Mais uma vez realizado no Teatro Dolby, em Los Angeles (EUA), a 92ª edição do Oscar acontece neste domingo (9), a partir das 22 horas, com transmissão integral do canal TNT e do portal G1. Na Globo, a premiação mais tradicional do cinema entra no ar por volta de meia-noite e meia, após encerramento do pré-olímpico de futebol (possivelmente com flashes no intervalo da partida).
A produção britânica ‘1917’ deve ser a maior vencedora da noite, levando no mínimo quatro estatuetas, incluindo as de filme e direção – para Sam Mendes -, além de fotografia e edição de som. Podendo receber até sete prêmios, caso também prevaleça em desenho de produção, efeitos visuais e mixagem de som.
Vamos às apostas para cada uma das 24 categorias do Oscar 2020:
Filme: a estreia tardia e a ausência em grandes festivais fez ‘1917’ passar despercebido no início desta temporada de premiações. Surgiu de vez com a vitória no Globo de Ouro (drama), no início de janeiro, consolidando-se como favorito ao levar o prêmio do sindicato dos produtores (PGA), semanas depois. Ganhou força extra com o triunfo no Bafta (o “oscar” britânico), domingo passado (2). Seu principal adversário é ‘Parasita’, produção sul-coreana que dominou os prêmios da crítica norte-americana e venceu a principal categoria na premiação do sindicato dos atores (SAG).
Direção: com as vitórias no Globo de Ouro, Critics Choice, DGA (sindicato dos diretores) e Bafta, Sam Mendes (‘1917’) está pronto para levar seu segundo Oscar, 20 anos após triunfar por ‘Beleza Americana’. Será, também, o nono diretor não norte-americano a vencer a categoria nos últimos dez anos.
Atriz: embora Lupita Nyong’o (‘Nós’) tenha vencido a maioria dos prêmios da crítica, sequer foi lembrada pela Academia, abrindo caminho para Renée Zellweger, vencedora no Globo de Ouro, Critics Choice, SAG e Bafta, também garantir seu segundo Oscar, agora como protagonista de ‘Judy: Muito Além do Arco-Íris’ (leia crítica), 16 anos após receber o de coadjuvante por ‘Cold Mountain’.
Ator: trilhando o mesmo caminho vitorioso de Zellweger, Joaquin Phoenix (‘Coringa’) se sobrepôs a Adam Driver (‘História de um Casamento’), favorito da crítica, e já prepara o discurso para seu primeiro Oscar, após ser indicado em outras três oportunidades.
Atriz Coadjuvante: por outro lado, Laura Dern (‘História de um Casamento’) acumula prêmios desde o ínicio da temporada. Em sua terceira indicação, também deve ganhar pela primeira vez na Academia.
Ator Coadjuvante: assim como Dern, Brad Pitt (‘Era Uma Vez…’) igualmente dominou a temporada, tornando-se aposta certa para seu primeiro Oscar como ator, em sua quarta indicação.
Roteiro Original: vencedor no Globo de Ouro e Critics Choice, ‘Era Uma Vez em… Hollywood’ pode dar a Tarantino seu terceiro Oscar na categoria, mas enfrenta dura concorrência com ‘Parasita’, premiado no Bafta e no sindicato dos roteiristas (WGA).
Roteiro Adaptado: outra disputa acirrada. ‘Adoráveis Mulheres’ levou mais prêmios da crítica, além do próprio Critics Choice, mas foi batido por ‘Jojo Rabbit’ tanto no sindicato (WGA) quanto no Bafta. Ambos deixaram para trás ‘O Irlandês’. Favorito inicial em diversas categorias, a produção da Netflix foi perdendo força ao longo da temporada.
Filme Estrangeiro: se há uma certeza na noite, é que ‘Parasita’, avassalador na temporada de premiações, confirmará seu amplo favoritismo nesta categoria, mesmo estando entre ótimos concorrentes. O espanhol ‘Dor e Glória’, de Pedro Almodóvar, e o francês ‘Os Miseráveis’, de Ladj Ly, seriam naturalmente favoritos em outros anos.
Documentário: assim como em 2019, o papa-tudo da temporada ficou de fora do Oscar (‘Won’t You Be My Neighbor’ no ano passado; ‘Apollo 11’ este ano), tornando a categoria um tanto imprevisível. Bancado pela produtora de Michelle e Barack Obama, ‘Indústria Americana’ despontou como favorito imediato. ‘For Sama’, sobre os horrores da guerra civil na Síria, venceu o IDA (maior premiação voltada aos documentários) e o Bafta, tornando-se, em tese, novo favorito. Seu problema é que a Academia não costuma premiar produções com imagens tão fortes como as que apresenta – até mesmo cadáveres de crianças são mostrados -, ou envoltas em climas tão pesados, mesmo caso de ‘The Cave’, que também aborda os conflitos na Síria. Até por essa conjunção de fatores, o brasileiro ‘Democracia em Vertigem’, de Petra Costa, passar a ter mais chances, assim como ‘Honeyland, produção da Macedônia que também concorre a melhor filme internacional.
