O culto vulgar da Bíblia como um livro sagrado e onde estão todas as verdades do mundo, estabelecidas por um Deus supremo e inquestionável, provocou sentimentos negativos referentes à mulher. Como pregar o estupro, o linchamento e o assassinato por adultério sem punição. Tem sido assim há milhares de anos. O mais grave foi criar a imagem da pecadora.
A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA É UMA DAS MAIORES DORES QUE TORTURA O MUNDO
Os primeiros estudos analíticos dos textos sagrados apresentam certa indiferença à condição feminina, como se a mulher não tivesse importância alguma. Depois, existe uma espécie de fingimento e alienação sobre o tema: os textos que infamam a mulher passaram a ser meramente “simbólicos”, como se os símbolos nascessem do nada, sem relação com o social, a vida.
Na obra “A Bastarda de Deus – A Bíblia e a Cultura da Violência Contra a Mulher”, da Editora Noir, volume inédito e que consumiu doze anos de trabalho, Júlio Chiavenato, o autor do best-seller “Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai” – o livro que revoltou os militares durante a ditadura – faz um mergulho nos textos bíblicos a partir de várias traduções e religiões para tratar com profundidade sobre a cultura do ódio pregado contra a mulher. Ele destaca a visão misógina de filósofos, santos, papas e teólogos sobre a condição feminina, a priori considerada a porta do “pecado” e a “desgraça” dos homens. Longe de ser uma obra anti-religião, é um trabalho meticuloso sobre um tema dos mais atuais: o combate à praga secular do feminicídio.
ALBERT CAMUS: O AMOR EM TEMPOS OBSCUROS
Uma abordagem corajosa, provocadora, contundente e que todas as mulheres estão convidadas a ler. 256 páginas. R$54,90.