Com o lançamento de “Vermelho Rubro”, Isis Valverde reencontra sua dimensão literária como uma autora sensível, capaz de transformar dores, desilusões amorosas, memórias familiares e inquietações existenciais em poesia sincera, densa, delicada e sempre humana.
Publicada pelo Citadel Grupo Editorial, a coletânea reúne poemas escritos ao longo de cinco anos e é dedicada a Rosalba Nable, mãe da artista, que venceu o câncer de mama após intensas sessões de quimioterapia e radioterapia em 2024.
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Famosa por papéis marcantes na televisão e no cinema, Isis revisita episódios pessoais e reflete sobre laços afetivos por meio de uma escrita direta, e impactante. Cada composição ajuda a formar um mosaico emocional que revela a mãe, a filha, a esposa e, acima de tudo, a mulher real por trás da figura pública exposta aos holofotes.
No prefácio, Nelson Motta descreve a obra como um “compilado de confissões poéticas de uma jovem estrela pop que todos imaginam levar uma vida perfeita de Instagram”. Nessa linha, os poemas desmontam a ilusão da perfeição por trás da fama e conduzem o leitor pelos escombros de uma alma que sangra e floresce.

Com coragem literária, Isis Valverde se desnuda e compartilha sentimentos muitas vezes silenciados. Inseguranças, fracassos, saudades mal resolvidas, mágoas guardadas e desejos não ditos são explorados. Por outro lado, também celebra a felicidade, a liberdade criativa, o empoderamento feminino e a euforia de se permitir sentir plenamente. “Escrevo quando a dor aperta ou quando a alegria transborda”, explica.
Ela faz questão, porém, de esclarecer que o livro não é um espelho fiel de sua vivência ou um diário confessional, mas uma travessia lírica por emoções profundas, fantasias e cicatrizes transformadas em arte. Ao definir a própria escrita como um tipo de realismo fantástico, ela se permite transitar entre a realidade e a ficção.
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O lançamento aborda temas universais como o medo da perda, a solidão que resta após um fim, o anseio por um amor acolhedor, o envelhecimento, as transformações do corpo e da alma. A saudade da infância em Aiuruoca, cidade natal no interior de Minas Gerais, aparece como um refúgio afetivo onde ainda se pode experimentar a leveza de outrora.
Nesse novo compilado de textos, a estrela reforça o hábito de escrever como forma de resgate, como válvula de escape e instrumento terapêutico. Ao se dedicar às palavras, Isis se reconecta com a essência da arte: tocar o outro com o que há de mais verdadeiro. Mesmo nas passagens mais dolorosas, Isis não levanta muros de lamentos, mas constrói pontes de cura.
“Hoje, estou amando como nunca amei antes na vida. Então, acredito ainda mais que atraímos o que emanamos. Minha intensidade vibra de alegria. Infla meu peito. Plantei amor. Reguei com lágrimas. E floresci” – (Vermelho Rubro, pg. 23).
Com título inspirado na intensidade sanguínea que permeia cada página, “Vermelho Rubro” convida à vulnerabilidade, à introspecção e à aceitação da beleza imperfeita. Ao dar voz a sentimentos tão comuns, mas frequentemente calados, Isis Valverde entrega um livro que sangra, sim, mas também pulsa com força vital. R$ 59,90. 128 páginas.