“A PEQUENA KERUAKA”: OBRA NARRA SOBRE A DETERMINAÇÃO DE UMA PEQUENA ICAMIABA PARA SALVAR O MEIO AMBIENTE DAS MEGALÓPOLES

O LIVRO É DE AUTORIA DA ESCITORA THAÍS DE ALMEIDA PRADO COM ILUSTRAÇÕES DA ARTISTA PRISCILA MONTANIA
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03.07.2024

Sebastian Mez

Em uma época em que a preservação do meio ambiente se torna uma preocupação global, “A Pequena Keruaka”, escrito pela artista multifacetada Thaís de Almeida Prado, surge como uma obra que não apenas entretém, mas também inspira reflexão e ação. O livro infantojuvenil, publicado pela Nada Studio Criativo, narra a jornada cativante de uma pequena Icamiaba – povo de mulheres guerreiras que protegem o meio ambiente – para salvar os rios e as florestas das megalópoles no Brasil. 

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Saindo da lagoa Espelho da Lua, região onde ela vive no Norte do Brasil, Keruaka embarca em sua canoa com um caderno feito de casca de árvore vermelha e sua caneta tirada de uma das asas de sua antepassada avó. Seu destino é São Paulo, uma floresta de concreto em que os rios não podem ser vistos porque estão debaixo do asfalto. De forma lúdica, o livro vai mostrando o caminho dessa jovem guerreira, neta de coruja-buraqueira e filha de jaguatirica. No percurso, ela vai se conectando com seres-bichos, seres-árvores, seres-gente, seres-rios e muitos outros tipos de formas de vida que vivem na natureza, mostrando o quanto ela é repleta de mistérios e magias.

A obra “A Pequena Keruaka” é muito mais do que um livro infantojuvenil. É uma jornada de resgate ambiental em forma de diário, com ilustrações belíssimas elaboradas pela artista  Priscila Montania, em que cada detalhe é pensado para se conectar com um público mais jovem. A partir da literatura, a autora aborda temas como a importância de reflorestar megalópoles, a necessidade de construir novos futuros, as relações possíveis com diversas formas de vida e a conectividade com a ancestralidade.

Thaís de Almeida Prado é uma figura multifacetada no cenário cultural brasileiro, destacando-se como escritora, cineasta, roteirista, artista multidisciplinar e atriz. Nascida em Belo Horizonte, Minas Gerais, sua formação acadêmica inclui um bacharelado em Artes Cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), onde também obteve seu título de Mestre em Meios e Processos Audiovisuais (Cinema). Sua carreira é marcada por uma série de conquistas e reconhecimentos, incluindo prêmios por seus trabalhos tanto no cinema quanto no teatro. 

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Como escritora, demonstra uma habilidade excepcional em mesclar ficção com os problemas complexos do mundo contemporâneo, criando assim narrativas lúdicas e envolventes. Sua obra de estreia na literatura infantojuvenil, “A Pequena Keruaka”, é um testemunho de sua dedicação à preservação ambiental e à valorização das culturas indígenas. “Esse livro é fruto de transformação contínua. Dos meus sonhos e desejos enquanto pessoa em uma sociedade que por vezes parece retroceder. É uma tentativa de resistência, mas mais do que isso, é uma tentativa de reflorestamento. Reflorestar mentes e colher esses plantios, num futuro quiçá não tão utópico assim”, afirma. 

Antes de existir o livro, já existia Keruaka. A personagem surgiu para a autora durante a criação do espetáculo “Origem / Destino” (2012), desenvolvido pela Companhia Auto-Retrato. “Até então, Keruaka tinha a minha idade na época. Depois que a peça acabou, vislumbrei iniciar o desenvolvimento de um roteiro para cinema. Fiz um primeiro esboço, e entendi que a Keruaka era um livro e que ela falava para pessoas mais jovens”, explica.

Nesse processo de conexão com a Keruaka literária e infantojuvenil, a autora convidou a artista Priscila Montania para desenvolver as ilustrações que compõem a obra. As duas trabalharam juntas no desenvolvimento do livro durante a pandemia, em 2020, e dois anos depois o projeto foi contemplado pelo Proac/SP. “A Pequena Keruaka” conta também com a consultoria da mestre em Direitos Humanos, Kaianaku Kamayurá, indígena do povo Kamayurá da Terra Indígena do Xingu, em Mato Grosso.

Inspirada nas histórias orais das comunidades tradicionais e em obras como Macunaíma, de Mário de Andrade, “Na Estrada”, de Jack Kerouac, e os relatos do Frei Gaspar de Carvajal sobre as Icamiabas, Thaís escolheu desenvolver a narrativa a partir de um caderno de viagem. “Adoro diários ou cadernos de bordo. Sempre escrevi muito, principalmente quando estava em viagem. São minhas memórias. Ao mesmo tempo, adoro ficcionalizar e assim, ficcionalizar memórias me veio de forma natural”, conta. 

Para a escritora, o livro é apenas uma parte da história desta personagem, que seguirá em sua missão de reflorestar as metrópoles e proteger o meio ambiente. “Tenho desejo em continuar a trajetória de nossa Keruaka por outros caminhos, para onde ela irá agora? E também adaptar ‘A Pequena Keruaka’ para o cinema”, sonha. 82 páginas. R$ 40.  

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