A cantora, compositora e instrumentista Ana Cacimba apresenta “Luminosa – Ato 1: Lua”, projeto que marca seus 10 anos de carreira. O trabalho inaugura uma obra pensada em dois atos, “Lua” e “Sol”, concebidos como metáforas de diferentes formas de luminosidade. A “Lua”, associada ao mistério, à intuição e à espiritualidade, abre a narrativa, enquanto o “Sol”, previsto para ser lançado na sequência, representará a energia expansiva e a realização.
“OYÁ”, NOVA CANÇÃO DE ANA CACIMBA, CARREGA A ENERGIA INDOMÁVEL DA SENHORA DOS VENTOS E TEMPESTADES
O primeiro ato reúne canções autorais e tradicionais ligadas à fé da artista. O fio condutor é a música popular brasileira atravessada pela afrorreligiosidade, que se expande em diálogo entre ancestralidade e contemporaneidade. Nesse percurso, a sonoridade transita por samba rock, samba, pop, afrobeat, kuduro e música caipira inspirada nas congadas do Rosário do Vale do Jequitinhonha, sempre com a presença marcante do asalato, instrumento que remete às raízes da cantora.

“O nome ‘Luminosa’ veio até mim como uma ideia de falar sobre autoestima, sobre valorizar o próprio brilho, pessoal e espiritual, diante de um mundo que nos faz exigir cada vez mais de nós mesmos”, explica Ana. “Metade de mim é o que creio e a outra metade é o que eu sinto – e esse disco traduz exatamente isso, em dois atos complementares, Lua e Sol”.
O disco abre com “Exu”, uma poesia autoral em forma de reza, e segue com “Padê Onã”, ambas com participação de Alessandra Leão, um ponto de força que guiou a artista em momentos decisivos de sua vida. “‘Padê Onã’ é uma música muito importante durante a minha vida. Foi uma canção que me deu forças em momentos complicados, que eu usava para ninar meu filho no puerpério e que sempre me ajudava a me conectar com a força de Exu. Ter a participação da Alessandra foi extremamente especial, porque ela é uma inspiração gigante para o meu trabalho”, conta.

A espiritualidade atravessa o repertório em diferentes camadas: “Pombagira/Dona da Casa/Maria Mariá” exalta o sagrado feminino, enquanto “Oyá” conecta a força dos ventos ao kuduro angolano. Em reverência às yabás das águas surgem “Ponto de Oxum” e “Canto de Iemanjá”. O álbum também revisita tradições em “Preto Velho”, “O Sino da Igrejinha” e “Se Meu Pai é Ogum”, além de se aprofundar nas memórias quilombolas da família da artista ao celebrar Oxóssi, Oxalá e Xangô.
A produção musical é assinada pelos hitmakers Los Brasileros e por Dmax, e o lançamento chega acompanhado de um visualizer (assista abaixo) para “Exu (Padê Onã)”, dirigido por Gabriel Sorriso, com imagens registradas durante a gravação da faixa no estúdio Head Media. A identidade visual do projeto também tem papel central: a capa traz a Lua como personagem, representando o arquétipo do mistério e do intuitivo, em conceito concebido por Ana e desenvolvido em parceria com uma equipe feminina, incluindo direção de arte de Flora Negri, maquiagem de Larissa Liss e figurino de Geórgia Feola.
O segundo ato, intitulado “Sol”, será lançado posteriormente, trazendo o lado expansivo da obra, focado na realização e na vivência intensa. Se a “Lua” explora introspecção, fé e espiritualidade, o Sol refletirá experiências cotidianas, alegria e a energia do convívio com o mundo exterior. “A mensagem do disco é mostrar a riqueza cultural da afro-brasilidade e, principalmente, da afrorreligiosidade brasileira, que, apesar de muitos não aceitarem, tem raízes profundas em vários ritmos da nossa música popular”.
FAIXA A FAIXA, POR ANA CACIMBA:
1 – Exu
Exu é a abertura do disco, uma poesia autoral em forma de reza para o guardião dos caminhos. A faixa tem a participação de Alessandra Leão entoando uma cantiga tradicional de candomblé.
2 – Padê Onã
Essa é a faixa-foco do disco, “Padê Onã”, canção de Douglas Germano, é uma das músicas preferidas da cantora e conta com participação de Alessandra Leão. “Padê Onã” é uma música muito importante durante a minha vida, que me deu forças em momentos complicados. Era canção que eu ninava meu filho no puerpério e sempre me ajudava a me conectar com a força de Exu. Ter a participação da Alessandra foi extremamente importante porque ela é uma inspiração gigante para o meu trabalho, tanto na cultura popular como na música de terreiro, o que faz esse disco ser muito mais especial.
3 – Pombagira / Dona da Casa / Maria Mariá
Essa música fala sobre a força e sobre o sagrado feminino através do arquétipo da Pombagira, a guardiã, aquela que é sagrada mesmo tendo conhecido o profano, aquela que simboliza tudo o que a sociedade espera de uma mulher: a que fuma, que bebe, a que ri alto, a mulher livre. ‘Pombagira’ inicia com uma poesia que é uma reza pessoal da artista e continua com duas cantigas tradicionais afro-religiosas, com uma sonoridade potente e cativante.
4 – Oyá
“Oyá” é uma música que carrega a energia da rainha dos ventos e tempestades, um afropop com influência do kuduro angolano, fazendo uma conexão com a cultura afro-brasileira e africana.
5 – Ponto de Oxum
“Ponto de Oxum” apresenta uma cantiga tradicional de umbanda para a Yabá das Águas Doces, juntamente com uma parte autoral da artista como forma de saudar a sua mãe de cabeça, aquela que governa seu Ori. A sonoridade da canção revela o doce mistério da rainha das cachoeiras, com arranjo de piano e presença marcante do asalato.
6 – Canto de Iemanjá
A canção apresenta uma cantiga tradicional para a rainha do mar, com sonoridade que lembra os cantos de sereia, trazendo o mistério do mar para o single.
7 – Preto Velho
É uma cantiga tradicional de domínio público, interpretada pela artista utilizando o asalato como instrumento principal. A canção é um lamento ancestral que nos faz lembrar daqueles que vieram antes e lutaram para sobreviver.
8 – O Sino da Igrejinha
Cantiga tradicional que já faz parte do samba de macumba, uma forma de homenagear seu tranca-rua, entidade presente nos terreiros afro-religiosos do país.
9 – Se Meu Pai é Ogum
Evoca o orixá da guerra e da vitória em som de samba rock, com referências da música brasileira dos anos 70. A canção é cheia de balanço e ancestralidade.
10 – Oxóssi
É uma música com muita energia, assim como o orixá das matas e da caça. A canção transporta o ouvinte para o coração da mata, evocando sensações de renovada energia e harmonia com a natureza.
11 – Oxalá
Música de Jonathan Silva, “Oxalá” é uma súplica por paz e poesia, uma faixa contagiante que muda o astral de quem ouve.
12 – Xangô
Xangô é uma junção de cantigas de defumação cantadas pelas mulheres da minha família materna, natural de Caitutu do Meio, comunidade quilombola no Vale do Jequitinhonha. Por esse motivo, a música traz referências de música caipira e congada mineira, como forma de continuar as tradições e eternizá-las. Ouça o álbum na íntegra:


