Fundada em 1984, nos Estados Unidos, e presente no Brasil desde 1997, há duas décadas a rede Cinemark mantém a liderança no país, tanto em número de salas de cinema quanto em bilheteria acumulada anualmente. Esse domínio, entretanto, é cada vez mais ameaçado pela Cinépolis, rede mexicana fundada em 1971, e que atua por aqui desde 2010, sempre em forte ritmo de expansão.
Juntas, representam em torno de 30% das mais de 3.500 salas de cinema do país. É o que mostra o informe anual da Agência Nacional do Cinema (Ancine) sobre as salas de exibição, divulgado ainda em 2020, com dados referentes a 2019, e que se encontra disponível no site do Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA), braço da agência responsável pela divulgação de dados e estatísticas do setor.
Embora a pandemia do novo coronavírus tenha paralisado momentaneamente os planos de expansão de ambas as empresas, consolidadas que são, e ao contrário de redes menores, elas não se viram obrigadas a fechar complexos em definitivo por conta da crise, com exceção do Cinemark Boa Vista, em Roraima, cujas salas já foram assumidas pela rede Playarte. Por isso, o cenário apresentado pelo informe da Ancine foi pouco alterado, mesmo às vésperas de uma nova edição ser lançada.
Com mais de 600 salas (633 segundo a Ancine, 640 segundo o site da rede) espalhadas em quase 90 complexos pelo Distrito Federal e mais 16 estados, a Cinemark segue absoluta na liderança do número de salas. Os mais de 41 milhões de ingressos vendidos em 2019 a sustentam, também, no topo do ranking de bilheteria, em que deteve 23,5% do mercado naquele ano – fatia que já chegou a 30,5%, em 2008.
Mesmo operando no Brasil há menos da metade do tempo de sua principal concorrente, já em meados de 2014 – apenas seu quinto ano no país – a Cinépolis assumiu a segunda posição em bilheteria e número de salas, ultrapassando a rede brasileira Kinoplex, pertencente ao tradicional Grupo Severiano Ribeiro. Com quase 23 milhões de ingressos vendidos, os mexicanos fecharam 2019 com 13,5% dos ingressos vendidos no país (seu recorde) e mais de 400 salas (431 pela Ancine, 422 no site da rede), divididas entre quase 60 complexos. Apesar de ainda ter cerca de 200 salas a menos que a líder, a rede mexicana, no entanto, já ocupa mais estados (20 a 17), e se iguala em quantidade de capitais (17 a 17). Em número de municípios, apenas dez as separam, com a Cinemark presente em 51 cidades, enquanto 41 abrigam salas da Cinépolis.
Além disso, dos 14 estados em que ambas atuam, em seis deles o grupo mexicano já possui mais salas que seu concorrente: Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. Por outro lado, a Cinemark ainda domina amplamente os principais estados em volume de ingressos: São Paulo e Rio de Janeiro, onde comanda aproximadamente o dobro de salas em relação à Cinépolis.
AS CHANCHADAS DE HERBERT RICHERS
Em quatro estados, contudo, nenhuma das empresas atua no momento: Acre, Alagoas, Rondônia e Roraima. Qual será a primeira a operar em todas as unidades federativas do país? O caminho para a Cinépolis é mais curto, tendo em vista que restam o Distrito Federal e outros seis estados para que atinja o feito. A Cinemark, por sua vez, precisaria inaugurar salas em dez estados para completar a marca.