Documentário em Curta-Metragem: já aqui a questão parece mais definida, com ‘Learning to Skateboard in War Zone’, leve, comovente e protagonizado por crianças sorridentes (o que mais a Academia quer?) assumindo o favoritismo.
Animação: poucos esperavam, mas ‘Toy Story 4’ mais uma vez alcançou a excelência dos episódios anteriores, vencendo a maior parte dos prêmios da crítica e dominando os dos sindicatos. No entanto, sofreu reveses importantes, perdendo o Globo de Ouro para ‘Link Perdido’, e tanto o Bafta quanto o Annie Awards (o “oscar” das animações) para ‘Klaus’, coprodução entre Espanha e Reino Unido que pode impor à Disney/Pixar sua segunda derrota consecutiva na categoria.
Animação em Curta-Metragem: ‘Hair Love’ e ‘Kitbull’ são os favoritos. Ambos trazem os elementos que mais agradam a Academia (baseado em vencedores anteriores): uma história edificante, contada de maneira leve e com desfecho otimista.
Montagem (edição): vencedor no Bafta e em boa parte do circuito da crítica, ‘Ford vs. Ferrari’ larga na frente nessa disputa. Sua principal ameaça é ‘Parasita’, vencedor no sindicato (ACE). Mesmo correndo bem por fora, Thelma Schoonmaker, verdadeira lenda e única entre os concorrentes já indicada outras vezes (venceu três), é a maior esperança para que ‘O Irlandês’ conquiste algum prêmio na noite.
Fotografia: outra grande certeza desta edição é que o extraordinário diretor de fotografia Roger Deakins, em sua 15a indicação, ganhará seu segundo Oscar – desta vez por ‘1917’ -, apenas dois anos após finalmente ter conquistado o prêmio, com ‘Blade Runner 2049’.
Efeitos Visuais: parecia certo que, dessa vez, ‘Vingadores: Ultimato’ enfim daria um Oscar de efeitos visuais para o Universo Cinematográfico Marvel. Mas essa certeza vem diminuindo nas últimas semanas, à medida que ‘1917’, vencedor no Bafta, segue crescendo.
Desenho de Produção (direção de arte): mais uma categoria que aparentava pender definitivamente para um lado (‘Era Uma Vez em… Hollywood’, ainda favorito), mas que, após o Bafta, também passou a sentir a sombra de ‘1917’.
Figurino: com ‘Meu Nome é Dolemite’, principal vencedor durante a temporada, esnobado pela Academia, ‘Adoráveis Mulheres’ deve dar o segundo Oscar à Jacqueline Durran, indicada pela sexta vez e vencedora em 2013, por ‘Anna Karenina’.
Maquiagem & Cabelo: vencedor no sindicato (MHG), Bafta e Critics Choice, os penteados irretocáveis de seu poderoso elenco feminino e a incrível caracterização de John Lithgow como o antigo chefão da Fox News, Roger Ailes, tornam ‘O Escândalo’ o grande favorito.
Trilha Sonora: a islandesa Hildur Guðnadóttir deve garantir a ‘Coringa’ seu primeiro troféu na noite (já que o de melhor ator normalmente é entregue na parte final da cerimônia).
Canção Original: “I’m Gonna Love me Again”, que Elton John compôs para sua cinebiografia, ‘Rocketman’, é a favorita.
Edição de Som e Mixagem de Som: seguindo a tradição de que filmes sobre guerra sempre vencem ao menos uma dessas duas categorias, ‘1917’ é, de fato, o principal candidato a esses prêmios, com ‘Ford vs. Ferrari’ colado em seu vácuo. Em tempo: os mixadores constroem a paisagem sonora, equilibrando música, diálogos e efeitos sonoros, enquanto os editores de som respondem por esses efeitos, criando e/ou determinando qual som corresponderá a cada movimento/objeto.
Curta-Metragem: ‘Brotherhood’, produzido entre Tunísia, Canadá, Catar e Suécia, com luz e enquadramentos precisos, é o que demonstra maior apuro técnico. Sua conclusão pouco esperançosa, no entanto, não o favorece na disputa. ‘Nefta Football Club’, coprodução entre França, Tunísia e Algéria, é hilário e o mais premiado entre os indicados. Já ‘The Neighbor’s Window’ é o único dos candidatos falado em inglês. É, também, o que melhor equilibra comoção e esperança. Fatores que não podem ser ignorados.
OSCAR 2020 (Academy Awards 2020) – Los Angeles, EUA. Domingo, 9/02, a partir das 22h no canal a cabo TNT e portal G1 (na Globo, a partir de 00h30).
O Portal Pepper dedica a cobertura do Oscar 2020 à memória de Rubens Ewald Filho (1945-2019), pioneiro da crítica cinematográfica no Brasil, referência absoluta sobre história e bastidores da premiação mais tradicional da 7ª Arte.