eu conheci e entendi o que chamamos de veganismo popular, e através de diversos perfis e grupos que falam sobre esse veganismo nas redes sociais, pude perceber o quanto esse pensamento é apenas fruto da falta de informação que, infelizmente, atinge muitos de nós. Dessa forma, em um dia sem esforços gigantescos ou mudanças muito bruscas, oficialmente parei o consumo de todo e qualquer tipo de carne e iniciei minha transição para o veganismo. 

Uma coisa que foi e ainda é muito importante na minha transição, são os perfis em redes sociais das pessoas que mostram o veganismo acessível, com receitas fáceis feitas com ingredientes que eu sempre tenho em casa; perfis que mostram que ter hábitos veganos não é uma coisa complexa, muito menos de outro mundo. Um dos primeiros perfis que eu segui foi o Veganismo Simples (@veganismo_simples), criado pela Lisandra Seberino. Vegana desde 2012, Lisandra sempre apostou no simples. Naquela época não era tão comum sites com receitas veganas, então ela foi aprendendo na prática, testando receitas com o que tinha em casa. Em 2017, quando criou o perfil, o intuito era que fosse um livro de receitas, onde encontraria com mais facilidade cada prato – as fotos ajudariam. Naturalmente o perfil foi ganhando bastante seguidores e ficando bem conhecido. Hoje, o Veganismo Simples ajuda muitas pessoas que assim como eu não faziam ideia de como começar essa mudança de hábitos, o que comer ou como preparar. E quando falamos de saúde, Lisandra também sentiu mudanças positivas:

“Eu digo que eu parei de comer carne por causa dos animais, para preservar a vida dos animais, mas com certeza eu ganhei muito na minha vida com isso, porque meus exames melhoraram muito, tipo colesterol, glicose, triglicérides, essas coisas todas. Eu sempre fazia regularmente exames anuais e eu percebi uma diferença muito grande, diminuiu tudo depois de ter parado de comer carne. Melhorou bastante a minha qualidade de vida. De imediato foi a questão de se sentir melhor, mais leve, a digestão parece que é mais rápida. A gente se sente mais disposta pra tudo, pra fazer exercício, pra caminhar… E daí, posteriormente eu percebi melhoras na saúde”, diz Lisandra.

Arroz integral, feijão branco, batata doce, repolho, beterraba, cenoura e couve – @veganismo_simples

Meu corpo também está muito mais disposto, sinto que a qualidade do meu sono melhorou consideravelmente, ainda mais por ter começado essa transição enquanto já estávamos em isolamento social. Nas primeiras semanas a diferença foi muito grande. Mas eu também sinto meu paladar mudar e minhas preferências alimentares se expandirem. E quando eu falo sobre a falta de informação que cerca esse tema, é nesse ponto que quero chegar: muitas vezes retiramos todos os produtos de origem animal da alimentação e em contrapartida, ao invés de ter um cardápio restrito, como imaginamos, passamos a ter uma variedade muito maior de alimentos. Venho refletindo muito sobre como nós ficamos reféns, se assim posso dizer, de alguns ingredientes e dos mesmos modos de preparo, quando na verdade, muitas coisas novas podem ser feitas de maneiras diversas, inclusive aproveitando todas as partes dos alimentos, evitando desperdícios e consumindo conscientemente todos os recursos.

“Eu também já tive esse pensamento de que o vegano é chato, que vegano não come nada, ou pior: que o veganismo tinha aquela comida que eu particularmente não gosto. A maioria das pessoas gosta de um quitute, a maioria das pessoas gosta de um momento descontraído, e eu falei: por que não oferecer essas mesmas coisas que as pessoas carnistas comem, só que numa versão vegana?”, diz Thamara Bogolenta, empreendedora de comida vegana – As Coisas de Mariana. Thamara vem há anos repensando seu consumo de carne e querendo parar de contribuir com essa indústria que é tão cruel com animais e com pessoas também. Sua marca de comida vegana teve início durante a pandemia. Passar tanto tempo em casa, fez com que ela aproveitasse esse momento para fazer algo que sempre gostou muito: cozinhar. Na época ela estava se tornando vegana e aproveitou para cozinhar coisas novas, diferentes e tirar os industrializados da sua alimentação. Ela compartilhava com os amigos em seu perfil pessoal para propagar o veganismo popular também. Não demorou para que sua irmã sugerisse que ela vendesse as comidas que vinha fazendo e ela aceitou.

Hoje As Coisas de Mariana tem um perfil nas redes sociais (@ascoisasdemariana), onde Thamara divulga seus pratos e prova que a gente não precisa parar de comer algumas coisas quando vira vegano. “As Coisas de Mariana oficialmente nasceu no dia 1 de junho de 2020 e hoje, depois de praticamente 6/7 meses, 90% dos meus clientes não são veganos. Nesse recorte dos não veganos, a maioria já é vegetariana, mas muita gente me procura e fala: ‘Eu estou parando de consumir agora. Me ajuda.’ E isso é muito massa, porque justamente você vai desconstruindo essa ideia de que a comida vegana é chata e sem graça”, completa Thamara.

Coxinha vegana – @ascoisasdemariana

Eu considero de extrema importância dizer a satisfação que eu sinto ao conseguir me adaptar a esses novos hábitos, porque esse estilo de vida está muito mais relacionado ao que eu acredito e quero para mim e para os outros. Para mim a grande questão é contribuir o menos possível com uma indústria que explora não apenas os animais, mas o meio ambiente e as pessoas também. Obviamente cada pessoa tem seu tempo e seu corpo. É muito importante se conhecer para saber a melhor maneira de fazer essa transição, se for da sua vontade, e não se punir ou se culpar nas recaídas. São processos individuais, que duram o tempo que for necessário para você. O importante é se respeitar e respeitar o seu corpo. Considere o veganismo.

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