A coleção Clássicos da Literatura Unesp ganha mais um título de destaque: “Babbitt”, romance de Sinclair Lewis marcou época ao revelar as contradições entre o ideal de sucesso e a vida interior de um homem comum. Publicado em 1922, o livro acompanha George F. Babbitt, corretor de imóveis de meia-idade na fictícia Zenith, cidade que simboliza a modernidade urbana dos Estados Unidos. Preso à rotina, ao consumo e ao desejo de aprovação social, ele enfrenta uma crise que o leva a questionar as normas que sustentam sua existência e a sociedade que as impõe.
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“Vivemos hoje no mundo da internet desregulada, dos vários aparelhos que distraem a nossa atenção e do entretenimento permanente, o que tem resultado na produção de uma grande massa de pessoas ignorantes, incultas, supersticiosas, antiintelectualistas, preconceituosas. Os Babbitt de hoje possuem telefones celulares de última geração, pertencem a bolhas ideológicas nas redes sociais, possuem desejos padronizados a partir do trabalho dos algoritmos, vivem relações descartáveis com as pessoas à sua volta, tratam mal seus subordinados e pessoas humildes com quem têm de conviver, sonegam impostos e realizam transações comerciais escusas sem que se pejem de fazer apologia de posturas éticas em seus discursos”, escreve, no posfácio, o tradutor da obra, Adriano de Paula Rabelo.

Ele continua: “Tal como o ‘Babbitt’ de Sinclair Lewis, vivem conformados ao mundo pequeno e tacanho que habitam. Se há alguma esperança, ela está na infelicidade e no vazio permanente que essa mediocridade só pode gerar. E nas escolhas autênticas, humanistas, que os jovens de espírito ainda podem fazer”.
A narrativa de “Babbitt” reflete a experiência e o olhar crítico de Sinclair Lewis, escritor que cresceu em uma pequena cidade do interior de Minnesota e observou de perto o provincianismo e a pressão social que depois retrataria em seus romances. Formado em Yale, trabalhou como jornalista antes de se tornar um dos principais críticos sociais da literatura norte-americana. Ao expor a hipocrisia e o materialismo da classe média, Lewis constrói uma sátira que, mais de um século depois, continua a provocar reflexão sobre os dilemas da vida moderna. Em 1930, seu trabalho foi reconhecido com o Prêmio Nobel de Literatura, tornando-o o primeiro autor nascido nos Estados Unidos a receber essa honraria. 492 páginas. R$ 98.