Quem nunca criou uma justificativa para abusar da comodidade dos aplicativos de mensagens, que atire a primeira pedra. O cantor, compositor e quadrinista Camilo Solano faz de sua nova canção uma interpretação cândida sobre as histórias inventadas por quem sabe que enviar áudios pode ser inconveniente, mas envia mesmo assim. Em “Desculpa o Áudio”, o músico faz um longo preâmbulo dedicado às alegações que servem apenas para deixar as mensagens ainda mais longas. O single chega junto de um clipe igualmente bem-humorado, já disponível no canal de Youtube do artista, e de uma nova HQ que será lançada na CCXP 2023.
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“Desculpa o Áudio” veio, justamente, do estranhamento diante das constantes justificativas para usar um recurso de comunicação já amplamente difundido. “Estava assistindo a uma live, em determinado momento uma pessoa faz essa piada ‘Desculpa o áudio, mas…’ e foi aí que me liguei o quanto a gente pede desculpa para enviar mensagens de áudio e muitas vezes fica mais se desculpando do que dizendo realmente o que gostaria de falar. Pensei em fazer uma música como se fosse um áudio de WhatsApp onde durante o áudio todo não é dito o que se quer dizer realmente, só o pedido de desculpas. A música é curta para funcionar assim. Foi a mistura de colocar uma poética em algo ordinário do dia de qualquer pessoa. Além de amar áudios por mensagem. Tô aqui defendendo o áudio!”, resume o músico.
O vídeo do novo single cria uma ponte entre os dois mundos de Camilo Solano – o dos quadrinhos e o da música. O clipe dirigido por Jorge Teivelis Neto ganha intervenções de animação do também quadrinista Leo Finocchi, conhecido pela renomada HQ “Hello No!” e por séries animadas como My Little Pony, Historietas Assombradas e Sítio do Picapau Amarelo e que emulou o traço de Solano para a animação.
“A maior diferença de se fazer música e quadrinhos é a mídia mesmo. O lugar onde se pretende levar a ideia. Por isso que essa música fica ainda mais especial, pois ela está em três mídias diferentes. No clipe, no gibi e na música. Os quadrinhos são uma mídia sem som. Solitária. O som está na cabeça da gente, é um momento a sós com você mesmo. Na música pode ser também, mas a possibilidade de ser compartilhada e fazer de muitas pessoas um só ser na mesma vibração, pode acontecer com mais frequência. É tudo muito mágico. Conseguir produzir um videoclipe com direção do Jorge Teivellis e animações do Léo Finocchi, foi a cereja do bolo desse projeto”, comemora.
O single “Desculpa o Áudio” inaugura um novo momento criativo para Camilo Solano. Natural de São Manuel, em São Paulo, ele é um artista que integra com maestria a música e os quadrinhos. Suas publicações incluem “Inspiração – Deixa entrar Sol nesse porão”, que lhe rendeu duas indicações ao Troféu HQ MIX como Novo Talento Desenhista e Novo Talento Roteirista; “Desengano”, cujo prefácio foi escrito por Robert Crumb, o maior autor dos quadrinhos underground dos Estados Unidos, que também é músico e fez a capa do disco “Cheap Thrills”, de Janis Joplin; “Semilunar” (Balão Editorial), que foi finalista do Prêmio Jabuti; “Fio do Vento” (Editora Veneta); e “Temporal” (Maurício de Sousa Produções), ganhador do Troféu HQ MIX. Também publicou “Solzinho”, “Cidade Pequenina” (Pipoca & Nanquim) e, por fim, “Beliscão” (Pipoca & Nanquim).
Também em 2020 e 2021, lançou algumas músicas em suas redes sociais e canal do Youtube, sempre com um tom intimista e sincero. Dessa incursão sonora surgiu “Canções Cansadas”, composições sobre uma ansiedade e esgotamento emocional que se ancoram na arte para seguir em frente. Agora, Camilo Solano está pronto para esse próximo passo.
“Entendi que fazer a transição entre quadrinhos e música era um momento de entender e estabelecer quem sou. Gosto de me comunicar, seja por onde for, na música e nos quadrinhos é onde me sinto melhor fazendo isso. Não quis me limitar e assim, resolvi fazer tudo que daria para fazer com essa nova música que demonstra definitivamente a minha caminhada musical que, ainda assim mantém e muito a minha essência dos quadrinhos”, conclui. “Desculpa o Áudio” é mais uma amostra da versatilidade de Camilo Solano em criar arte a partir dos nossos dilemas mais íntimos. Assista ao resultado:
