A cena literária brasileira ganha um novo nome para acompanhar de perto. O escritor Alexandre Venancio estreia com o livro “Conjunto Nacional” (Editora Patuá, 2025), uma coletânea de 24 contos que unem lirismo, humor afiado, personagens intensos e uma prosa de grande fôlego narrativo.
“Conjunto Nacional” é resultado de anos de elaboração e experiências pessoais que atravessam a ficção. Como define o próprio autor, trata-se de um livro que levou “a vida inteira, até agora, para ser escrito”. Nos contos, ainda que marcadamente ficcionais, aparecem reflexos de vivências, encontros e transformações. São narrativas que exploram o prazer e a dor, o afeto e a solidão, os dilemas da identidade e as escolhas que definem destinos.
No prefácio, o escritor Paulo Nogueira destaca a força literária da estreia: “Com esta estreia, Alexandre Venancio chega chegando à literatura brasileira, cumprindo à risca a mais indispensável missão da ficção, desde Homero até este preciso segundo: entreter, divertir, comover – com inteligência e, se possível, talento (no caso deste autor, não só é possível como inevitável)”.

Nogueira também sublinha que os 24 contos funcionam como ilhas autônomas, mas conectadas por um fio de intensidade e coesão: personagens recorrentes, como o enigmático “Tio”, transitam de uma narrativa a outra, conferindo à obra a fluidez de um romance fragmentado.
Os contos percorrem diferentes geografias do Brasil a capitais europeias como Paris, Roma, Madri e Lisboa, e dialogam com referências da música, do cinema e da arte, passando por ícones da cultura pop como Madonna e Lady Gaga. Entre os títulos da coletânea estão “O Grande Pintor Contemporâneo”, “A Pequena Morte em Veneza”, “Mano, É o Pajubá!”, “Santa Madonna, Mãe de Todes”, “Que Xou da Xuxa É Esse?” e a “Trilogia do Amor”, dividida em três partes.
Essa pluralidade resulta em histórias que, embora partam de experiências homoafetivas, têm alcance universal. São narrativas que se voltam para dilemas humanos atemporais: o conflito entre prazer e amor, compromisso e liberdade, ética e estética, provincianismo e cosmopolitismo. Com humor mordaz, lirismo e ironia, Alexandre Venancio evita o melodrama e aproxima sua prosa da vitalidade do cinema de Almodóvar, alternando momentos de drama, paródia e comicidade ácida.
Nas palavras de Alexandre Venancio, o livro é quase um “amuleto de culto hedonista”, uma ode à vida menos pesada, menos dogmática, mais aberta à liberdade e ao prazer. “Permita-se” — é o que ele gritaria aos quatro cantos, se pudesse. Mais do que uma coletânea de contos, “Conjunto Nacional” se apresenta como uma declaração literária: a recusa da monotonia e a busca por existências intensas, plenas e cheias de movimento. 328 páginas. R$ 60.