Durante a primeira semana do mês de abril entre os dias 3 a 7 acontece a 15ª Edição da SP-Arte no Pavilhão da Bienal de São Paulo, esse que é tido como o principal festival de arte do hemisfério sul, evento que traz para a capital paulista, artistas, museus, galerias, críticos, colecionadores e entusiastas do mundo todo, movimenta milhões em vendas e oferece uma oportunidade única para o público conhecer produções recentes de artistas já consagrados e novos nomes da arte contemporânea.
Reunindo cerca de 120 galerias de 17 países, fato que demonstra sua importância no cenário artístico nacional, essa edição chega diante de um país politicamente instável, cheio de incertezas no âmbito econômico e que refletem diretamente na esfera social e no pouco engajamento popular, culminando na exacerbação de adversidades como violência, crise na educação, corrupção, fatos que se tornaram notícias corriqueiras e vêem agora refletidos na produção artística.
Pequenos Legados por Bruno Novaes
Elencamos alguns artistas que serão destaque durante o festival por suas obras de caráter político/social, como é o caso do polêmico artista pernambucano Lourival Cuquinha, da Baró Galeria, cuja obra questiona a liberdade do indivíduo frente ao capitalismo, dessa forma indagando as práticas adotadas pelo mercado de arte, com um trabalho transgressor o artista se dispõe de forma provocativa diante dos princípios movidos pelo poder econômico.
Enquanto o artista Beto Swhwafaty, representado pela tradicional Galeria Luisa Strina, evoca um discurso onde memórias e acontecimentos históricos se correlacionam com as recentes crises sociais.
Outro nome de peso é o de Jaime Lauriano (Galeria Leme/AD), que em 2018 participou de importantes mostras, como na Fundação Joaquim Nabuco e no MAC-Niterói, desenvolvendo uma pesquisa relacionada à história do colonialismo na América Latina, o artista ainda estará presente no setor performance com curadoria de Marcos Gallon.
Quando o tema é educação, assunto deliciado perante os últimos acontecimentos de violência em escolas e pronunciamentos controversos por parte de membros do governo, o mais convincente artista é Bruno Novaes, representado pela OMA Galeria, apresenta com notoriedade um trabalho autobiográfico, que faz uma profunda reflexão sobre o sistema educacional, pois durante os anos que trabalhou como arte-educador em escolas públicas e privadas, esteve exposto a diversas problemáticas que o levou a contestar todo um sistema engessado, tradicionalista e castrador.
Carga Viva por Andrey Rossi
O artista ainda abre mostra individual paralelamente ao festival, a partir do dia 2 de abril, no Paço das Artes, dando voz aqueles que foram calados, com uma série de trabalhos que retratam experiências vividas durante os anos que lecionou, onde sofreu com censuras e preconceito por conta de sua sexualidade, culminando na sua demissão.
Aspectos da tragédia também permeiam a obra de Regina Parra que está em exposição na Galeria Millan, onde desenvolve uma pesquisa que atribui performance, vídeo e pintura, onde o corpo da mulher reverbera potência e resistência frente a violência feminina. Seguindo pela ideia de um trabalho mais agressivo, Andrey Rossi, também da jovem OMA Galeria, que foi destaque na última edição do festival, exibe em suas pinturas, caixas claustrofóbicas que enclausuram pessoas, aludindo uma forma simbólica de opressão de uma sociedade inconsequente, Rossi alude a decadência de uma sociedade doente e violenta.
A partir desses exemplos podemos, portanto, observar que essa edição da SP-Arte promete trazer ao espectador um discurso crítico que extrapola o frisson comercial, reiterando que as feridas da sociedade continuam expostas.
SERVIÇO
15ª edição do festival SP-Art
Onde: Pavilhão da Bienal de São Paulo
Endereço: Avenida Pedro Álvares Cabral, portão 3, Ibirapuera – SP
Quando: 3 a 7 de abril
Horário: quinta, sexta e sábado das 13h às 21h – domingo das 11h às 19h
Quanto: R$ 50